- Mariana
Arte, madeira e sustentabilidade foram temas da palestra na EOTM
A iniciativa faz parte do projeto “Conversas Transversais” da Escola de Ofícios Tradicionais de Mariana.
Nesta terça-feira (29), a Escola de Ofícios Tradicionais de Mariana (EOTM) recebeu Alex Barbosa, o Tio Árvore, em mais uma edição do projeto “Conversas Transversais”, com o tema “Raízes Criativas: Arte, madeira e sustentabilidade”. Alex Barbosa é luthier formado pela Associação de Luthiers do Brasil e artista há oito anos. Também desenvolve um trabalho voluntário como professor de Artes Manuais em Madeira para crianças e pessoas com deficiência. Nesta sua passagem pela EOTM, Tio Árvore também vai ministrar o curso “Ressignificando a madeira: arte e sustentabilidade” nesta quinta (31) e sexta-feira (1º), das 18h às 22h. A formação é aberta ao público, mas tem vagas limitadas.
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Arte, madeira e sustentabilidade
A gerente de extensão da EOTM, Ana Amaral, abriu a noite de conversa sobre arte e sustentabilidade explicando sobre a trajetória da Escola até chegar ao conhecimento do trabalho do Tio Árvore. Durante as atividades da turma de carpintaria do último semestre, os alunos foram desafiados a utilizar sobras de madeira para fazer brinquedos que, posteriormente, foram pintados pela turma de pintura da EOTM e doados para as crianças.
Depois de um tempo, em uma palestra sobre o mês das mulheres, a palestrante Anna de Grammont postou sobre o trabalho e marcou o “Tio Árvore”. A partir desse momento a gerente de extensão se apaixonou pelo trabalho de Alex Barbosa e começaram as tratativas para trazê-lo a Mariana.
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Wanda Auxiliadora Pimenta, aluna da EOTM, participou da turma de carpintaria que fez os brinquedos no desafio de sustentabilidade e considera que faz parte da história e trajetória que trouxe o Tio Árvore à Mariana. “Vejo que foi através da nossa intervenção no semestre passado com os brinquedos, que surgiu toda essa rede que fez com que o Tio Árvore chegasse aqui à escola. Eu achei muito interessante e acho que tive uma contribuição”, afirmou.
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Trajetória de tio Árvore como artista utilizando madeira
Tio Árvore compartilhou com o público presente no auditório da EOTM toda sua trajetória até se tornar luthier e artista. Nascido e criado em Atibaia, Alex trabalhou 15 anos como padeiro. Entre várias tentativas de sair da padaria, foi aprovado no curso gratuito para formação de luthier na Associação de Luthiers do Brasil, durante sua formação, se apaixonou pelas possibilidades do trabalho com madeira e começou sua formação enquanto artista, desenvolvendo conhecimentos em marcenaria e dendrologia.
Recebeu o nome “Tio Árvore” de um aluno com deficiência em resposta a seu hábito de dar a cada um dos alunos nome de alguma árvore. Atualmente, Alex trabalha voluntariamente como professor de Artes Manuais em Madeira para crianças e pessoas com deficiência, além de apoiar diversos projetos relacionados à sustentabilidade. Sendo assim, Tio Árvore vive exclusivamente da sua arte, que já foi apresentada em oficinas, palestras, mostras e exposições pelo país inteiro.
“Começamos um projeto em Atibaia pensando no seguinte: será que uma pessoa com autismo, síndrome de Down ou deficiências múltiplas, será que ela conseguiria trabalhar com madeira? Era um ‘será’, porque quando eu pesquisei no Google, eu não vi esse tipo de projeto no Brasil, então não tinha como ter referência se isso funcionaria. Então, eu me sentei com a galera e falei: meu, o que a gente pode fazer é tentar.”, explicou Alex.
Alex Barbosa também explicou sobre o trabalho de sustentabilidade que realiza tanto na sua vida profissional, quanto pessoal. Toda madeira utilizada em seu trabalho trata-se de materiais recolhidos de caçambas, reaproveitados de móveis, instrumentos musicais, paletes e construções que são ressignificados e utilizados em suas artes, tornando cada peça única.
Em sua vida pessoal, o artista também se preocupa muito com a polinização e proteção das abelhas, instruindo os presentes a como criar habitats naturais para esses animais de forma segura e que pode ser feito no quintal de casa, telhado e outras áreas livres.
“São seis anos vivendo do resto, vivendo de imóvel que as pessoas jogam na rua, vivendo de caçamba, vivendo de coisas que pessoas jogam na beira da rua. São seis anos vivendo assim e apoiando projetos, projetos e projetos”, concluiu Alex.
Por fim, a coordenadora operacional, Luciana Lamounier, fechou a conversa relacionando a trajetória do Alex com o trabalho desenvolvido pela Escola de Ofícios: “Eu me identifiquei muito com tudo que ele falou, com tudo que eu vejo aqui na escola, eu não podia deixar de falar isso. Dentro desses anos todos que a gente ‘tá’ aqui, desde agosto de 2019, quantas pessoas passaram por aqui, se dedicaram e daqui foram trabalhar e vivem do que aprenderam aqui? Eu fiquei feliz que tudo que ele falou a gente também replica na escola e eu acho que é muito importante o trabalho que a gente faz”.