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Hoje é terça-feira, 15 de abril de 2025

Região dos Inconfidentes cresce na OBMEP

Olimpíada de Matemática registrou maior número de escolas inscritas para a 1° fase em 2025

Medalhas da OBMEP
A prova da 1ª fase acontece em 3 de junho, em todos os estados – Foto: SEE-MG / Divulgação

Segundo o Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), a 20ª edição da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) atingiu um marco histórico em 2025 contando com 57.222 escolas inscritas em 5.566 municípios. Esse número é o maior registro de participantes da história da competição, reunindo 18,6 milhões de estudantes em uma cobertura de 99,93% das cidades do país. A prova da 1ª fase acontece em 3 de junho, em todos os estados.

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No ano passado, 11 alunos da rede pública de Ouro Preto, Mariana e Itabirito foram medalhistas na premiação, com 63 recebendo menções honrosas. Segundo Wenderson Ferreira, Coordenador Regional do Programa de Iniciação Científica da OBMEP (PIC), programa de estudos realizado anualmente com os ganhadores, o ano de 2024 representou um aumento importante no número de premiados na região dos Inconfidentes. Com os ganhadores e destaques, foi possível a criação de uma turma presencial do programa, em Ouro Preto, fator que não ocorreu em edições anteriores pelo baixo número.

OBMEP e as olimpíadas do conhecimento

Organizada pelo IMPA, com apoio do Ministério da Educação (MEC) e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), a OBMEP é uma competição nacional de matemática para alunos do ensino fundamental e médio, criada em 2005. A premiação pauta como seus objetivos estimular o estudo da matemática, identificar jovens talentos, promover a inclusão social por meio do conhecimento e contribuir para a melhoria da qualidade da educação básica. 

Além da OBMEP, existem várias outras olimpíadas de conhecimento no Brasil. Anualmente, essas competições educativas e pedagógicas ocorrem, ligadas a diferentes áreas do conhecimento e proporcionando aos estudantes a chance de testar e desenvolver habilidades em diversas áreas. Outros exemplos são a Olimpíada Brasileira de Física (OBF), a Olimpíada Brasileira de Química (OBQ), a Olimpíada de Língua Portuguesa e a Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA).

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Iniciativas que estimulam os estudos

Anualmente, alunos medalhistas são convidados a participar do Programa de Iniciação Científica da OBMEP, iniciativa que tem o objetivo de aprofundar seus conhecimentos em matemática e apresentar a esses estudantes o universo da pesquisa científica. Apesar de ser destinado principalmente a alunos do ensino fundamental e médio que conquistaram medalhas de ouro, prata ou bronze, o programa também oferece vagas remanescentes para menções honrosas e alunos pelas escolas.

Durante um ano, os participantes têm a oportunidade de frequentar encontros regulares, que podem ser presenciais ou a distância, nos quais são orientados por professores especializados. Além disso, os alunos recebem uma bolsa no valor R$300,00 do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) como forma de incentivo à participação. 

Material didático de atividade presencial com medalhistas da OBMEP
O Programa de Iniciação Científica da OBMEP (PIC) acontece anualmente com os medalhistas – Foto: Gustavo Batista/Agência Primaz

Wenderson Ferreira é professor no Departamento de Matemática da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e coordenador regional do Programa de Iniciação Científica da OBMEP desde 2015, atuando em diversos municípios nas regiões de Ouro Preto, Conselheiro Lafaiete, Viçosa, Manhuaçu e Dores do Turvo. O professor explica que acredita que a olimpíada tenha grande papel no incentivo ao estudo e na divulgação da matemática entre as escolas.

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Além de coordenador regional do programa, o docente coordena o projeto de extensão Olimpíadas de Matemática na UFOP, junto com o também professor Vinicius Almeida, com o objetivo de divulgar a OBMEP para alunos de escolas da região. Segundo Wenderson, a ideia nasceu após perceberem que Ouro Preto e Mariana nunca tiveram número elevado de medalhistas, quando comparadas a cidades de mesmo porte. “Percebemos que havia um grande desconhecimento das olimpíadas e de suas potencialidades entre as comunidades escolares da região”, pontua.

Apesar de não poder medir a contribuição do projeto, o professor destaca que houve um aumento significativo de estudantes medalhistas em Ouro Preto, comemorando o cenário que possibilitou a criação de uma turma presencial do Programa de Iniciação Científica na cidade. Há alguns anos, o baixo número de medalhistas resultava em optarem por turmas online.

O professor ainda destaca que a questão do financiamento e baixo custeio do programa é um desafio. “Seria muito válido se as prefeituras colaborassem com o transporte dos alunos, por exemplo, para que mais estudantes pudessem ir aos polos presenciais ou encontros regionais”, ponderou. Ele ressalta que o programa não onera as prefeituras com as bolsas dos medalhistas e nem com materiais didáticos. “A contrapartida seria bastante baixa, ainda mais diante dos resultados educacionais e sociais que poderiam ser obtidos”, destacou.

Atividade presencial com medalhistas da OBMEP acontece noICEB/UFOP
Esse ano, as aulas do PIC em Ouro Preto ocorrem presencialmente no Instituto de Ciências Exatas e Biológicas (ICEB) – Foto: Gustavo Batista/Agência Primaz

Incentivos municipais para participação na OBMEP

Procurada pela Agência Primaz, a Secretaria de Educação de Mariana afirma contar com ações em andamento para incentivar e apoiar a participação dos alunos nestas competições, com planos de expandir essas iniciativas de incentivo em 2025, com novas estratégias voltadas ao envolvimento dos alunos.

De acordo com o órgão, são realizadas divulgações em reuniões com diretores e pedagogos sobre as olímpiadas e que as escolas vão receber visitas do professor Wenderson para estimular o engajamento dos estudantes. Apesar de não terem havido alunos medalhistas na OBMEP, na edição do ano passado, a Secretaria destaca que, nos últimos quatro anos, estudantes da rede municipal de ensino têm se destacado em diferentes olimpíadas e eventos acadêmicos, conquistando prêmios e reconhecimento em diversas categorias. Como exemplo de destaque, foi ressaltada a participação de alunos da Escola Municipal de Bento Rodrigues na Olimpíada Nacional em História do Brasil Aberta (ONHB-A) em 2023.

De acordo com a informação encaminhada à Agência Primaz, “seguimos empenhados em fortalecer essas oportunidades para nossos alunos e contamos com o apoio de toda a comunidade escolar para alcançar ainda mais conquistas”.

Alunos de Mariana com participação em olimpiada de história
Alunos das escolas de Bento Rodrigues, Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida e Adjetivo foram medalhistas na 3ª edição da Olimpíada Nacional em História do Brasil de 2023 – Foto: Pedro Vieira/ACI UFOP

Educação que transforma vidas

Maikon, depois de participar da OBMEP, é monitor de atividade presencial
Maikon é estudante de licenciatura em matemática e foi medalhista da OBMEP por 6 anos – Foto: Gustavo Batista/Agência Primaz

Natural de Ribeirão de São Domingos, Maikon Júnior é estudante de licenciatura em matemática e foi medalhista da OBMEP por 6 anos, tendo sido bolsista do programa de iniciação científica durante todo esse tempo. Atualmente, Maikon atua como professor do programa na turma presencial que iniciou suas aulas na última quinta-feira (03), no Instituto de Ciências Exatas e Biológicas (ICEB). Na carteira, ele aguarda os comprovantes de aprovação de todas as fases da olimpíada que participou, destacando a importância que a iniciativa teve em sua trajetória acadêmica. Natural de Ribeirão de São Domingos, Maikon Júnior é estudante de licenciatura em matemática e foi medalhista da OBMEP por 6 anos, tendo sido bolsista do programa de iniciação científica durante todo esse tempo. Atualmente, Maikon atua como professor do programa na turma presencial que iniciou suas aulas na quinta-feira (03), no Instituto de Ciências Exatas e Biológicas (ICEB). Na carteira, ele aguarda os comprovantes de aprovação de todas as fases da olimpíada que participou, destacando a importância que a iniciativa teve em sua trajetória acadêmica.

Comprovantes de participação na OBMEP
Comprovantes de aprovação de Maikon nas diferentes as fases da olimpíada de Matemática – Foto: Gustavo Batista/Agência Primaz

Maikon revela que conheceu a UFOP por meio das aulas do programa de iniciação científica organizadas pela instituição. “Abre muitas oportunidades. Tipo assim, eu lá na minha cidade, no interior. O que eu faria lá se não fosse escola ou o OBMEP, principalmente? Eu ia trabalhar na roça apanhando café, né, cuidando da lavoura. Então, a OBMEP me influenciou muito nisso”, afirmou.

Já para Pedro Antônio, estudante da Escola Estadual Dom Veloso, a conquista veio pela primeira vez com a medalha de ouro na edição passada e o ingresso no programa de iniciação científica. Seu pai, Heron Lage, comemora a conquista do filho e destaca que apesar de ter feito a prova no ano de 2023, foi apenas no ano seguinte, com dedicação, incentivo e uma rotina de estudos que o aluno conquistou a tão merecida premiação.

“Na segunda vez, ele sentou, preparou, estudou e conseguiu, né, ser medalhista de ouro”, explica. Ele destaca ainda que para além do futuro e da aproximação com o estudo, acredita que a premiação desempenha um importante papel na autoestima e para mostrar aos jovens o valor à dedicação “Você colocando em pauta aquilo que você propõe e estudar, você tá no caminho certo e você consegue o êxito”, finalizou.

Josiane Lisboa Lage, mãe de Pedro, vê no programa realizado com os ganhadores e homenageados na UFOP um grande incentivo de continuidade nos estudos. “Eles estarem ingressados aqui dentro, fazendo parte do dia a dia, da rotina de uma universidade, faz com que os horizontes cresçam e que eles tenham cada vez mais vontade”, pontua.

Pais e aluno que participou da OBMEP
Pedro Antônio é aluno na Escola Estadual Dom Veloso e foi medalhista de ouro na edição passada da OBMEP – Foto: Acervo Pessoal
Foto de Gustavo Batista
Natural de Contagem (MG), Gustavo Batista é aluno do 6º período de Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto