Inteligência Emocional: Uma competência indispensável para os ocupantes de cargos de liderança
“Não respondas ao insensato segundo a sua estultícia, para que não te faças semelhante a ele” (Eclesiástico, 26,4)
Os textos publicados na seção “Colunistas” não refletem as posições da Agência Primaz de Comunicação, exceto quando indicados como “Editoriais”
Compartilhe:
Recentemente, teve uma enorme repercussão na mídia a postura do Presidente Jair Bolsonaro durante uma entrevista pública em uma formatura da Escola de Especialistas da Aeronáutica – EEAR em Guaratinguetá, no Estado de São Paulo.
O Presidente entrou sem máscara no recinto cheio de gente e quando abordado por uma Jornalista da Rede Globo a respeito da questão, irritou-se de forma descontrolada, mandou irado a jornalista e os presentes que estavam atrás dele calarem a boca e atacou fortemente, de forma personalizada não só a jornalista, mas também a Rede e seus profissionais:
“Para de tocar no assunto. Você quer botar… Me botem. Vai botar agora? Estou sem máscara em Guaratinguetá. Está feliz agora? Você está feliz agora? Essa Globo é uma merda de imprensa! Vocês são uma porcaria de imprensa! Cala a boca!…
Vocês são uns canalhas! Vocês fazem um jornalismo canalha! Canalhas que não ajudam em nada, vocês não ajudam em nada. Vocês destroem a família brasileira, destroem a religião brasileira. Vocês não prestam! A Rede Globo não presta! É um péssimo órgão de informação. (…) Você [Laurene] tinha que ter vergonha na cara em se prestar a um serviço porco que é esse que você faz na Rede Globo”…
É um fato comprovado que essa não é a primeira vez que o Presidente da República perde o controle emocional em exibições públicas no contato com jornalistas, atacando-os de forma desrespeitosa, totalmente incompatíveis com o perfil do ocupante de um cargo de tão elevado escalão. Independentemente de qualquer partidarismo político e de discutir a essência do seu ponto de vista, o Presidente precisa ser melhor orientado pelos seus assessores para aprender o conceito de inteligência emocional e colocá-lo em prática. Seus destemperos só agravam ainda mais a situação traumática que estamos vivendo.
Inteligência emocional é uma competência essencial para os ocupantes de cargos de liderança e tão mais necessária quanto mais estratégico for o cargo, principalmente em gestão pública. É a capacidade de atuar com maturidade e equilíbrio na expressão de sentimentos, interesses, necessidades e expectativas frente às diferentes situações, principalmente durante crises e conflitos interpessoais em eventos abertos ao público, o que, infelizmente, o Presidente não vem conseguindo.
Os especialistas afirmam que nosso cérebro é formado por dois hemisférios, o esquerdo e o direito. O esquerdo é racional, lógico, matemático, analítico e controlado e nos faculta raciocinar e manter o equilíbrio em situações de tensão. O direito é emocional, intuitivo, impetuoso, avesso a regras e controles e nos leva a agir de forma desequilibrada em situações de tensão. Entre esses dois hemisférios existe uma espécie de ponte que faz a comunicação entre eles e permite utilizá-los de forma equilibrada. Um e outro se bem utilizados de acordo com o contexto que estamos vivendo, nos trazem resultados extremamente satisfatórios. Já diziam os antigos: “conte até 10 antes de falar besteira”! Contar até 10 dá tempo para migrar de um hemisfério para o outro. Nem o racionalismo extremo, nem o emocional extremo conduzem a bons resultados. Diz-se que uma pessoa é inteligente emocionalmente justamente quando consegue utilizar o hemisfério direito e o esquerdo de forma adequada, de acordo com o contexto em que está inserido. Deixar prevalecer ação do hemisfério direito em eventos públicos, perdendo o controle, desrespeitando jornalistas e acusando de forma irada profissionais e instituições não ajuda em nada e muito pelo contrário, só agrava ainda mais a situação complexa que estamos vivendo. Por outro lado, é fácil concluir que a utilização do hemisfério esquerdo, agindo de forma racional e controlada é um requisito indispensável para as lideranças nesses momentos e é o mínimo que pode se esperar de um gestor público de alto escalão. Como já dizia Aristóteles há mais de dois mil anos atrás, a sabedoria está no equilíbrio.
Quem tem ouvidos que ouça!…
Se você quiser saber mais sobre o assunto, faça contato conosco. A Cesarius Gestão de Pessoas é especialista no assunto.