A lógica do rodoanel
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Eu me senti na obrigação de interromper a programação dos temas para expor um manifesto sobre uma obra faraônica, privada e mega oportunista. Um dragão imenso criado sem necessidade, para satisfazer a ganância dos super ricos do Estado de Minas Gerais.
Este é um manifesto contrário a aprovação da construção da obra do rodoanel por meio do PL 2508, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. O projeto é mais um ataque da ofensiva capitalista das grandes empresas e do Governador Romeu Zema, representante do sistema financeiro governando o Estado de Minas.
Depois do chamado “Acordo da Vale”, a empresa repassou um dinheiro sujo de lama e sujo de sangue, fruto do crime cometido em Brumadinho. Nesse tal acordo, o governo de Zema tratou a Vale como uma grande parceira, ignorando as ações criminosas dos seus responsáveis no assassinato de centenas de famílias e uma destruição Socioambiental sem precedentes.
O governo do Estado abriu mão de verbas no decorrer do tal “Acordão”. Duvidamos muito que Romeu Zema seja tão gentil ao comandar seus impérios privados. O acordo também foi conduzido de forma autoritária. É um absurdo a linha de créditos destinada ao Governo do Estado, o dinheiro que chega do tal acordo, não seja discutida com participação popular.
Negociações com sigilo, sem participação direta com as comunidades atingidas, e toda a ganância dos grandes empresários, seja os investidores da Vale, das grandes empreiteiras ou o próprio governador.
Uma emenda que visa o interesse do lucro de poucos grandes empresários. Um projeto desta magnitude e complexidade, que deveria ter participação popular e uma ampla discussão com os diversos setores da sociedade, foi conduzido com um absurdo atrás do outro, sem apresentar estudos com todos os impactos nos 10 municípios diretamente atingidos pela obra do rodoanel, que só visa um mega lucro para as grandes empresas envolvidas, com dispensa de licença ambiental prévia a licitação.
O rodoanel impacta na Vargem das Flores, na Serra da Calçada, no Parque do Rola Moça, Serra da Moeda. São mais de 40 nascentes que possuem uma força e importância fundamental para toda região metropolitana de Belo Horizonte.
O rodoanel arrebenta com comunidades e famílias, desapropriando e violentando o direito constitucional de morar dignamente. Serão mais de 3.500 famílias diretamente afetadas com seu direito de moradia comprometido. E não há nenhum planejamento para isto. Os megaempresários, que tem tempo para se articular e contar como é complexo e vencedor ganhar todo aquele dinheiro, parecem não ter tempo para sequer realizar um projeto de planejamento sobre esses terríveis impactos.
Temos que cobrar os deputados estaduais que votaram a favor deste absurdo! A decisão que tomaram, no dia 14 de julho, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, precisa ser urgentemente revogada!
Não vamos aceitar calados mais esse crime do sistema financeiro!
Esta verba deveria estar sendo discutida para construir mais de 40 mil moradias, para investir em infraestrutura de espaços precarizados e para realizar uma profunda reparação nos locais exterminados pelo mar de lama da ganância e do lucro.