Greve e relações no trabalho
“A greve, no fundo, é a linguagem dos que não são ouvidos”. (Martin Luther King)
Os textos publicados na seção “Colunistas” não refletem as posições da Agência Primaz de Comunicação, exceto quando indicados como “Editoriais”
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Recentemente, teve um alto destaque na mídia marianense a greve dos motoristas da empresa UNIVALE. O movimento teve uma duração de oito dias, gerando perdas e prejuízos incomensuráveis para as partes litigantes, parceiros e terceiros e que deixarão marcas profundas no ambiente de trabalho. Conforme divulgado, entre as reivindicações mais importantes feitas pelos grevistas estavam melhores condições de trabalho, aumento do valor do Vale-Alimentação, pagamento de horas extras, locais adequados para descanso no final de trajeto nas Minas, contratação de pessoas fixas para realização serviços de limpeza dos ônibus, fim dos descontos por avarias e readmissão de funcionários grevistas demitidos.
Independentemente de qualquer tipo de posicionamento com relação às partes conflitantes e por mais que os empresários se sintam incomodados com a afirmação, os estudiosos do assunto afirmam que greve é resultado de incompetência gerencial. Greves não acontecem de uma hora para outra, sem dar nenhum aviso! Não são como um terremoto ou uma explosão vulcânica! Na verdade, as insatisfações no ambiente de trabalho entre os empregados vão surgindo gradativamente até atingir o seu clímax com a ocorrência da greve.
Lideranças participativas e proativas percebem e tratam dos problemas diretamente em suas raízes, desenvolvendo um sistema de relações no trabalho pautada na gestão participativa, onde impera rotineiramente um clima de transparência, diálogo e respeito. Existe liberdade total de expressão no ambiente de trabalho, onde os empregados são ouvidos pelos seus líderes em suas reivindicações. Se essas reivindicações fazem sentido e são possíveis de serem atendidas, mesmo que impliquem em investimentos consideráveis, elas são prontamente implantadas. Se não fazem sentido ou não podem ser atendidas no momento, por questões que fogem do controle dos gestores, as respostas negativas são transmitidas de maneira formal, respeitosa e bem embasada. Na verdade, o que mais incomoda os trabalhadores não é ouvir um “não” bem justificado da sua chefia, mas sim a falta de retorno, enrolação ou a ocorrência de respostas vazias e sem fundamento.
Os estudos demonstram que a grande maioria das reivindicações feitas pelos empregados fazem sentido e podem e devem ser implantadas sem maiores investimentos ou dificuldades, bastando para isso um comprometimento da alta direção das empresas e dos gestores, abrindo um canal de comunicação interno que trate rotineiramente os problemas levantados antes que eles formem “uma bola de neve” e se tornem ingovernáveis.
Melhoria das condições de trabalho, falta de pagamento de adicionais de horas extras e outros, excesso de horas extras trabalhadas, cortes indevidos de remuneração, demissões imotivadas, desvio de função, sobrecarga de trabalho, problemas de relacionamento interpessoal, autoritarismo por parte das chefias, entre outros, são os problemas mais comuns que afetam negativamente e fortemente as relações de trabalho na grande maioria das empresas, trazendo como consequências desmotivação, estresse, baixa produtividade, greves e acidentes, muitas vezes fatais! Imaginem o risco que correm os passageiros de uma empresa de ônibus onde os motoristas vivem essa dura realidade!
Não resta dúvida que o maior patrimônio de qualquer organização são seus empregados. Uma empresa pode ter os melhores equipamentos e as melhores tecnologias, mas se não tiver uma equipe satisfeita e motivada, ela não conseguirá obter sucesso por muito tempo. Na verdade, existem o que se chama de “círculo virtuoso” nas altas estratégias de gestão: lideranças extraordinariamente participativas, respeitosas, proativas e conscientes investem estrategicamente nos seus empregados, capacitando-os de forma permanente, implantando excelentes condições de trabalho, relações transparentes e respeitosas e disponibilizando salários e benefícios competitivos no mercado. Por sua vez, empregados inseridos nesse meio, trabalham altamente motivados por se sentirem reconhecidos, vestem a camisa da empresa, encantam seus clientes e geram mais produtividade e lucratividade para seus gestores, formando um círculo virtuoso, ou seja, quanto mais o empresário investe nos seus colaboradores, maior a lucratividade da sua empresa e quanto mais ele compartilha essa lucratividade, mais recebe em retorno em termos econômicos, sociais e ambientais. Enfim, a base sustentável para o alcance da lucratividade de qualquer organização está no investimento estratégico na motivação e no desenvolvimento de seus colaboradores.
Quiçá o sistema capitalista entenda esse princípio e o coloque em prática. Ganha o capital, ganha o trabalho, ganha a sociedade e ganhamos todos nós!
Quem tem ouvidos que ouça!
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