Inteligência Emocional: Entre palavrões e xingatórios

“Esteja pronto para ouvir e lento para dar a resposta. Se você for capaz, responda ao seu próximo, se não for, fique calado. Falar pode trazer honra ou desonra e a língua do homem é sua ruína”. (Eclesiástico, 5, 11-13)

Os textos publicados na seção “Colunistas” não refletem as posições da Agência Primaz de Comunicação, exceto quando indicados como “editoriais”

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Nos últimos tempos tem havido uma grande repercussão negativa na mídia, não só no Brasil, mas também no exterior, os palavrões e xingatórios proferidos pelo Presidente Bolsonaro no seu relacionamento com os jornalistas. “Minha vontade é encher tua boca com uma porrada” foi o último impropério disparado ao vivo e a cores por ele a um jornalista em Brasília, quando perguntado por que a sua esposa, Michelle Bolsonaro tinha recebido R$ 89 mil de Fabrício Queiroz, amigo da família e em prisão domiciliar, acusado de lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio.

Independentemente das polêmicas e politicagens de baixo nível, vale a pena refletir sobre esta e outras ocorrências lamentavelmente similares, tendo em vista o conceito de inteligência emocional, uma competência extremamente exigida dos líderes, principalmente os de alto escalão e em momentos de crise, quando o que mais se espera deles é a ponderação e o equilíbrio e não explosões destemperadas que só complicam ainda mais a situação.

O conceito de inteligência emocional está sustentado em 05 grandes pilares. O primeiro deles está relacionado ao autoconhecimento, à capacidade de conhecer e identificar os próprios pontos positivos e os pontos a desenvolver. Para isto é necessário muito estudo, autoanálise, muita abertura, exercendo a arte de saber ouvir e uma elevada dose de humildade. Criticar e enxergar os defeitos dos outros é muito fácil, o difícil é olhar para dentro de nós mesmos e enxergar que também temos os nossos pecados. Infelizmente, é o que menos temos visto por aí e as crises vão se tornando cada dia pior.

Identificado os pontos positivos e os pontos a desenvolver, surge o segundo pilar, que está relacionado à capacidade de autogerenciamento, potencializando os pontos positivos e atacando frontalmente os pontos a desenvolver, em uma busca contínua de ser cada dia melhor. Para crescer é preciso mudar e mudança exige coragem! O famoso Complexo de Gabriela: “Eu nasci assim, eu cresci assim, eu vou ser sempre assim”, infelizmente ainda faz parte da mentalidade de um bando de adultos infantilizados que andam por aí, inclusive nos altos escalões.

O terceiro pilar é o da persistência. Evidentemente que todos nós somos humanos, portanto sujeitos a erros, mas isso não nos dá o direito de nos acostumarmos com eles, saindo por aí agredindo ou prejudicando os outros em atitudes absurdamente reiteradas. A busca contínua por ser melhor a cada dia exige que cada queda seja um trampolim para o alcance da maturidade. Errar é humano, mas permanecer no erro é diabólico, principalmente quando estampado por líderes de forma gritante e grotesca em público nos mais diversos meios de comunicação.

O quarto pilar é o da empatia. Empatia é a capacidade de se colocar exatamente no lugar do outro, tendo paciência com suas limitações e suas fraquezas e procurando entender o “por que” de determinadas atitudes, em busca de soluções apaziguadoras que levem a todos a um processo de ganha-ganha. As agressões e os ataques pessoais descontrolados só tornam as coisas ainda piores do que já estão. É como dizia Gandhi, se formos aplicar radicalmente a Lei de Talião – olho por olho, dente por dente, no final das contas estaremos todos cegos e banguelos!

O quinto e último pilar está relacionado com a habilidade de ajudar os outros a serem cada dia melhores. Aqui valem e muito as máximas franciscanas: Ó mestre, fazei que eu procure mais, consolar que ser consolado, compreender que ser compreendido, amar que ser amado, pois, é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado e é morrendo que se vive para a vida eterna” …

Alguns poderão dizer que isto é muito piegas e fora de época e eu diria que é justamente por causa deste tipo de pensamento agressivo e adverso que chegamos ao ponto que estamos.

Que a inteligência emocional tome conta do comportamento dos nossos governantes e haja mais respeito uns com os outros, mais harmonia e muita paz em busca de um mundo melhor.

Quem tem ouvidos que ouça!

(*) Júlio César Vasconcelos, Mestre em Ciências da Educação, Professor Universitário, Coach, Escritor e Sócio-Proprietário da Cesarius Gestão de Pessoas.

Contatos: caesarius@caesarius.com.br www.caesarius.com.br (31) 99345-0515

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