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Hoje é sexta-feira, 22 de novembro de 2024

A bestialidade humana e o mito de Sísifo

“Ouvistes o que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus”. (Mateus 5:43,44)

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Representação do mito de Sísifo

Infelizmente, vivemos em um mundo caótico, onde o ser humano dominou a terra, os mares e os ares, construiu edificações e estruturas magníficas e grandiosas, inventou tecnologias de ponta nunca antes imagináveis, conquistou o espaço e chegou até outros planetas, no entanto, continua, de forma estúpida, se autodestruindo em um círculo vicioso que parece nunca ter fim!

O mundo está em guerra! A Rússia invade a Ucrânia, sacrificando milhares de inocentes! O Oriente Médio pega fogo com a bomba atômica rondando a sua volta na iminência de explodir, com o risco de gerar uma enorme catástrofe por toda a terra!  

O meio ambiente grita agonizante por socorro! A temperatura da terra se eleva de forma alarmante, geleiras glaciais começam a se derreter como uma pedra de gelo exposta ao sol, furacões destroem cidades inteiras! Em uma parte do planeta, tempestades e alagamentos tomam conta das cidades, em outras, uma seca terrível esvazia os rios, destruindo toda a biota, como a dizer para os homens que são um bando de idiotas! E assim caminha a humanidade!

A milenar sabedoria grega, com sua mitologia, nos traz uma grande oportunidade de reflexão com o Mito de Sísifo, através de um Ensaio criado pelo filósofo francês Albert Camus, em 1942, nos primórdios da segunda guerra mundial. Portanto, vejamos.

Conta a história que Sísifo era rei da Tessália e de Enarete, que mais tarde veio a chamar-se Corinto e tinha a reputação de ser o mais habilidoso e esperto de todos os homens, a tal ponto de conseguir enganar os deuses de forma ardilosa, com a permissão para voltar à terra após a sua morte. Seu comportamento enganoso despertou a ira de Zeus, a divindade suprema na religiosidade dos gregos antigos, que o condenou a um duro e cruel castigo, pior do que a morte! Sísifo foi, então, condenado para todo o sempre a rolar diariamente uma enorme pedra até o topo de uma montanha. Ao chegar no cume, o peso e o cansaço causados pelo extenuante trabalho fariam a pedra rolar novamente até ao pé da montanha e ele deveria obrigatoriamente começar tudo de novo! Tamanho castigo teria que ser sempre repetido através da eternidade!

Então, não seria o Mito de Sísifo aplicável à nossa realidade? Prédios colossais e cidades inteiras são construídos, destruídos, reconstruídos e depois destruídos novamente, em um vai e vem sem fim!  A população mundial aumenta e de repente inventa-se uma guerra estúpida onde morrem milhares de seres inocentes. Logo depois vem um “Baby Boom” e começa tudo de novo!

Até quando vamos continuar construindo, destruindo e reconstruindo em um círculo vicioso que não tem fim? Até quando vamos brincar de inventar armas e bombas atômicas cada vez mais modernas e letais para destruir o que construímos e, covardemente, eliminar a vida de milhares de seres humanos inocentes, ao mesmo tempo que inventamos medicamentos e vacinas para evitar doenças e prorrogar a vida humana.

Teilhard de Chardin (1881-1985) padre jesuíta, teólogo, filósofo e paleontólogo francês afirmava que um dia, depois de dominarmos os ventos, as marés e a gravidade, dominaríamos a energia do amor e pela segunda vez na história do mundo, a humanidade teria descoberto o fogo. Sinceramente, fico me perguntando quando chegará esse dia! …

Quem tem ouvidos, que ouça!

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Júlio César Vasconcelos, Mestre em Ciências da Educação, Professor Universitário, Coach, Escritor e Sócio-Proprietário da Cesarius Gestão de Pessoas
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