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Hoje é sábado, 19 de abril de 2025

Gibi aborda importância do diálogo entre gerações

Nova revista em quadrinhos da Turma da Mônica promove conscientização sobre intergeracionalidade e inspira políticas públicas em Mariana.

Duas idosas seguram o Estatuto da Pessoa Idosa e gibi da Turma da Mônica sobre intergeracionalidade durante evento de lançamento.
Lançamento do gibi reuniu idosos moradores da comunidade do Itapoã Parque (DF) - Foto: Clarice Castro/MDHC

A intergeracionalidade, conceito que promove a troca de experiências entre diferentes faixas etárias, ganhou força atualmente com o lançamento da revista em quadrinhos “Turma da Mônica em: Intergeracionalidade”. A trama fomenta o diálogo sobre inclusão social, respeito à pessoa idosa e a importância do envelhecimento ativo. Em Mariana, entende-se que o material contribui para a promoção da convivência intergeracional, integrando ações às diretrizes dos serviços do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e fortalecendo iniciativas voltadas à construção de uma sociedade mais empática e inclusiva.

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Intergeracionalidade em pauta

A intergeracionalidade se refere às interações entre pessoas de diferentes idades, que trocam experiências e perspectivas entre elas como forma de construir uma sociedade mais empática e livre de preconceitos.

Este termo ganhou destaque recentemente, em virtude do lançamento da revista em quadrinhos “Turma da Mônica em: Intergeracionalidade”, que narra a história de Xabéu, irmã mais velha do personagem Xaveco, e de sua avó, Dona Xepa, em uma jornada de aprendizado sobre o envelhecimento e a valorização da pessoa idosa.

A trama também explora os desafios que podem surgir entre diferentes gerações pelas distintas visões de mundo e aos estereótipos associados à velhice, que resultam em discriminação e preconceito. Além disso, aborda o impacto desses fatores na dignidade e na saúde das pessoas idosas. 

O lançamento aconteceu no final de março, em Itapoã (DF). A cerimônia contou com a presença da ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, entre outras autoridades.

Criança segura revista “Turma da Mônica em: Intergeracionalidade”, com capa colorida que destaca o tema da convivência entre gerações.
Aluno da escola que sediou o evento em Itapoã (DF) - Foto: Clarice Castro/MDHC

O Instituto Federal Goiano, em Iporá (GO), também fez o lançamento do gibi de maneira integrada ao programa Envelhecer nos Territórios, que promove a inclusão social e o envelhecimento ativo das pessoas idosas em diversas regiões do país. 

A proposta é que encontros como esse se tornem regulares, resultando no fortalecimento de laços entre gerações.

A cidade de Iporá foi escolhida para integrar o programa piloto devido aos indicadores de envelhecimento do município, que são altos. De acordo com o IBGE, são 110 idosos para cada 100 jovens de zero a 14 anos. 

Nesse sentido, o Envelhecer nos Territórios está em fase de implementação em 43 municípios das cinco regiões do Brasil. Mas, ao todo, já foram realizadas mais de 45 mil visitas a aproximadamente 29 mil pessoas idosas, a fim de traçar perfis sociodemográficos e construir políticas públicas voltadas à melhoria da qualidade de vida dessa população.

O novo gibi é fruto da parceria entre o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), por meio da Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa (SNDPI) e o Instituto Maurício de Souza. Em resumo, busca conscientizar crianças e adolescentes, de forma acessível, sobre a importância de valorizar a pessoa idosa por meio da intergeracionalidade.

A revista em quadrinhos “Turma da Mônica em: Intergeracionalidade” foi lançada nas versões impressa e digital. Acesse a versão digital aqui.

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Intergeracionalidade em Mariana

Até o momento, não foi possível adquirir o gibi na versão impressa em Mariana, mas a versão digital foi enviada para a rede socioassistencial para a utilização em diferentes atividades. Diante desse cenário, o município tem começado a discutir políticas públicas inspiradas nesse modelo.

A Secretaria de Assistência Social promove atividades voltadas à promoção da intergeracionalidade conforme demandas específicas dos equipamentos que compõem a rede socioassistencial, incorporando ações, principalmente, do Serviço de Proteção Integral à Família (PAIF) e Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV), desenvolvidas no âmbito do Centro de Referência da Assistência Social (CRAS).

Aliado aos serviços tipificados no CRAS, que atua na prevenção e no apoio às famílias, e no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), focado nos casos mais graves que precisam de suporte especializado, o município possui programas específicos. 

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Exemplo destes programas são o Centro de Referência da Juventude (CRIA) e o Centro de Referência do Idoso (RecriaVida). “Em seus planos de trabalho, o CRIA e o RecriaVida preveem ações que, conjuntas, visam a promoção da intergeracionalidade, assim como ações que integram todo o núcleo familiar”, afirma Juliano Barbosa, secretário de Desenvolvimento Social e Cidadania.

O RecriaVida atende idosos a partir de 60 anos, que podem participar de atividades físicas como dança e tai chi chuan (composto de movimentos que ajudam a estabilizar o equilíbrio das forças vitais do organismo), além de oficinas de memória, artesanato, violão, teatro e coral.

Nesse sentido, o programa contribui para um processo de envelhecimento ativo e saudável, o que promove o bem-estar e combate o isolamento dos idosos participantes. 

Idosos participam de atividade coletiva em salão, usando camisetas com frases de valorização da pessoa idosa.
Participantes do RecriaVida na aula de “corpo e movimento” - Foto: Maria Eduarda Marques

Para o secretário, os principais desafios enfrentados em Mariana em relação à valorização da população idosa e à convivência entre gerações consiste no fortalecimento da rede de apoio, ao considerar a rotina e a realidade socioeconômica de cada família referenciada no SUAS (Sistema Único de Assistência Social). Dessa forma, é necessário ampliar os espaços institucionais visando reduzir situações de risco e combater a cultura do asilamento”, reforça Juliano. 

O asilamento de idosos é o acolhimento em instituições de longa permanência, considerado um processo complexo que envolve questões psicossociais e afetivas. Consequentemente, pode resultar em um afastamento do âmbito social, o que impacta diretamente a identidade do idoso. 

Idosa ensina menina a bordar tecido branco durante atividade intergeracional de artesanato.
Atividade de integração e fortalecimento de vínculo intergeracional, com parceria entre o CRIA e o RecriaVida - Foto: Reprodução/Redes sociais

Compreender a intergeracionalidade nas ações do SUAS é potencializar a capacidade de cada família para o exercício do cuidado e apoio mútuo mediante o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários”, completa o secretário.

Ao longo do ano, diferentes atividades são realizadas pelos CRAS, CREAS, CRIA e RecriaVida, conforme demandas urgentes. Além disso, a Secretaria de Assistência Social também sinalizou campanhas e atividades que já estão programadas para 2025, como a mobilização para a Conferência Municipal da Pessoa Idosa em maio, a Pré-Conferência da Pessoa Idosa e a Semana da Pessoa Idosa em outubro.

Foto de Maria Eduarda Marques
Maria Eduarda Marques, nascida em João Monlevade (MG) é aluna do 6º período de Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto