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Hoje é sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Hoje o céu ficou mais divertido

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Foto: Felix Mittermeier/Pexels

Lá no céu nova estrelinha

Brilha brilho de pureza;

Brilho de fada-madrinha

Da nossa Tia Tereza!

Terezinha Ferreira

Sem delongas linguísticas impregnadas de vocábulos herméticos, a palavra que representa tia Tereza é intensidade, mesmo! Gargalhadas soltas e rítmicas vão além das eloquências verbais. Riso solto, largo, fácil, translúcido, marca registrada de Terezinha, retumba na Casa de Cima, seu novo espaço estelar. Paco e Manuelzinho recepcionam a matriarca da família, que voa feito furacão, chegando feito relâmpago e raio. Puta que pariu, cheguei! Carai, tem alguém aí pra me receber? Eita, boca recheada de palavrões! Risos soltos, piadas hilariantes que ultrapassaram as costumeiras bromas; braços soltos, andar vigoroso e altaneiro: eita, Tia Tereza, mestre na arte das palavras e expressões apimentadas! Caem gotas esparsas do céu, caem gargalhadas aos borbotões. Calor chegando e chegando as primeiras chuvas… Tempo de libert/ação, ciclos cumpridos com maestria, pautados em exemplos, bons exemplos e marcas que dobram o próprio tempo. O conhecimento se faz na cópia desses modelos, moldes de pai e mãe. Mãe é sonho presentificado na família, não esmaece nunca, pois continua a pulsar, bater, pulsar e bater. Nem acho que Mãe ultrapassa as nuvens do céu, mãe ultrapassa quaisquer linhas e obstáculos, pois tem passaporte de primeira classe para a morada eterna. Carlos Drummond de Andrade, em seu poema em homenagem às mães, disse que mãe nem deveria morrer. Mãe nem morre, nem fenece, muito menos enruga. Mãe dispensa altares e tribunas, mãe é o próprio altar; tia Tereza foi palco e picadeiro, discurso elegante e chulo. Amigos e parentes sabem de seu gosto por palavras e expressões jocosas. Soltaria aquela gargalhada que só ela sabia sabiá. Mãe é pedaço de céu, metade-sol metade-noite; primavera, outono, inverno e verão, estações que se complementam e intensificam. Nunca vi ser tão completo e abençoado feito mãe que se recria, dia após dia, para luminescer as sendas da família. Tia Tereza foi uma mulher completa, frasco de perfume escalarte que não exala nem evapora, permanece vívido no ar. Tereza, Terezinha, do grego “theros”, cujo significado propalado é VERÃO, ou “therizo”, COLHEITA; ou Thirasia, nome de uma ilha grega… Multiplicidade de significados vocabulares são fragmentos personalíssimos de Tia Tereza, Terezinha, Te, Zinha, Ter, VERÃO, Colheita farta; cores quentes, cores do amor, da indecrepitude, da plenitude no ar. Terezinha foi verão, espargindo gotas de amor intenso por aqui e por lá. Por aqui e por lá, permanecerá sorrindo, ou melhor, soltando suas gargalhadas, plena de vida, feliz por ter passaporte de primeira classe na vida daqui e na vida de lá. Céu nunca foi limite dos nossos sonhos, das nossas lembranças, dos nossos sentidos, dos nossos antepassados, de nossas saudades… Puta que pariu, este texto vai longe! Vocábulos herméticos não combinam com Terezinha. Ela chega lá para fazer uma live em coro com as irmãs Carminha e Aparecida: “Sou feliz, por isto estou aqui, também quero viajar neste balão!” “Não fui flutuando, não!” Quem flutua é pena! Cheguei fazendo algazarra, falando palavrão mesmo! Super fantástico, no balão mágico… Hoje, o céu ficou mais di-ver-ti-do…

Picture of Andreia Donadon Leal
Andreia Donadon Leal é Mestre em Literatura, Especialista em Arteterapia, Artes Visuais e Doutoranda em Educação. Membro da Casa de Cultura- Academia Marianense de Letras, da AMULMIG e da ALACIB-MARIANA. Autora de 18 livros
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