Jardim de Nossa Senhora Aparecida
- Andreia Donadon Leal (*)
- 08/10/2020
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Alguém me pediu para rascunhar um texto celestial de louvor à Nossa Senhora Aparecida. Barulho terrível na vizinhança. Viver na capital é estar apto para andar no estresse físico, emocional e financeiro. Aqui se paga para respirar, tudo é longe demais, demorado demais; carros e pessoas por todos os lados, filas sem fim. Tento esticar minha paciência para conseguir sobreviver nessa selva gigantesca. Dores se acumulam por todos os lados. Já não caem lágrimas dos olhos, elas estão falidas como as águas de fim de inverno na região central do Brasil. Rogo ao céu para quitar dores profundas. Nossa Senhora Aparecida há de nos abençoar com seu manto sagrado, guiando passos e ações. Bendita seja, Nossa Senhora! Dourado é o coração de filhos que erguem as mãos aos céus, para agradecer as bênçãos alcançadas no Dia da Padroeira, esta que se faz refletida em nossas mães. Vale de amor infinito, eis os olhos da Virgem Maria a nos abençoar lá de cima. Casas de cima, de baixo, de mãe a nos esperar com cores vivas e quentes. Amor, sentimento a nos unir pela eternidade. Paraíso é transpiração, nunca tarde, nunca cedo, nunca sofrimento; sonho em sono profundo de voos planados em térmicas de céu salpicado de estrelas.
Tem piedade de todos os doentes acamados, Nossa Senhora Aparecida! Alivia o sofrimento dos que têm comorbidades! Seja feita a vontade do Pai, dos seres de luzes que estão ao nosso lado, nos ensinando que o caminho deve ser trilhado com bondade, humildade e aceitação. A revolta é ato daqueles que não têm fé, não vislumbram paraíso repleto de flores, frutos e luzes, que aguarda os seres de carne e osso que cumpriram jornada em harmonia com a natureza. Há luz plena na inconsciência. Há luzes incandescentes que se agigantam, para levarem os espíritos à outra dimensão. O mistério é crer em Deus, em seus planos de ação para cada ser que se encontra nesse espaço chamado terra, onde humano é humano, formiga é formiga, planta é planta, mas lá em cima todos são seres de luzes. Somos iguais, nem mais nem menos, nem diferentes, nem melhores nem piores.
Barulho cessado, noite avança. O turno laboral do outro dia se aproxima. Paro de escrever. Súbito, barulho ensurdecedor de carro em alta velocidade. Talvez o motorista tenha pressa. Na madrugada, a rua é erma. Vou para a cama. Calor infernal. Cidade grande, tudo é mais intenso, estressante, veloz. Sinto-me esgotada. A fé me alimenta e consola. O plano espiritual é compensação de todo processo: tombos, caídas, recaídas, abatimentos, rebaixamentos…
Nossa Senhora Aparecida é padroeira do Brasil; Irmã Dulce, primeira santa, eterna gratidão e todos os louvores. O Jardim de Luz está por vir, alguns poucos ou muitos anos a mais, e lá vamos, acreditando num lugar chamado paraíso, sem choro, sofrimento, estresse, injustiça; unidos pela ciranda de crianças-anjos e no jardim florescido de Nossa Senhora Aparecida.
(*) Andreia Donadon Leal é Mestre em Literatura pela UFV e autora de 16 livros; Membro efetivo da Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais e Presidente da ALACIB-Mariana
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