16 DE JULHO: DIA DE MINAS
- Andreia Donadon Leal
- 16/07/2020
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16 de julho é o único dia do ano em que as fadas adormecem nos jardins, segundo a tradição irlandesa. O costume é colocar pequenos travesseiros dentro das flores ou no jardim. No dia seguinte, os travesseiros se transformam em pequenos amuletos impregnados de magia.
Ao olharmos a história da igreja, encontramos também uma página marcada pelos homens de Deus: a história da Ordem dos Carmelitas. A palavra Carmelo significa “jardim”, quando abreviada se diz “carmo”. No cenário bíblico do velho testamento, no século IX antes de Cristo, viveu numa gruta o solidário profeta Elias, em espírito de penitência. Defensor da fé de um só Deus profetizou a futura existência da Virgem Maria. Inspirado na vida de Elias, o Carmelo se tornou local de retiro espiritual de eremitas que buscavam o modelo de perfeição monástica alcançada pelo profeta. A partir de 1237 os carmelitas foram quase expulsos do Monte Carmelo, pois a Palestina vivia sob forte pressão dos muçulmanos. A Ordem do Carmo atravessou uma fase difícil com perseguições e rivalidades até por volta de 1250.
No dia 16 de julho de 1251, Simão teve uma visão da Virgem Maria sentada numa nuvem cercada de anjos, confirmando a proteção celestial. Como símbolo de sua união aos carmelitas, entregou a Stock o Escapulário do Carmo, prometendo salvação a todos que o usassem com fé.
Na Lenda de Nossa Senhora do Carmo, um forte temporal se manifestou, quando os pescadores trabalhavam no mar. Mulheres fizeram fogueira no adro da igreja procurando orientar seus maridos no caminho do regresso. Dos barcos no mar alto, os pescadores viram a luz e a imagem de Nossa Senhora do Carmo. Eles chegaram sãos e salvos. Tudo isto se passou no dia 16 de julho.
Às margens do ribeirão que traspassa a cidade de Mariana, em 1696, nasceu o arraial de Nossa Senhora do Carmo, primeira vila criada na capitania. Em 1745 nomeada por ordem do reino, Mariana. Aqui começa a história de Minas quando bandeirantes paulistas acharam ouro no Ribeirão de Nossa Senhora do Carmo. Se fizermos uma trilogia destes fatos marcados na história da civilização, poderemos dizer que 16 de julho é data de magia, fé e nascimento da Mãe de Minas. Mariana, Matriz Mineira, uma das cidades mais importantes do Circuito do Ouro, presente na Terra dos Inconfidentes e dos grandes poetas que fazem parte da literatura nacional. Mariana faz parte do universo, que faz parte do ser humano, que faz parte dos contos de fada. Além das montanhas, na fala poética de Durão, Cláudio, Alphonsus e poetas de hoje que bradam ou versejam amor incondicional à mãe de Minas Gerais.
As coisas em que mais acredito atualmente são os contos de fadas. O país das fadas não é outra coisa senão o ensolarado senso comum da democracia e tradição. Os supernaturalistas não falam somente sobre a grama, mas sobre as fadas que voam na grama. Por que não citar o universo de fadas para homenagear a Primaz? No país das fadas não falamos de lei, porque não existe injustiça.
Transformemos a CÉLULA MÃE DE MINAS, no paraíso das fadas, em ouro inestimável que deve ser cuidada com desvelo e amor incondicional feito joia rara, raríssima, nesse cosmo que não tem comparação nem preço. VIVA 16 DE JULHO, DIA DA CELLULA MATER: MARIANA/ Pátria amada de Minas!
Mariana
Andreia Donadon Leal
Ouviram das ruas de Mariana
badalos festivos de sinos
macios
puros
divinos
e-ternas
vozes de crianças.
Ouviram da rachadura do céu
sincopada banda do mestre Gegê
canto de anjos
gorjeio uníssono de pintassilgos
sabiás e bem-te-vis.
durão!
cláudio!
alphonsus!
ecos poéticos
inversa canção
zumbidos soprados
v e n t o s declamados
Ouviram das montanhas de minas
No céu
na terra
nas montanhas
no Ribeirão do Carmo
ouviram diversas vozes
em som retumbante
– Mariana/
Cellula Mater de Minas!
Mariana dos nossos corações
Andreia Donadon Leal
Teriam ladeiras nuas cobertas
Depois da vastidão mineradora
Que a luz divina, chama protetora
Dá em compensa pelas mãos libertas
Teriam poemas doces declamados
Porto seguro a se chamar de umbral
Que Dom João Quinto de olhos deslumbrados
Determinou que fosse a capital
Teriam penas pondo à prova a fé
Nas pedras que erigiam casarões
Ouvindo os toques dos sinos da Sé
Teriam tempo pra canções
Saboreando quitandas com café
Na Mariana dos nossos corações
(*) Andreia Donadon Leal é Mestre em Literatura pela UFV e autora de 16 livros; Membro efetivo da Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais e Presidente da ALACIB-Mariana
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