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Hoje é sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Netflix no Oscar 2021: você vai mesmo perder?

Faltam pouco menos de duas semanas para a premiação mais importante do cinema. E você sabia que pode ter acesso a pelo menos 17 filmes que somaram 35 indicações na Netflix?!

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Catálogo da Netflix tem 17 indicados ao Oscar 2021

Ouça o áudio de "Netflix no Oscar 2021: você vai mesmo perder?", de Kael Ladislau

O Oscar 2021 é considerado por muita gente entendida como uma das cerimônias mais diferenciadas. Ele chama atenção pela diversidade, pelo fato de haver (só) duas mulheres indicadas à direção (algo inédito na história) e pelo fato de o contexto da pandemia tirar muito filme dos cinemas e os colocar no mesmo lugar em que você lê esse texto: no computador ou no celular.

Se os streamings são quase unanimidade na 93ª cerimônia do Oscar, a Netflix é destaque total: são 35 indicações com as produções originais. 17 obras que estão no seu catálogo e que você poderá assistir antes do dia 25 de abril.

É claro que não dá para falar especificamente das 17 nesse texto, mesmo que algumas eu já tenha falado ao longo de 2020 e no início deste ano. Aliás, preciso admitir que “comi mosca” com dois que foram exatamente os indicados a Melhor Filme. Acontece!

Também não será minha intenção arriscar palpites a quem ganhará, até porque sou péssimo nisso e acabo indo mais pelo coração do que pela razão. Enfim. O que quero fazer aqui é contextualizar boa parte desses concorrentes da Netflix dentro da premiação desse ano e te ajudar a ficar por dentro do Oscar 2021.

E, também por isso, as críticas serão menos aprofundadas, partirei mais para uma opinião sobre as indicações e o que percebo de chance. Darei destaques àquelas obras com mais indicações e uma surpresa negativa. Um texto especial para um momento especial do ano que o Oscar faz acontecer.

Mank, de David Fincher

Pra começar, nada melhor que o filme campeão em indicações em 2021: são 10, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor com David Fincher, Melhor Ator com Gary Oldman e Melhor Atriz Coadjuvante com Amanda Seyfried.

O filme conta a história do roteirista Herman J. Mankiewicz responsável por uma das obras mais celebradas do cinema, Cidadão Kane. O grande destaque dessa película é o roteiro de Jack Fincher, falecido pai do diretor, mas que acabou não sendo lembrado nas indicações de roteiro.

Ainda que Mank tenha seus méritos, ele concorre com filmes que realmente estão se destacando em demais premiações. O seu número expressivo pode não se converter em tantas estatuetas. Uma vitória possível pode ser a de Amanda Seyfried na bem disputada categoria de Atriz Coadjuvante, além de outras categorias técnicas, como Fotografia – bem bonita, toda em Preto e Branco -, em Figurino ou Cabelo e Maquiagem.

Mesmo assim, há bons concorrentes na disputa, como Nomadland (em fotografia, talvez o principal rival) e a Voz Suprema do Blues, que falo daqui a pouco, em ator e maquiagem. Por isso, não se surpreenda se essas dez indicações levarem duas ou, quem sabe, três estatuetas apenas.

Os 7 de Chicago, de Aaron Sorkin

Junto com Mank, é um dos dois filmes da Netflix indicados a Melhor Filme. E um daqueles que comi mosca ao longo desse tempo. Ele é um dos seis filmes com seis indicações, com destaque ao já citado Melhor Filme, Melhor Ator Coadjuvante, com Sacha Baron Cohen e Melhor Roteiro Original (para Aaron Sorkin, também diretor do filme).

Ele conta a história por trás de um importante julgamento em um grupo de pessoas dos mais diferentes movimentos que eram contrários à Guerra do Vietnã, em 1968. O pesado elenco de Os 7 de Chicago o fez ganhar prêmios relevantes até agora, o colocando como um nome provável a levar Melhor Filme, ainda que Nomadland seja um dos favoritos e Aaron Sorkin não esteja indicado a Direção, um fator que pesa na hora da escolha.

Sorkin, aliás, é um dos favoritos em roteiro original – mesmo que, a meu ver, haja filmes melhores como Judas e o Messias Negro, Som do Silêncio e Bela Vingança. A categoria é pesada, mas o roteirista é forte e já tem um Oscar em sua prateleira, com o celebrado A Rede Social.

Será uma não será exatamente uma surpresa se Os 7 de Chicago levar a premiação principal da noite, mas certamente é muito provável que saia com pelo menos um Oscar, talvez até dois, já que ele também é um bom concorrente para Melhor Canção Original. Sem falar, ainda, de outras indicações técnicas.

A Voz Suprema do Blues, de George C. Wolfe

Muitos dizem que o Oscar tem oportunidade de indicar até 10 obras na categoria de Melhor Filme. Mas, esse ano, foram 8 e alguns críticos falam que uma das duas vagas poderia ser para a Voz Suprema do Blues.

Não aconteceu, mas ainda assim, o filme não passou em branco e certamente não será esnobado nas premiações. São 5 indicações, com destaque às categorias de Melhor Ator, Melhor Atriz e Melhor Cabelo e Maquiagem.

Posso falar com segurança que a categoria de Melhor Ator é garantida para Chadwick Boseman. O ator, popular por seu o herói Pantera Negra, da Marvel, faleceu em 2020, antes do lançamento de A Voz Suprema do Blues e certamente é um fato que comove os votantes. Além disso, sua atuação é sim destaque no filme que é baseado em uma peça de teatro, que exige uma entrega muito grande de seus atores.

Ele concorre com gente gabaritada, como os já oscarizados Gary Oldman e Anthony Hopkins – que está absurdamente incrível em Meu Pai. Ainda assim, a comoção por seu falecimento será grande e deve render um dos momentos mais belos da noite. Qualquer outro resultado, por mais merecido que seja, será visto como uma surpresa.

Outro Oscar que A Voz Suprema do Blues pode levar pra casa é em Melhor Atriz, com a força da natureza chamada Viola Davis. Ela simplesmente desaparece para encarnar Ma Rainey, a mãe do Blues dos Estados Unidos e faz realmente uma atuação para ser celebrada.

Se Viola vencer, bem como Chadwick, será a primeira vez na história do Oscar que as duas categorias principais de atuação serão vencidas por atores negros. Um fato inédito mesmo para uma premiação de 93 anos.

Contudo, Viola tem uma concorrência pesada e não é tão certo quanto seu parceiro vencer. Ela disputa com a também incrível Frances McDormand, de Nomadland, Carey Mulligan de Bela Vingança, Vanessa Kirby, de Pieces of Woman, e Andra Day, de Estados Unidos vs Billie Holiday. Qualquer uma dessas pode levar com merecimento, ainda que eu ache Viola, Frances e Carey na frente das outras duas.

A Voz Suprema do Blues ainda pode levar em Maquiagem e Cabelo, categoria que eu acho que é o favorito, talvez junto com Emma, e em Figurino. Ou seja, 5 indicações que podem ter um bom aproveitamento, aguardemos.

Destacamento Blood, de Spike Lee

Agora, infelizmente, a parte triste. O filme do icônico Spike Lee foi absurdamente esnobado nesse Oscar, portanto, digno de registro. Essa obra já teve sua crítica aqui e na época destaquei que ele poderia abocanhar premiações ao longo da temporada.

Eu me enganei, mas me reservo o direito. O filme não só é bom para poder estar sim entre os mais indicados, como tem uma das melhores atuações masculinas da temporada, a de Delroy Lindo, que poderia ser tranquilamente indicado a Melhor Ator Coadjuvante.

Spike Lee, mesmo com uma concorrência mais ou menos ferrenha, merecia a lembrança em direção e talvez até em roteiro. Para David Fincher, lembrado em melhor Direção, não fez um trabalho superior.

Ao contrário não só das minhas expectativas, mas de muito especialista, o filme foi indicado somente a Melhor Trilha. Quase um deboche.

Outros Destaques

Não dava para falar de todos os 17 indicados da Netflix, mas eu acredito que esses sejam os filmes que devem ser bem falados ao longo da noite do dia 25 de abril (e, ok, teve um desabafo também).

Mas é claro que existem outros 13 filmes e documentários que merecem sua atenção no catálogo. Um deles é Era Uma Vez Um Sonho, que já teve seu espaço aqui na Agência Primaz.

O filme foi indicado aos previsíveis Melhor Cabelo e Maquiagem e a Melhor Atriz Coadjuvante com Glenn Close. Digo previsível porque o filme é aquilo que pode se chamar de Oscar Bait, ou isca de Oscar. São detalhes que claramente foram postos para chamar a atenção da Academia.

No caso, a caracterização de Glenn Close é sim muito boa, o que sempre chama a atenção dos votantes. Muito se dizia sobre uma indicação de Amy Adams, mas sem chance com as concorrentes deste ano.

Glenn, por sua vez, disputa uma categoria também muito concorrida e imprevisível. Se antes falei de Amanda Seyfried, preciso falar que ambas disputam com a incrível Olivia Colman, de Meu Pai, com a grata presença de Maria Bakalova, de Borat: Fita de Cinema Seguinte e com a surpreendente Youn Yuh-Jung, de Minari, que vem levando alguns prêmios e, hoje, parece ser a favorita da categoria.

Contudo, Glenn pode levar no que seria um “prêmio pela carreira”, quando se premia uma pessoa mais pelo conjunto da obra do que por seu desempenho no filme em questão. Seria, aliás, uma revanche em cima da Olivia Colman, que levou o prêmio de Melhor Atriz em 2019 justamente em cima de Close. Será?

Bom, é claro que outros curtas e filmes farão a Netflix ser a mais celebrada da noite, mas as expectativas certamente estarão nas categorias principais. Talvez, faltei falar de O Tigre Branco, que mereceu uma crítica minha aqui e teve uma indicação em Roteiro Adaptado, que… não deve ganhar.

Volto no dia 26 de abril, provavelmente, com um apanhado de como se saíram estes filmes na premiação!

Agora, fica aqui a lista dos 17 indicados com produção original Netflix.

Há um PS que adianto: o filme Relatos do Mundo, que teve crítica aqui, não consta nesta lista por não ser original Netflix, mas, no Brasil, foi distribuído pelo streaming e você pode assistir por lá! Ele teve quatro indicações.

Lista de Filmes indicados ao Oscar da Netflix:

– Mank

– Os 7 de Chicago

– A Voz Suprema do Blues

– Era Uma Vez um Sonho

– Uma Canção para Latasha

– Shaun, O Carneiro – O Filme: A Fazenda Contra-Ataca

– Crip Cramp: Revolução pela Inclusão

– Destacamento Blood

– Festival Eurovision da Canção: A Saga de Sigrit e Lars

– Se Algo Acontecer… Te amo

– Professor Polvo

– A Caminho da Lua

– Pieces of a Woman

– Rosa e Momo

– O Céu Da Meia-Noite

– O Tigre Branco

(*) Kael Ladislau é  Jornalista graduado pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).

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