Nossa Senhora Aparecida e a cidade de Mariana
- Cristiano Casimiro dos Santos (*)
- 07/10/2020
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A história da padroeira do Brasil e da cidade de Mariana são intimamente ligadas. O evento da aparição da imagem e a chegada do Conde de Assumar às Minas Gerais está completando 303 anos.
Dom Pedro Miguel de Almeida Portugal, o Conde de Assumar, terceiro governador da nova Capitania, foi escolhido pelo Rei como homem indicado para manter a ordem entre os mineiros e garantir as rendas da Coroa. Chegou ao Brasil em 24 de julho de 1717, desembarcando no Rio de Janeiro, onde permaneceu por alguns dias, seguindo viagem por mar até Santos e depois por terra até São Paulo, onde tomou posse da Capitania a 4 de setembro, em cerimônia na Igreja do Carmo e assim governou as Minas Gerais dos anos de 1717 a 1721.
Os fatos que marcam a história do Conde de Assumar e da Padroeira do Brasil foram registrados pelos padres José Alves Vilela, em 1743, e João de Morais e Aguiar, em 1757. Esses registros foram feitos nos livros da Paróquia de Santo Antônio de Guaratinguetá, à qual pertencia a região onde a imagem foi encontrada, em outubro de 1717.
Segundo a versão do Padre José Alves Vilela, Dom Pedro de Almeida, governante da capitania de São Paulo e Minas de Ouro, homem que detinha também o título de Conde de Assumar, havia recebido na igreja do Carmo de São Paulo o título de Governador das Minas e em sua jornada entre São Paulo e Minas Gerais passou por Guaratinguetá, a caminho da Vila do Carmo (atual Mariana).
A população organizou uma festa para receber o conde de Assumar e, para prepararem a comida, pescadores foram para o Rio Paraíba com a difícil missão de conseguirem muitos peixes para a comitiva do governador, mesmo não sendo tempo de pesca. Segundo a história um dos emissários do Governador disse: O conde de Assumar quer comer peixe de água doce.
Assim, um grupo liderado por Domingo Garcia, pescador experiente saiu para pescar. Ele, Filipe Pedroso e João Alves, sentindo o peso de sua responsabilidade, fizeram uma oração pedindo a ajuda da Mãe de Deus para prover peixe na mesa do governador. Depois de tentar várias vezes sem sucesso, na altura do Porto Itaguaçu, já desistindo da pescaria, João Alves lançou a rede novamente. Não pegou nenhum peixe, mas apanhou a imagem de Nossa Senhora da Conceição, mas somente o corpo, faltando, porém, a cabeça. Emocionado, lançou de novo a rede e, desta vez, pegou a cabeça que se encaixou perfeitamente na pequena imagem.
Só este fato já foi um grande milagre. Mas após esse achado, eles apanharam tamanha quantidade de peixes que tiveram que retornar ao porto com medo de a canoa virar. Os pescadores chegaram a Guaratinguetá eufóricos e emocionados com o que presenciaram e toda a população entendeu o fato como intervenção divina.
O Conde de Assumar comeu o melhor peixe do rio e assim aconteceu o primeiro de muitos milagres pela ação de Nossa Senhora Aparecida. Posteriormente Nossa Senhora da Conceição Aparecida começou a ser venerada, distribuindo graças a muito fieis e conduzindo a vida de muitas pessoas.
Em 1868, conta-se que a Princesa de Isabel foi a Aparecida pedir proteção de Nossa Senhora para conseguir ter um filho, já casada há quatro anos, sem conseguir engravidar. Entre 1875 e 1878, Isabel teve três filhos, que garantiriam a sucessão imperial.
Em novembro de 1888, um ano antes da Proclamação da República do Brasil, a princesa teria retornado a Aparecida. Levou uma doação preciosa: uma coroa de ouro cravejada de diamantes e rubis e um manto azul. Esta coroa seria utilizada em 1904, em uma cerimônia oficial, quando um representante do papa a coroou oficialmente Rainha do Brasil.
Assim, fica para história a relação de Nossa Senhora Aparecida e a Cidade de Mariana.
(*) Cristiano Casimiro dos Santos é editor da Revista Mariana Histórica e Cultural
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