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Hoje é sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Mariana define diretrizes na Conferência Municipal de Cultura

Evento, realizado pela última vez há 10 anos, também serviu para a eleição dos novos membros do Conselho de Cultura

“A cultura que queremos” foi o tema da III Conferência Municipal de Cultura de Mariana
“A cultura que queremos” foi o tema da III Conferência Municipal de Cultura de Mariana - Foto: Matheus Camargos/Agência Primaz

No último sábado (28 de outubro), aconteceu a 3ª Conferência Municipal de Cultura de Mariana, com o tema “A cultura que queremos”. O evento foi realizado no Centro de Convenções, e contou com a presença de autoridades e de membros da sociedade civil que participam ativamente de setores culturais do município. O momento de abertura teve participação do prefeito Celso Cota; do Secretário de Cultura, Cristiano Vilas Boas; dos vereadores Zezinho Salete (MDB) e Manoel Douglas (PV); e do prefeito de Ouro Preto, Ângelo Oswaldo (PV), que proferiu palestra sobre a história e a herança cultural de Mariana. Ao longo do dia, houve votação para representantes do Conselho Municipal de Cultura; leitura, debate, apresentação e votação das propostas elencadas nas pré-conferências realizadas em outubro, nos distritos; além da eleição dos delegados para representar o município na Conferência Estadual de Cultura.

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Conferência Municipal de Cultura e pré-conferências

Durante o mês de outubro foram realizadas pré-conferências em Furquim, Cachoeira do Brumado, Padre Viegas, Monsenhor Horta, Santa Rita Durão e Passagem de Mariana, com o objetivo de elencar as principais necessidades da classe artística da cidade, que também foram levadas à 3ª Conferência Municipal.

Os subtemas abordados nas discussões das propostas foram “Plano Municipal de Cultura – ações para os próximos 10 anos” e “Democratização do acesso à cultura – participação social e acessibilidade”, pautando-se nos eixos de ampliação, fortalecimento, participação social, mecanismos de fomento, entre outros.

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Após um hiato de 10 anos, a Conferência de Cultura voltou a acontecer. Nesta 3ª edição, o diálogo entre sociedade civil e poder público pautou-se na promoção de políticas culturais mais abrangentes e descentralizadoras.

A bordadeira Vera July, representante da Cooperativa Minha Casa, enfatizou a importante ligação entre a cultura e cidadania, destacando a relevância do entendimento da cultura para o desenvolvimento da comunidade local: “Uma questão que me veio ao final da Conferência é a importância da gente compreender bem o nosso papel, não só dentro da cultura, mas como cidadão. E nesse sentido, eu acho que a gente precisa, para defender a cultura, para fazer parte da cultura, que a gente conheça a extensão desse nome que quer dizer cultura. E, a partir disso, procurarmos informações, parcerias, entendimento, para que a gente entenda o grande significado da cultura na vida do cidadão”. Além disso, Joly sugeriu que os conselheiros eleitos busquem conhecimento e capacitação.

Mesa composta por alguns conselheiros eleitos e por representantes da Secretaria de Cultura
Mesa composta por alguns conselheiros eleitos e por representantes da Secretaria de Cultura - Foto: Matheus Camargos/Agência Primaz

Eleição dos membros do Conselho Municipal de Políticas de Cultura

Após o momento de abertura e palestra, aconteceu a votação dos representantes, no Conselho Municipal de Cultura, das áreas de artes cênicas, artes visuais, literatura e pesquisa, artesanato e produtos caseiros, corporações musicais, cultura popular, música. Também integram o conselho representantes da área do comércio/indústria, indicado pela Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Mariana (ACIAM) e da Federação das Associações de Moradores de Mariana (FEAMMA.

Ingrid Ribeiro Serra, eleita titular da área de artes cênicas, nasceu e foi criada em Mariana, no bairro Santo Antônio, e se apaixonou pelas áreas de produção de eventos, dança e teatro, graças à cultura latente da comunidade de onde veio. “Uma comunidade que eferve arte. Cresci e me tornei uma versão melhor de mim graças a tudo que vivi lá e tudo o que a arte me trouxe de lá”, declarou.

A representante afirmou sua felicidade em fazer parte do conselho, representando uma numerosa comunidade. “Hoje, ‘pra’ mim, estar no conselho é uma alegria muito grande, porque não é uma coisa que eu quis sozinha, foi muito também pela comunidade, pelas pessoas que estão ao meu redor, pelas pessoas que acompanham meu trabalho. Fico feliz de estar representando um grupo grande de pessoas”, finalizou.

Integrantes do Conselho Municipal de Cultura

Música, coral e orquestra:

Tobias Cassimiro Gonçalves (Titular) e Ariuna Rama da Silva Moreira (Suplente)

Música em geral:

Joviano Gonçalves (Titular) e Wesley Santos Procópio (Suplente)

Artesanato:

Maria Zélia (Titular) e Vera Lúcia Dias Duarte (Suplente)

Artes Cênicas:

Ingrid Ribeiro Serra (Titular) e Marina Albergaria Soares (Suplente)

Literatura e Pesquisa:

Ana Cláudia Rôla Santos (Titular) e Jailda de Freitas Silva (Suplente)

Cultura Popular:

Darlan Malta (Titular) e Aida Anacleto (Suplente)

Artes Visuais:

Raede D´Ângelo (Titular) e Luciana (Suplente)

ACIAM:

Gisele Alves (Titular)

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Apresentação e votação das propostas

Após o retorno do almoço, os participantes da III Conferência Municipal de Cultura foram divididos em cinco grupos para discutir os oitos eixos que dividiram as quase 70 demandas levantadas nas pré-conferências. Os grupos foram responsáveis por discutir as questões levantadas nos distritos e propor novas reivindicações.

Após a divisão e discussão nos grupos, foram aprovadas todas as 68 propostas dos distritos, entre elas, o uso do espaço cultural Céu das Artes, de Padre Viegas, que está sendo utilizado como centro educacional. A proposta pede que o espaço seja usufruído para a finalidade que foi criado, servindo como um local de cultura para a população.

Diversas propostas foram incrementadas pelos grupos como parte das propostas da III Conferência Municipal de Cultura de Mariana, entre elas, a elaboração de editais de cultura de todas as áreas para a efetivação dos trabalhadores, além da criação de um centro de atendimento cultural para atender todas as questões que competem a pasta de forma ampla e descentralizada da Secretaria de Cultura.

Também foi apontada a necessidade de revitalização e instrumentalização das estruturas do Cine Teatro de Mariana, da Biblioteca Municipal e do Arquivo Municipal, de forma que os espaços sejam recuperados e utilizados com a finalidade para a qual foram criados.

Apresentação, discussão e debate das propostas na Conferência Municipal de Cultura
Apresentação, discussão e debate das propostas – Foto: Matheus Camargos/Agência Primaz

O jovem Aquiles, cantor de hip-hop e integrante do Movimento TT1, um projeto artístico de rua que enxerga a arte como uma ferramenta de transformação social, falou à Agência Primaz sobre a relevância do evento para os promotores de cultura, que buscam do Poder Público um comprometimento maior com a valorização da cultura marianense. “Esse é o local que eu sinto que a gente tem uma oportunidade maior de se organizar politicamente e reivindicar algumas coisas. É um espaço de luta, de disputa de narrativas e de coisas que vamos requerer para a gente”, destacou.

No entanto, apesar do evento ser aberto ao público, Aquiles criticou a maneira como as discussões ocorrem, percebendo uma linguagem “elitizada” que, em sua visão, exclui alguns grupos no debate. “Muitas vezes a linguagem usada aqui [na Conferência] é uma linguagem elitista. Então, acaba havendo uma separação. Mesmo você tendo a oportunidade de participar do debate, você não entende algum assunto devido a linguagem”, observou o artista.

Carta de Repúdio

Ao final das discussões, alguns membros do Conselho apresentaram uma carta de repúdio em relação à apresentação do Zé Pereira, que foi acompanhada por uma banda militar. De acordo com esses membros, uma manifestação militar não deveria ter espaço em uma Conferência de Cultura, levando em conta o passado histórico do militarismo no Brasil.

Cristiano Vilas Boas explicou que a apresentação era do Zé Pereira e a banda militar foi para acompanhar: “A gente convidou o Zé Pereira, só que o Zé Pereira precisa de uma banda para fazer a charanga. Foi o Zé Pereira que convidou a banda para acompanhar, mas não teve nada de convite para a Guarda, só para vocês entenderem. O convite foi só para o Zé Pereira”, declarou o vice-prefeito e secretário de Patrimônio Histórico, Cultura, Turismo e Lazer.

Mesmo assim, a carta foi aprovada pela maioria dos presentes e foi incluída na ata do evento.

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