Professora em Antônio Pereira, Patrícia Ramos luta para conciliar campanha em Mariana e atendimento remoto aos alunos

PSTU de Mariana aposta em comitê virtual e panfletagens para apresentar programa de governo e mobilizar classe trabalhadora da cidade

Compartilhe:

[wpusb layout="rounded" items="facebook, twitter, whatsapp, share"]
Patrícia Ramos diz que é histórica a atuação do PSTU entre os trabalhadores da mineração. Foto: Lui Pereira/Agência Primaz
Patrícia Ramos diz que é histórica a atuação do PSTU entre os trabalhadores da mineração. Foto: Lui Pereira/Agência Primaz

Patrícia Ramos, candidata a prefeita de Mariana pelo PSTU, teve sua candidatura novamente deferida pela Justiça Eleitoral na última semana, depois de uma falha no sistema do TSE ter registrado somente uma parte dos documentos apresentados pela chapa. Depois de ter o recurso aceito, a candidata pode retomar a campanha e disse, em entrevista exclusiva à Agência Primaz, que mais importante que o resultado das urnas é a apresentação do programa de governo, com o objetivo de mobilizar a classe trabalhadora de Mariana.

*** Continua depois da publicidade ***

*** 

A candidatura de Patrícia Ramos a prefeita de Mariana sofreu um susto diante de um primeiro indeferimento, divulgado no site do TSE no dia 16 de outubro por ausência de documentos. De acordo com a candidata, no sistema não constava a parte destinada a declaração de bens. “De todos os candidatos, a primeira documentação a ser entregue foi a minha. A gente até brincou: será que eles não estão acreditando que não tenho bens a declarar?”

Patrícia conta que a chapa constatou um problema no sistema de inserção dos documentos. O documento foi protocolado com três páginas mas constava apenas a primeira. “Nós sabíamos que era uma questão técnica. Uma questão de problema de sistema mesmo. A gente fez toda a justificativa e entregamos o recurso. Por mais que a gente espere que a justiça seja feita, a gente fica tensa.”

A candidata também agradeceu o engajamento dos apoiadores em divulgar o deferimento da candidatura. “O que a gente viu é que, de alguma forma, isso foi usado como elemento político para alguns setores. Quando saiu o deferimento, a gente fez uma arte para divulgar também e o mais legal foi ver os apoiadores se engajando nisso. Foi a nossa publicação nas redes que teve o maior engajamento e mais rápido”.

Das concorrentes à Prefeitura de Mariana, a chapa do PSTU é que possui menor poder econômico, de acordo com o que foi apresentado ao TSE. Os reflexos de se fazer uma campanha a baixo custo foram sentidos por Patrícia Ramos e Yuri Gomes. Eles mesmos são os responsáveis pela produção do material de campanha e tiveram que interromper essa tarefa para a elaboração do recurso. “Continuamos a campanha. A questão era ter que parar para responder isso. Reunir todos os documentos de novo. Nós somos um partido pequeno, neste período de pandemia nem todos podem sair pois temos vários companheiros que são grupo de risco. A gente não consegue ter todos eles à disposição para fazer panfletagem, por exemplo. Então essa reorganização foi necessária”, revelou Patrícia.

Patrícia Ramos é professora de Língua Portuguesa na rede estadual em Antônio Pereira, distrito de Ouro Preto. Por lecionar em outro município, a candidata não conseguiu o afastamento do trabalho e tem que conciliar a campanha ao atendimento remoto aos alunos. Esta é só mais uma das dificuldades financeiras enfrentadas pela chapa. “A gente tem um companheiro que tem carro. Então a ida aos distritos, por si, já é uma dificuldade. A gente sabe que alguns indivíduos se mantém no poder, mesmo que não seja o poder eleitoral, também nos distritos pela troca de favores e pela dependência que eles criam nas pessoas também, inclusive com o uso da máquina pública. Sabendo disso, de forma muito organizada a gente vai escolhendo algumas estruturas onde a gente pode atuar.”

Para Patrícia Ramos e Yuri Gomes, candidatos a prefeita e vice, todo o plano de governo é voltado para o fortalecimento da classe trabalhadora. Foto: Lui Pereira/Agência Primaz
Para Patrícia Ramos e Yuri Gomes, candidatos a prefeita e vice, todo o plano de governo é voltado para o fortalecimento da classe trabalhadora. Foto: Lui Pereira/Agência Primaz

*** Continua depois da publicidade ***

*** 

Disputando com adversários milionários, a candidata do PSTU disse que o partido aposta na organização constante e que o mais importante é a apresentação do programa de governo. “A gente tem noção do nosso tamanho. Justamente por isso a gente é muito organizado. Nós somos um partido que se reúne semanalmente para pensar a realidade, fazer análise e tirar políticas públicas para ela. No período de eleição também não vai ser diferente. A gente sabe com quem a gente está lidando. Pra gente importa mais a apresentação do programa. Para que as pessoas venham com a gente, entendendo que a construção não é Patrícia ou Yuri e nem a Frente Mariana Socialista. A gente quer o engajamento da classe trabalhadora. Disputar com eles que pagam pessoas para trabalhar.”

“Não adianta ser mulher, ser negro, se você não tem um programa para esses setores de maneira efetiva.” (Patrícia Ramos)

Assim como a chapa da REDE, a campanha de Patrícia Ramos foca no eleitorado jovem negro e periférico e em grupos tradicionalmente excluídos. “A gente também precisa pensar a cidade para que a juventude negra possa ocupar o centro sem a polícia perseguir. Na questão das mulheres, muitas mães precisam trabalhar e não tem com quem deixar os filhos. Então, nós precisamos de creches, mas também de restaurantes populares, lavanderias públicas, para que essa tarefa doméstica que, infelizmente, ainda é muito colocada no papel feminino, que ela seja um papel do Estado que é garantir que algumas dessas tarefas sejam sociais”.

Patrícia argumenta ainda que o plano de governo foi todo pensado para um “fortalecimento dos setores oprimidos de modo geral”. “Não digo só das mulheres, mas por exemplo, do resgate da memória do povo negro. Em uma cidade majoritariamente negra, a gente não pode pensar que a educação não precisa tratar disso de uma forma menos formal e mais participativa, mais construtiva. Ser prefeita é conseguir aglutinar todos setores da classe trabalhadora, de todos os bairros e distritos”.

Como o partido não tem uma sede própria, os materiais de campanha ficam guardados na casa de Patrícia. Além disso, o PSTU lançou um comitê virtual para mobilizar e dialogar com os apoiadores. “Na medida que as pessoas foram se manifestando, a gente criou um formulário no google. Algumas pessoas entraram por lá, outras por terem feito contato direto conosco. É um grupo no Whatsapp onde a gente divulga [as propostas] antes de sair nas redes e as pessoas vão dando ideias. A live de segunda-feira, inclusive, foi uma iniciativa que surgiu lá”, finaliza Patrícia Ramos, candidata a prefeita pelo PSTU.

LEIA OUTRAS NOTÍCIAS DA REGIÃO DOS INCONFIDENTES