Assertividade em tempos de crise

“Situações difíceis mostram o quão maduros estamos. A crise não altera o caráter, ela o revela” (Rodolfo Abranches)

Os textos publicados na seção “Colunistas” não refletem as posições da Agência Primaz de Comunicação, exceto quando indicados como “editoriais”

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Momentos turbulentos como este que estamos vivendo exigem das pessoas um elevado nível de competências comportamentais para sobreviver em meio à crise, os chamados “soft skills”. Uma destas competências fundamentais em termos de relacionamento interpessoal é a assertividade.

Assertividade é a comunicação direta, aberta, congruente e adequada daquilo que pensamos e sentimos em relação aos outros ou a situações. Os estudiosos do assunto criaram uma escala comportamental que varia do assertivo ao agressivo, passando por um tipo intermediário, o passivo. Um melhor conhecimento deste estudo com aplicações práticas pode nos ajudar a viver de forma mais equilibrada e saudável, portanto vejamos.  

O indivíduo assertivo tem uma visão equalizaria de si mesmo, possui uma autoestima equilibrada e se enxerga tão importante como um cidadão que se preze e não se permite absolutamente passar por cima dos outros para impor de forma abusiva suas ideias. Diante de um conflito, encara com naturalidade o confronto de ideias e mantem-se calmo diante de escárnio, sarcasmo ou críticas ofensivas, confiando em sua habilidade de resolver satisfatoriamente os problemas. Ele procura sempre resolver os problemas sem ficar culpando os outros e diz “sim” ou “não” oportunamente na hora certa e de forma adequada, sem se sentir culpado. Os assertivos, de uma forma geral, são pessoas de fácil convivência, mas não muito aceitos nos meios políticos por que não são chegados a agir de forma incoerente e suspeita simplesmente para agradar as pessoas e conseguir votos.  

Em uma escala intermediárias, por sua vez, o passivo possui baixa autoestima, coloca-se sempre em último lugar e acha que os outros são sempre mais importantes do que ele: “coitadinho de mim” é seu lema preferido. Quando tem que enfrentar alguém sobre determinado problema, sente-se muito constrangido e quando é confrontado com um agressivo, ele é destroçado! Tem uma dificuldade enorme de expressar o que está sentindo ou desejando e, parado em seu canto, adora ficar esperando que os outros descubram e resolvam seus problemas. Detesta confrontos e faz tudo que estiver ao seu alcance para evitá-los e diz “sim”, mesmo sabendo que deve dizer “não” e que o seu “sim” pode trazer consequências nefastas futuras. Quando toma coragem para dizer “não” sente-se culpado por querer sempre agradar os outros. Na sociedade assemelha-se muito aos “analfabetos políticos”, tão genialmente descrito por Bertold Brecht: “não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais”. Grande Brecht!

O oposto do assertivo, o agressivo possui uma autoestima extremada, sempre se julgando mais importante do que os outros e quer sempre estar em primeiro lugar: “primeiro eu, depois os outros” é seu lema principal, mesmo que para isto tenha que passar por cima dos outros. Maquiavelicamente, entende e defende que “o fim justifica os meios”. Ele perde a calma facilmente e parte para a agressão verbal e, no extremo, para a agressão física. Para ele as pessoas não tem importância ou, se tem, são mera e simplesmente meios para conseguir atingir os seus objetivos egocêntricos e espúrios. Paciência não é absolutamente seu ponto forte e adora apontar o dedo indicador para acusar as pessoas, elevando o tom de voz ou usando de olhares ofensivos e sarcasmo para cima dos outros. O agressivo, diz “não” mesmo quando sabe que pode e deve dizer “sim” para não perder o status e a sensação de poder e, quando age assim, fica enfurecido. Por fim, o agressivo adora um púlpito e um microfone e aos berros despeja sua ira para cima dos outros, muitas vezes se travestindo de defensor da lei, da moral e dos bons costumes. Sepulcros caiados! Infelizmente, não é muito difícil encontrá-los por aí, principalmente nos meios políticos …

Na verdade, todo mundo se diz assertivo, mas na prática existe um elevado número de passivos, e agressivos espalhados por aí, contaminando os ambientes. Os passivos, de uma forma geral, se omitem e, com a sua omissão, permitem que os maus fortifiquem sua maldade. Os agressivos, de uma forma geral, se impõem e, com a sua irada e egocêntrica imposição, passam por cima dos outros, da ética e da moral, corrompendo o meio onde estão inseridos. Nos momentos de crise como este que estamos vivendo, despontam com mais força no trabalho, nas reuniões e nos meios sociais, gerando confusão, discórdia e desagregação. Para encontrá-los, basta estar atento, visto que seus próprios pensamentos e atitudes os entregam e estão sempre presentes na nossa sociedade.

Que surjam e cresçam mais pessoas assertivas, altruístas e solidárias e que Deus nos livre dos passivos acomodados e dos agressivos exacerbados!

Quem tem ouvidos que ouça!

(*) Júlio César Vasconcelos é Mestre em Ciências da Educação, Professor Universitário, Coach, Escritor e Sócio-Proprietário da Cesarius Gestão de Pessoas

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