- Minas Gerais
Alta do café e tomate impactam no valor da cesta básica
Dados do Dieese destacam a menor produção de café no Brasil e a demanda internacional como principais fatores de inflação da bebida.
- Gustavo Batista
- Supervisão: Lui Pereira

Segundo dados de fevereiro de 2025, o custo da cesta básica em Belo Horizonte sofreu elevação de 1,18% em relação a janeiro, mas apresentou uma queda de 0,20% quando comparado a fevereiro de 2024. Os dados foram divulgados em nota do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE). Os dados apontam o aumento significativo no preço do café em pó, observado em todos os estados pesquisados e atribui a alta aos baixos estoques, consequência da menor produção de café no Brasil e no Vietnã, e a demanda internacional crescente. Outras variações observadas destacam o aumento no preço do tomate e da carne bovina, que ainda apresenta oscilações, e a diminuição no valor do feijão, batata e arroz.
*** Continua depois da publicidade ***

Dados da Carta do Ibre, análise econômica e mensal publicada pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV), e assinada pelo economista Luiz Guilherme Schymura, apontam que entre os principais motivos pelo aumento no preço da comida, destacam-se: condições climáticas, mudanças no uso da terra, estímulo de exportação de alimentos e redução no ritmo de crescimento da produção, dentre outros. A ministra Simone Tebet, afirmou que os preços dos alimentos devem baixar nos próximos 2 meses.
A cesta básica em 2025 segundo o Dieese
Em fevereiro de 2025, o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica, calculado entre 17 capitais brasileiras, foi estimado em 104 horas e 43 minutos. O número é maior do que quando comparado ao mês anterior, em janeiro, era necessário trabalhar em média 103 horas e 34 minutos para adquirir uma cesta básica. Já em comparação com o mesmo mês no ano passado, em fevereiro de 2024, a jornada média foi de 107 horas e 38 minutos, tendo uma diminuição expressiva nesse período de um ano. Na capital mineira, Belo Horizonte, o trabalhador remunerado pelo salário mínimo de R$1.518,00, precisou trabalhar 105 horas e 13 minutos para adquirir a cesta básica, tempo superior ao do ano passado.
Ver Mais

Silêncios

Vítima de estupro em república espera justiça há quase 2 anos

Entrevista Primaz – Ronan Vaz
Inscreva-se no nosso canal de WhatsApp para receber notificações de publicações da Agência Primaz.
Para o Diário do Comércio, o supervisor técnico do Dieese, Fernando Duarte, destacou o tomate e o café como itens decisivos na elevação da cesta básica em fevereiro. Dentre os treze produtos analisados, quatro apresentaram aumento, com o tomate e o café tendo “altas muito expressivas”. Para efeito de comparação, o pão francês teve um crescimento de 1,37% e a manteiga de 2,74% no valor, enquanto o café em pó aumentou 9,71% e o tomate 24,52%. A partir disso, o supervisor coloca a presença deles como a mais significativa para o aumento da cesta básica em BH.
Durante a entrevista, o supervisor também destacou que esse aumento afeta principalmente a população de baixa renda, que utiliza mais de 50% do rendimento líquido para cobrir o valor. “Quando você pega o custo da cesta básica em Belo Horizonte de R$726,01, um trabalhador que ganha salário mínimo de R$1.518, ele tem disponível uma renda de R$1.404,15”, pontuou.
Aumento no café é internacional
Ainda segundo os dados do Dieese, o preço do café em pó subiu em todas as cidades pesquisadas. A maior alta observada ocorreu em Florianópolis, com um aumento de 23,81%. Em recente entrevista ao podcast Inteligência Ltda, realizada na última sexta-feira (21), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou que o aumento da demanda mundial por café ainda deve gerar um impacto duradouro nos preços, uma vez que a produção “pode levar um tempo” para se ajustar a essas novas demandas.
*** Continua depois da publicidade ***

Questionado pela Agência Primaz, um gerente de supermercado de Mariana, que preferiu não se identificar, comemora o aumento e alta observadas de janeiro a fevereiro, movimento atípico uma vez que como descrito pelo gestor, os meses comumente são marcados por um pico baixo até chegar a época de festas. Ainda sim, apontou o café como a alta mais significativa que o estabelecimento tem enfrentado. “Aqui o que aumentou mais foi o café, né? Não foi só aqui, mas em todo lugar. É um aumento bem elevado mesmo”, detalhou.
Ainda segundo o gerente, as quedas mais significativas nos últimos meses ocorreram em produtos de sacolão como maçã e laranja. Ele afirma que para diminuir os impactos do aumento e repassar o valor integral ao clientes de forma mais lenta, o estabelecimento busca comprar estoques maiores quando há variações exorbitantes no preço “Quando a gente sabe que o item e o produto vai aumentar, a gente já puxa bastante. Faz uma compra grande e a gente vai repassando gradualmente, porque se você repassar de uma vez, o cliente nem leva, né? Assusta “, detalha.
O gestor também pontua um desafio enfrentado quanto ao baixo número de funcionários. Ele afirma que há baixo interesse nas vagas divulgadas e associa a ações das mineradoras e incentivos da prefeitura, que poderiam diminuir o interesse na busca por empregos. Em debates recentes, representantes dos setores produtivos de Minas Gerais se manifestaram contra a Proposta de Emenda a Constituição (PEC), que propõe o fim da escala 6×1. Segundo eles, a medida provocaria uma elevação de despesas das empresas.
Varejo em Minas espera aumento de vendas na páscoa
Segundo a pesquisa “Expectativa do Comércio Varejista – Páscoa 2025”, realizada no mês de março pelo Núcleo de Estudos Econômicos e de Inteligência & Pesquisa da Fecomércio MG, um percentual de 41,7% dos varejistas do setor alimentício mineiro projetam alta nas vendas. A pesquisa ouviu 374 empresas do segmento em cada região de planejamento – Alto Paranaíba, Central, Centro-Oeste, Jequitinhonha-Mucuri, Zona da Mata, Noroeste, Norte, Rio Doce, Sul de Minas e Triângulo. Dentro desses dados, um número de 39,9% dos empresários possuem expectativa de faturamento maior ao registrado na Páscoa do ano passado. Entre os principais motivos para o otimismo, valor afetivo da data, espírito festivo e aquecimento do comércio aparecem em destaque.
Dentre os comerciantes não otimistas com o feriado, o valor alto dos produtos, crise econômica e endividamento do consumidor aparecem como razões da descrença em relação ao aumento de vendas da data.

Em outros estados
Confira os dados do Dieese relativos às outras capitais no mês de fevereiro de 2025:

Imposto zero de alimentos
Durante reunião extraordinária, realizada na quinta-feira, 13 de março, o Comitê Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex), órgão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), decidiu reduzir a zero as tarifas do imposto de importação de 11 alimentos, entre eles: carnes, sardinha, café torrado, café em grão, azeite de oliva, açúcar, óleo de palma, óleo de girassol, milho, massas e biscoitos.
A deliberação faz parte da medida anunciada em março, no Palácio do Planalto, pelo Vice-Presidente e Ministro do MDIC, Geraldo Alckmin, em conjunto com os ministérios da Fazenda, da Agricultura e Pecuária, do Desenvolvimento Agrário, Agricultura Familiar e Casa Civil.
Durante entrevista ao programa Bom Dia, Ministra, produzido pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC), nesta terça-feira (25), a ministra do Planejamento, Orçamento e Gestão, Simone Tebet, afirmou que os preços dos alimentos devem baixar nos próximos 2 meses, com expectativa de uma safra forte.
Segundo a ministra, o governo federal vem tomando medidas que visam a diminuição dos valores exorbitantes. “Ouso dizer que vamos crescer acima das projeções que nós mesmos estamos fazendo, porque teremos uma safra muito forte que vai ajudar no crescimento, na geração de emprego e renda e no barateamento dos alimentos”, afirmou a ministra.
Simone ainda aproveitou o momento para elogiar as medidas implementadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que visam a desburocratizar as regras de concessão de selos para comercialização de alguns produtos, como ovos e mel. Segundo Tebet, a medida permite que produções com selo local possam comercializar para o Brasil todo, mesmo sem o selo nacional, proporcionando valores mais baratos.
