- Mariana
Repactuação foi palavra de ordem do Dia do Estado de Minas
Solenidade contou com a presença do governador Romeu Zema, ausente nos dois anos anteriores
Como previsto na Constituição de Minas Gerais, a capital do estado foi transferida simbolicamente para Mariana nessa terça-feira (16), em comemoração ao 328º aniversário da cidade. Cumprindo o protocolo, a cerimônia constou da entrega da Medalha do Dia do Estado de Minas Gerais e de discursos que enfatizaram a luta pela repactuação do acordo relacionado à reparação dos danos decorrentes do rompimento da barragem de Fundão. Organizada pelo cerimonial do Governo de Minas Gerais, a solenidade teve um grande aparato de segurança, inibindo a maior presença da população, inclusive na Missa Solene celebrada na Igreja de Nossa Senhora do Carmo, além de uma grande gafe por não ter sido executado o Hino de Mariana.
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Dia do Estado de Minas e repactuação
“Nossa história é resultado do desbravamento de um território. As bandeiras adentraram no interior desconhecido de nossas terras e encontraram, em 16 de julho de 1696, dia de Nossa Senhora do Carmo, um ribeirão cheio de ouro. Assim começa a história de Minas Gerais com arrojo e fé”, afirmou o prefeito de Mariana, Celso Cota, na abertura de seu pronunciamento.
Em seguida, parabenizou os agraciados com a Medalha do Dia do Estado de Minas, afirmando que os “homenageados recebem nosso reconhecimento, pois de alguma forma participam dessa história”.
Em seguida, dando o tom de todos os pronunciamentos na cerimônia, Celso Cota mencionou o rompimento da barragem de Fundão, afirmando que o maior desastre ecológico de nossa história “é uma lição que ainda aguarda aprendizado”, desejando “que a repactuação seja capaz de reestabelecer o equilíbrio social e econômico de nossa gente” e que os danos causados sejam indenizados, mediante uma repactuação justa, luta pela qual tem buscado inserir Mariana, reafirmando que “os desafios são grandes, o momento é delicado, mas nossa disposição em servir não recuou um passo”.
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Presidente do TJMG discursa em nome dos agraciados com a Medalha do Dia do Estado de Minas
O desembargador Luiz Carlos Corrêa Júnior, presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), assim como os demais agraciados, receberam a honraria do Dia de Minas das mãos do governador Romeu Zema, acompanhado pelo prefeito Celso Cota.
Discursando após o chefe do Executivo, o desembargador manifestou sua satisfação pela honra a ele concedida, exaltando o cenário vislumbrado no local da cerimônia. “Ao contemplarmos este magnífico cenário impregnado de história, somos incitados a rememorar as origens de Minas Gerais, que se confundem com o surgimento deste município de Mariana, cidade primaz de Minas que traz a marca do pioneirismo: foi o primeiro núcleo urbano organizado, a primeira vila, a primeira cidade e a primeira capital. Sinto uma honra especial não apenas pelo fato de a honraria homenagear este Estado, mas também por ter sido convidado para falar aqui, hoje, em nome de todas as personalidades que também recebem esta comenda”, afirmou.
E, seguindo a trilha aberta pelo prefeito, Luiz Carlos Corrêa Júnior ressaltou os esforços do Tribunal após o rompimento da barragem, em 2015, quando o Poder Judiciário mineiro se comprometeu a “assumir o seu dever de cuidar daqueles que mais necessitam da atenção estatal, com presteza, atenção e de forma humanizada”.
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Destacando que o Dia de Minas celebra a história do município, Zema fez questão de afirmar que a data também marca significativamente a questão da Justiça para com os atingidos pela barragem de Fundão, mencionando o empenho de seu governo na repactuação em curso.
“Tenho certeza de que compartilhamos o mesmo nó na garganta e a mesma indignação ao lembrar de cada família que perdeu um ente querido naquele fatídico dia 5 de novembro de 2015. Como mineiro, acredito que essa memória, ainda que carregada de tristeza, é nossa maior motivação para exigir Justiça e mudanças concretas”, afirmou Zema.
Ausência do Hino de Mariana e segurança ostensiva no Dia de Minas
Contrariando o protocolo em solenidades comemorativas do Dia do Estado de Minas, a banda da Academia da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), executou o Hino Nacional, cantado pelos presentes e pela Guarda de Honra da PMMG, mas nem por meio mecânico o Hino de Mariana foi tocado, produzindo murmúrios dos assistentes, e reiteradas reclamações à reportagem da Agência Primaz, ao final da cerimônia.
Outro ponto abordado foi o ostensivo aparato de segurança que, no entender do vereador Fernando Sampaio (PSDB), vice-presidente da Câmara Municipal, resulta em baixa participação popular, inclusive na Missa Solene, celebrada pelo Arcebispo Dom Aírton José dos Santos, na igreja de Nossa Senhora do Carmo. “Hoje tinha pouca gente na missa. Nós comentamos isso, porque até o próprio aparato [de segurança] inibe as pessoas católicas de ir à missa de manhã. Aquelas pessoas que tradicionalmente vão à missa de manhã ficam inibidas de ir por causa do aparato. Agora, eu acho que precisa ter um certo cuidado, sim, mas não precisa ser tão exagerado como é”, afirmou o vereador.
Autor de um duro recado a Romeu Zema, em função da ausência do governador na cerimônia realizada em 2023, Sampaio levanta uma questão sobre o interesse do governador estar em Mariana este ano: “O governador veio este ano a Mariana, mas é só sua segunda visita em seis anos de mandato. Aí eu te pergunto, agora ele está enxergando Mariana por quê? Porque tem interesse na repactuação de Mariana para o estado de Minas Gerais, ou ele veio realmente porque reconhece Mariana como a Primaz de Minas. Isso eu gostaria que ele deixasse claro ‘pra’ gente”, questionou o vereador à reportagem da Agência Primaz, após o término da cerimônia.
