Notícias de Mariana, Ouro Preto e região

Hoje é sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Gestores na política

Os textos publicados na seção “Colunistas” não refletem as posições da Agência Primaz de Comunicação, exceto quando indicados como “Editoriais”

Compartilhe:

Começo aqui a segunda temporada na coluna Primaz. Lendas Urbanas. Neste texto, a figura dos gestores na política.

Um período recente na política brasileira (e que considero um elemento central na articulação liberal) é o negacionismo da política. Esse fenômeno, que tem se estendido na recente política nacional, é uma ferramenta que cumpre um papel fundamental sobre uma maioria: o senso comum.

O senso comum passou a acreditar que a política é o lugar do aproveitador – como se só existisse aproveitador. Na política, e como se os aproveitadores só estivessem Dentro da política (com tantos empresários participando dos esquemas). É mais uma lenda urbana que caiu no senso comum do brasileiro: o político aproveitador e o empresário próspero.

É incrível ver o filme do cara da Nike e do cara da Puma no Netflix, mas conquistas políticas não me interessam, tudo manipulação – até porque a história da Nike deve ser de uma grandeza incrível para a humanidade, com denúncias de trabalho escravo pelo mundo – com exploração infantil, e mais um monte de gaps que compõem esse puta case.

Eu não suporto a ideia de que um homem pobre, sem herança (no país da herança), sem escolaridade, dispute um espaço ao qual jamais teria sido chamado, na presidência. Eu não suporto a corrupção do PT, mas eu adoro contar e ver até onde o cara da AMBEV chegou. Eu adoro as armadilhas e as malandragens dos grandes empresários. Os que podem se achar deuses (porque eles conquistaram isso, de acordo com eles).

Odiamos e nem queremos saber da história de Cuba, adoramos as histórias de sucesso da Nestlé, que se apropriou das Águas Minerais das nossas Minas Gerais depois da Segunda Guerra Mundial.

Adoramos as histórias dos grandes empresários, com seus grandes negócios… nos traz inspiração, nos espelham. Quem aí não queria ser dono da Riachuello? Olha o tamanho do que os caras fizeram (gatilho pra mais uma lenda urbana do ‘emprego e renda’ dos monopólios). Quem não queria ser dono de uma empresa com denúncias de trabalho escravo contra mulheres? Esses empresários são uma puta inspiração. Eu já escolhi meus malvados favoritos, e estou pronto para criticar os tais assassinatos de Che Guevara.

Fenômenos gerados pelo tal negacionismo da política.

Além da companhia muito indesejável dos aproveitadores, a política é o espaço pra quem tem ideais, e está disposto a lutar por eles. A política existe para governar com convicções, para aplicar uma filosofia de sociedade dentro de uma administração, de uma organização.

A política existe para assumir papéis de liderança, mas resolvemos nos esquecer disso (o senso comum se esquece rapidamente, sempre) e então fomos em direção a gestão. Batemos de frente nessa figura ingrata.

A tal política é gestão.

Este discurso centraliza a disputa de quem não quer encarar a desigualdade estrutural. Quer ser conservador nos costumes, para continuar tendo sua mão de obra barata e seus escravos eleitos.

Pois eu digo que política é gestão pública e muito mais! Política é pra quem está disposto a não vender seus ideais. Hoje, no Brasil, o senso comum (é, você mesmo!) se acha no direito de julgar a esquerda por ter ideais. Os ideais fazem parte da realidade. E política é lugar de quem não se rende.

Lutar por direitos básicos para todos: um compromisso inadiável, político e que ultrapassa a democracia.

Picture of Thomás Toledo
Thomás Toledo é brasileiro, latino americano, humano e graduado em Comunicação Social/Jornalismo
Veja mais publicações de Thomás Toledo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *