A boiada vai passando, mas a caravana não pode parar
- Bernardo Campomizzi Machado (*)
- 11/07/2020
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De baciada, uma massa de notícias falsas, de precarização do trabalho, de esvaziamento de competências de órgãos públicos, de perseguição de servidores, de desregulamentação de políticas, de desmonte do sistema de fiscalização, de promessas falsas, de discursos odiosos, de restrições à participação popular, de estreitos relacionamentos com milicianos e criminosos, uma ideologia de destruição ambiental tomou o poder.
Como se não fosse bastante o fato de que as formas contemporâneas de produção e consumo aumentam excessivamente a geração de resíduos, a maioria deles inservíveis para serem reaproveitados.
E ser estarrecedor o fato de que em pleno século XXI, empresas que fazem buracos, produzem lama e se auto intitulam sustentáveis, matam rios, animais, plantas, gente e culturas, alteram informações ambientais e fazem raso investimento em tecnologias de segurança ambiental.
Acrescido ao fato de que a produção de eucalipto, carvão vegetal e a criação de gado e de grãos para alimentá-lo tem contribuído para a redução de áreas do Cerrado, da Mata Atlântica e da Floresta Amazônica, e consequentemente diminuído a biodiversidade.
Somados à circunstância de que a insegurança alimentar e a produção de alimentos de baixa qualidade aumentam os gastos com o sistema público de saúde.
Aliados à inexistência de ações políticas para a universalização do saneamento básico e acesso à água potável e à falta de visão para a construção de cidades sustentáveis impedindo o crescimento urbano adequado.
E, mais, o racismo ambiental que impõe à sociedade empobrecida moradias precárias e criminaliza a ocupação de propriedades que não cumprem a função socioambiental.
Enquanto destruímos a natureza para viver, a natureza resiste para nos dar condições de sobreviver.
Em nome de uma ideologia perversa, passa boi, passa boiada. As futuras gerações, se existirem, terão uma vida bem pior que a nossa. Precisamos agir. A caravana ambiental não pode parar.
(*) Bernardo Campomizzi Machado é advogado, especialista em Direito Ambiental e Minerário
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