- Mariana
“Sílabas e Sons” traz a atriz e escritora Maria Ribeiro
Mediada por Júlio Diniz, a conversa tratou sobre feminismo, maternidade, carreira e vida da artista
Na noite dessa terça-feira (30), um grande público se reuniu no Museu de Mariana para prestigiar o segundo encontro do projeto “Sílabas e Sons” em 2024, dessa vez com a convidada Maria Ribeiro, atriz, escritora e documentarista. A conversa, mediada pelo curador e professor da PUC Rio, Júlio Diniz, compreendeu temas da vida pessoal e profissional da artista, destacando sua trajetória na dramaturgia, literatura e jornalismo. O bate-papo descontraído também abordou discussões importantes sobre feminismo e maternidade.
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Sílabas e Sons com Maria Ribeiro
O bate-papo com a atriz Maria Ribeiro desmembrou a carreira e a vida pessoal da artista, que começou sua trajetória profissional no teatro, ainda jovem. Nascida no Rio de Janeiro, filha de pais divorciados, a artista disse ter sempre sentido uma agonia, uma anarquia que a levou para a arte de uma forma muito natural.
Maria contou que, ainda criança, durante uma aula, a professora escreveu alguns poemas no quadro, entre eles, de Carlos Drummond e Manuel Bandeira. Nesse momento, lendo os versos, ela percebeu que pertencia a essas manifestações dotadas de sentimentos, incômodos e angústias.
A artista coleciona uma carreira que transita entre a dramaturgia, a literatura e o jornalismo. Sua primeira novela foi “História de amor”, de Manuel Carlos, mas também emplacou outros sucessos na televisão como em “A padroeira” e “Império”. No cinema, participou do sucesso de bilheteria “Tropa de Elite”, filme em que ela diz perceber uma tendência de atrair um público mais masculino e conter personagens femininas que são abafadas na trama.
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Ainda sobre sua relação com o cinema, considera “Como nossos pais”, drama de 2017, escrito e dirigido por Laís Bodanzky, como um de seus maiores orgulhos, um marco na sua relação com o feminismo, resultando em sua premiação como Melhor Atriz no Festival de Gramado, realizado no mesmo ano.
No jornalismo, Maria Ribeiro foi uma das apresentadoras do histórico programa “Saia Justa” por 4 anos. Para a atriz, foi uma oportunidade incrível de poder se espelhar em uma de suas artistas favoritas – apresentadora da primeira edição do programa em 2002 – Fernanda Young.
Maria já produziu três documentários: “Los Hermanos – Esse é só o começo do fim da nossa vida” (2015); Domingos (2009) e Outubro (2018). Sobre este último, Maria diz ter sido impelida a fazer após não conseguir dormir por semanas, na expectativa e tensão da polaridade que se formava semanas antes das eleições presidenciais de 2018. Na obra, a cineasta faz a relação entre a aflição política do momento e o fim de um casamento.
Na literatura, a multiartista soma algumas obras lançadas. A mais recente é “Tudo que eu sempre quis dizer, mas só consegui escrevendo”, de 2018, que é uma coletânea de cartas para pessoas de sua vida e para ela mesma.
Maria Ribeiro e Júlio Diniz transitaram por uma conversa política, pessoal e artística que destacou a profissional e, ao mesmo tempo, a mãe, filha e mulher que compõem a artista. Ao final da conversa, Maria respondeu alguns questionamentos da plateia, autografou seus livros e tirou fotos com o público presente.
Exposição temporária “Camada por Camada”
Ainda na terça-feira (30) entre a apresentação da programação anual do Museu de Mariana e a edição do “Sílabas e Sons”, aconteceu a exposição “Camada por Camada”, uma parceria entre a fotógrafa brasileira Carol Reis e a bordadeira argentina Valentina Bocchetto.
Quando as duas artistas se conheceram, perceberam algo inusitado: Carol fotografava cebolas e Valentina bordava cebolas e, como resultado, juntaram seus trabalhos nesta exposição, “acreditando que os sentimentos formam camadas, ou se revelam como pétalas que se abrem e não se partem, resolveram tornar a Cebola protagonista destas obras que unem as fotografias da Carol ao movimento das linhas e agulhas da Valentina, artista têxtil”, como se lê no material de divulgação da exposição.
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Na abertura da exposição, Valentina Bocchetto falou sobre a honra que era estar fazendo esta exposição no Museu de Mariana: “Eu sou de outro país, mas eu fico superfeliz, porque eu sinto que sou também parte de vocês, parte da história e hoje quero partilhar a história da Mariana nesse momento, um presente que eu nunca imaginava que ia acontecer na minha vida”.
Projeto Sílabas e Sons
O programa “Sílabas e Sons” foi iniciado em 2022, já recebeu milhares de pessoas e promoveu encontros com renomados artistas e o público, como Zezé Motta, Toni Garrido, Leila Maria, Elisa Lucinda, Jorge Vercillo, entre outros, no Museu Boulieu e, desde o ano passado, também no Museu de Mariana.
Em cada encontro o programa aproxima o público da trajetória de nomes consagrados por meio de um bate-papo descontraído com performances e canções. O programa é um convite para que o público se aproxime da trajetória desses artistas, suas histórias de vida, curiosidades sobre a carreira, revelando suas opiniões e valores, possibilitando o diálogo direto, dinâmico e produtivo com o público.
O programa tem patrocínio master do Instituto Cultural Vale, gestão do Instituto Cultural Aurum e realização do Governo Federal, via Lei Rouanet. E conta com a mediação de Júlio Diniz, pesquisador, ensaísta e professor decano da PUC Rio, tendo como objetivo ampliar a compreensão da trajetória bem-sucedida dos convidados, mostrando ainda o trabalho árduo que acontece por trás dessas carreiras, desmitificando a aura que cerca a profissão de artista.