“Seria muito triste a gente deixar a primeira capital de Minas fora de um trabalho que é piloto no Brasil, representando Minas Gerais”

Kerley Alves: Precisamos falar de política pública nacional de qualificação do Turismo

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Kerley dos Santos Alves, é Doutora em Psicologia pela PUC-MG com estágio na Universitat Autonoma de Barcelona e Mestre em Turismo e Meio Ambiente pelo Centro Universitário de Ciências Gerenciais (UNA). Graduada em Administração Pública pela Universidade Federal de Ouro Preto em Psicologia e Turismo pelo Centro Universitário Newton Paiva. É Professora Adjunta do quadro efetivo da Universidade Federal de Ouro Preto no Programa de Mestrado em Sustentabilidade Socioeconômico Ambiental, com atuação nos temas: Intervenções psicossociais – Turismo, Trabalho, Gênero, Educação, Ambiente, Políticas públicas.

Atualmente coordena a parte regional do projeto Concepção de Referenciais Metodológicos para os Planos Territoriais, Programas e Projetos de Qualificação no Turismo Nacional, programa instituído pela Secretaria Nacional de Desenvolvimento e Competitividade do Turismo, órgão do Ministério do Turismo, em parceria com a Universidade de Brasília – UnB, por meio do Centro de Excelência em Turismo.

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Na Entrevista Primaz desta semana, Kerley Alves fala das perspectivas do turismo pós-pandemia, da receptividade do projeto que ela coordena e da situação atual e futura da governança turística em Mariana.

A gravação foi feita no dia 26 de junho e contou com a participação dos jornalistas Luiz Loureiro, Marcelo Sena, Lui Pereira e da estudante de Jornalismo Mariana Paes.

Confira a seguir algumas declarações de Kerley Alves e acesse a íntegra da entrevista em vídeo, ou somente áudio, nos links abaixo.

Objetivos do projeto

O principal objetivo é trabalhar do ponto de vista territorial. O país foi dividido em 30 rotas estratégicas para o Turismo. Em Minas Gerais temos uma dessas rotas: “Belo Horizonte e Cidades Históricas”, envolvendo 9 municípios. A ideia é trabalhar de forma participativa, criando concepções de referenciais metodológicos para a implantação de projetos que estejam voltados para a qualificação profissional. Um outro ponto é o atendimento da cadeia produtiva do Turismo.

Etapa atual do projeto

Estamos na fase do diagnóstico, para entender quais são as ofertas, nos últimos anos, em termos de qualificação e capacitação, e quais as demandas que cada município tem.

Rotas turísticas estratégicas

Essas rotas compõem roteiros com grupos de cidades com vocação para o turismo e que representam territorialmente o Brasil. Mais especificamente em Minas Gerais, temos Belo Horizonte e as cidades históricas. A ideia inicial é atender às particularidades de cada uma das cidades (Belo Horizonte, Ouro Preto, Mariana, Brumadinho, Congonhas, São João del Rei, Sabará, Diamantina e Tiradentes).

Participação no projeto e presença no Mapa do Turismo do Brasil

É necessário que o município tenha uma governança municipal de turismo atuante: Conselho Municipal de Turismo, o Fundo Municipal de Turismo e participação nas instâncias regionais que, em Minas Gerais, são identificadas pelos circuitos, mais especificamente pelo Circuito do Ouro e Associação das Cidades Históricas de Minas, no caso da Rota Belho Horizonte e Circuitos Históricos.

Atividade turística

As pessoas são, sem dúvida, a parte mais importante da atividade turística. Todo processo de preparação para o meio turístico leva em consideração uma formação para aprimorar habilidades e competências. O diagnóstico, então, tem um enfoque humanístico.

Receptividade ao projeto

É diferente a forma de receptividade nos municípios. Em algumas mais do que nas outras, mas o certo é que toda a comunidade se movimenta em prol da pesquisa. O fato facilitador é a gente buscar quem são as instâncias que dão suporte a essas localidades. E o que é fantástico é que muito do trabalho é feito pela via do voluntariado.

Dificuldades encontradas em Mariana

Mariana é uma cidade de extrema grandeza em termos da atividade turística. Mas eu tive uma certa dificuldade para acessar a gestão pública, a secretaria municipal de Mariana. Se a gestão pública não atendeu aos pedidos, nós buscamos apoio na sociedade civil organizada. Aí montamos um grupo de discussão com pessoas voluntárias que estão em Mariana trabalhando em prol do turismo e entidades como a Câmara, a associação comercial, a OAB, entre outras.

Situação atual de governança turística em Mariana

Em termos documentais Mariana hoje não faz parte do Mapa Turístico do Brasil; eu não consegui validar a informação se a cidade tem ou não um Conselho Municipal de Turismo atuante, mas ainda permanece na Associação das Cidades Históricas e no Circuito do Ouro por conta de sua relevância, de sua riqueza. Não por conta de sua documentação em dia.

Inclusão de Mariana no projeto

O esforço desse grupo [sociedade civil organizada] foi para que eu pudesse entregar essa etapa do relatório incluindo Mariana. Seria muito triste a gente deixar a primeira capital de Minas fora de um trabalho que é piloto no Brasil, representando Minas Gerais.

Potencialidades turísticas de Mariana

Por todo seu contexto histórico e cultural, Mariana tem capilaridade para o turismo cultural, religioso, musical e esportivo, dentre tantos outros. Só que a potencialidade, por si só, não reflete no turismo que aconteça de modo eficaz, responsável e sustentável.

Qual o turismo que a gente quer?

Os moradores dos locais turísticos começam a ter aversão ao tipo de turismo predatório que só retira da comunidade. Estamos buscando o turismo de base comunitária, que pressupõe um ganho para a comunidade, e não o contrário. Um turismo que preserve o patrimônio.

Rua Dom Viçoso, 232 – Centro – Mariana/MG