Metas abusivas e Síndrome de Burnout
“O trabalho tem que ser uma forma de auto realização e uma fonte de prazer, um elo entre a espiritualidade e nossa condição terrena”. (Vasconcelos, 2021)
Os textos publicados na seção “Colunistas” não refletem as posições da Agência Primaz de Comunicação, exceto quando indicados como “Editoriais”
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Recentemente, obtive um feedback bastante positivo sobre meus Artigos quinzenais divulgados na página da Agência Primaz de Comunicação, através de uma amiga leitora e consultora de renome nos meios organizacionais. Em um dos seus comentários, a prezada consultora comentou sobre a sua preocupação com o estabelecimento de metas abusivas e a pressão exercida por parte dos gestores sobre os seus subordinados ou sobre e si mesmos para o cumprimento dessas metas dentro nas organizações, sugerindo-me que publicasse um Artigo a respeito. Achei interessante a sua sugestão e, atendendo ao seu pedido, segue minha abordagem. Espero que seja útil para gestores e subordinados em busca de um melhor sistema de gestão organizacional.
Evidentemente, que é justo e necessário o estabelecimento de metas dentro de uma organização para o a condução de um bom sistema de gestão, embora uma grande parte dos gestores infelizmente não tenham conhecimento disso. O estabelecimento de metas propicia um melhor direcionamento do trabalho e dá ao gestor condição de monitorar o desenvolvimento desse trabalho através de indicadores de resultados, os famosos KPI’s, já comentado por mim em um Artigo anterior.
O problema surge quando as metas são estabelecidas de forma abusiva pelos gestores para si mesmo ou para seus subordinados, com o foco no alcance obsessivo de resultados, com a imposição de indicadores inatingíveis, desrespeitando frontalmente o conceito de Meta SMART (específica, mensurável, atingível, relevante e temporal), conceito esse também já abordado por mim em outro Artigo anterior. O resultado dessa forma desastrosa de gestão pode gerar um comportamento de falsa aceitação por parte dos executantes, com medo de alguma forma de coerção, punição ou perda do emprego ou contrato, mesmo sabendo que é impossível o alcance da meta. Esse tipo de comportamento traz como consequência resultados totalmente contraditórios com o sucesso desejado pelos gestores. Em um primeiro caso, a aceitação poderá ter como resultado um total descomprometimento e desmotivação do executante com relação à meta, entendendo que, por mais que se esforce, não terá como cumpri-la, ou seja, faz de conta que aceita, mas na prática não faz nada para que a meta seja alcançada. Em um segundo caso, poderá terá como resultado uma preocupação excessiva com o alcance da meta, mesmo sabendo que não terá como alcançá-la. Nesse caso, poderá surgir uma grande elevação do nível de estresse, conflitos incontornáveis, perda de sono e de apetite, dores de cabeça, abdominais e de outras partes do corpo, doenças crônicas e, por mais estranho que pareça, em um estágio avançado, a morte. O trabalho passa a ser um enorme sacrifício! Acordar cedo todos os dias para trabalhar é como ir para um calvário! É o que se denomina nos meios médicos de “Síndrome de Burnout”, doença devidamente reconhecida com um Código Internacional de Doenças, o CID 11.
“Burnout” é um termo de origem na língua inglesa que significa explosão, queima, exaustão, esgotamento. Como toda doença, ela possui seus estágios. No primeiro estágio o trabalhador é tomado de uma necessidade suprema de se auto afirmar e mostrar que é sempre capaz. No segundo estágio, surge a necessidade de fazer tudo sozinho a qualquer hora do dia ou da noite. No terceiro estágio, os problemas começam a se intensificar, surgindo os descasos com os cuidados pessoais: higiene, sono, alimentação e diversão entre outros. Após esse estágio, na quinta fase, começam a aparecer as manifestações físicas, com as citadas no parágrafo anterior e serão tanto mais graves quanto maior for a pressão. No quinto estágio, o trabalhador passa a se isolar e fugir dos conflitos, caindo em depressão. No sexto e último estágio, o mais grave de todos, ele nega a existência do problema, os outros são completamente desvalorizados, tidos como incompetentes ou com desempenho abaixo do seu. Os contatos sociais são repelidos e o cinismo e agressão são os sinais mais evidentes. Como já dissemos anteriormente, se não devidamente cuidados, esses sintomas podem ser fatais! Existem vários casos reais de tragédias como essa relatadas nos meios organizacionais.
Portanto, caríssimos gestores, estejam bastante atentos com relação à forma que vocês estão conduzindo o seu trabalho. Tragédias como as citadas acima devem ser amplamente combatidas e evitadas! O trabalho tem que ser uma forma de auto realização e uma fonte de prazer, um elo entre a espiritualidade e nossa condição terrena, como dizia São Bento, nos seus escritos da “Ora e labora”.
Então, você ou alguém que você conheça está enfrentando esse tipo de problema? Se estiver, não hesite em buscar ajuda, pois as consequências podem ser desastrosas! A Cesarius poderá ajudá-lo nesse sentido.
Quem tem ouvidos que ouça!