- Mariana
Museu de Mariana recebe Conceição Evaristo e Leila Maria
Bate-papo musical com a escritora e a cantora conduzido pelo Professor Júlio Diniz
- Beatriz Araujo de Oliveira
- Supervisão: Luiz Loureiro
Nessa terça-feira (05), às 20h, o Museu de Mariana teve seu jardim lotado pelo público que esperava pelas convidadas da noite, Conceição Evaristo e Leila Maria. Júlio Diniz, professor da PUC Rio, mediou a conversa, que também contou com a participação do musicista Fernando Costa. O encontro da escritora, do professor e dos dois músicos faz parte do programa “Sílabas e sons”, patrocinado pelos institutos Cultural Vale, Cultural Aurum, pela Prefeitura de Mariana e pelo Governo Federal, via Lei Rouanet.
O bate-papo musical foi iniciado com uma performance da cantora carioca Leila Maria, cantando “A Night In Tunisia” (composta por Dizzy Gillespie, Frank Paparelli e Raymond Leveen); “Miss Celie’s Blues”, também conhecida como “Sister” (música de Quincy Jones, Rod Temperton e Lionel Richie), e “Summertime” (composta por George Gershwin, com letra de DuBose Heyward), todas acompanhadas por Fernando Costa ao teclado.
Ao apresentar o musicista, Júlio Diniz afirma que “Fernando Costa é um pianista que não enxerga com os olhos, mas enxerga com os dedos e com a alma”. Já ao final da apresentação, Conceição Evaristo declarou que “a música e a dança, são a alma das artes”.
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Conceição Evaristo
Após as músicas, a renomada escritora, o anfitrião, a cantora e o pianista refletem sobre o impacto da arte e da música na vida de cada um e na sociedade. Em entrevista para a Agência Primaz, quando questionada sobre o que é a arte, Leila afirmou que “é a vida, ‘pra’ mim, é a minha vida. Se não fosse isso, eu não seria simplesmente, se eu não fosse cantora, eu não seria. Eu sou porque eu canto”.
Por sua vez, Conceição Evaristo disse: “Eu acho que a arte é justamente esse lugar que propicia esse encontro com o outro”.
Respondendo a questionamentos de Júlio Diniz, Evaristo falou sobre sua trajetória, desde a infância, na capital de Minas; de sua passagem por Ouro Preto; da mudança para o Rio de Janeiro com o objetivo de estudar, destacando como a escrita esteve presente em todas essas etapas. Ela afirmou que escrever parte do ato de observar os outros e que, ao mesmo tempo que era uma forma de escapar da realidade, sua escrita também refletia sobre seu próprio cotidiano e seus pensamentos.
“A minha escrita é profundamente contaminada pela minha experiência de mulher negra na sociedade brasileira. […] A escrevivência vem de um processo histórico e de uma relação ancestral com o nosso passado. Escrevivência seria uma escrita que busca apagar essa imagem, a imagem das mulheres dentro da ‘casa grande’, das mães pretas que a própria dicção dessa mulher era uma dicção que cumpria um papel no quadro da escravatura”, declarou a escritora.
Despedida do Sílabas e Sons em 2023
Ao final do bate-papo musical, encerrando a temporada do projeto Sílabas e Sons no Museu de Mariana este ano, Conceição Evaristo fez a leitura de um dos seus poemas mais famosos, “Da calma e do silêncio”, e Leila Maria finalizou o evento com mais três canções: “Zumbi” (de Jorge Ben Jor), “Minha Voz, Minha Vida” (de Caetano Veloso) e “A voz do morro” (de Zé Keti).
Após descer do palco, Leila Maria se dispôs a tirar fotos com pessoas que a admiram e Conceição Evaristo concedeu sessão de autógrafos, diante de uma enorme fila de pessoas que adquiriram os livros da autora, disponibilizados na bilheteria do Museu de Mariana.
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