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Hoje é sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Ética e Corrupção no Serviço Público Federal

“O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem caráter, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons”. (Martin Luther King)

Os textos publicados na seção “Colunistas” não refletem as posições da Agência Primaz de Comunicação, exceto quando indicados como “Editoriais”

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Recentemente, o “The World Bank” – Banco Mundial divulgou uma Pesquisa sobre “Ética e Corrupção no Serviço Público Federal – A Perspectiva dos Servidores” que merece ser divulgada, estudada e analisada com o objetivo de implantar medidas de caráter prático, não só no âmbito Federal, mas também nos âmbitos Estaduais e Municipais. As informações divulgadas têm um altíssimo valor e não podem ser simplesmente ignoradas, principalmente pelos detentores do poder.

A pesquisa foi realizada online entre os dias 28 de abril e 28 de maio de 2021, em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU), o Ministério da Economia e a Escola Nacional de Administração Pública (ENAP). Todos os servidores públicos foram incluídos na amostragem, um total de 22.130 respondentes. A amostra cobriu todos as Unidades Federativas e Ministérios. Percebe-se claramente a relevância e a abrangência do público pesquisado e essa Pesquisa de forma alguma pode ser desprezada.

A pesquisa apresenta uma gama enorme de informações e não seria produtivo se aprofundar muito aqui nesse espaço, no entanto, uma das informações que mais me chamou a atenção e merece ser destacada, entre muitas outras, é o resultado referente à opinião dos Servidores que testemunharam práticas antiéticas nas suas organizações. Vejamos então, alguns comentários.

Do total de entrevistados, 58,9%, portanto mais de 13 mil Servidores afirmaram que já testemunharam o uso da posição para beneficiar um amigo ou familiar, um número bastante elevado! Aqui nós temos o muito comum problema da pessoalidade, onde os “amigos do rei” tem privilégios que outros cidadãos comuns não teriam. O exemplo mais típico desse problema pôde ser observado recentemente com a atitude do Presidente da República atuando escancaradamente em favor de seu amigo, o empresário Luciano Hang, com relação a uma obra dele embargada pelo IPHAN, fato que gerou inclusive o afastamento da Presidente da entidade Larissa Rodrigues Peixoto Dutra. Dura e triste realidade! De onde deveriam vir os bons exemplos é que surgem a maiores temeridades!

O segundo aspecto mais observado na pesquisa foi a ocorrência de desrespeito às regras vigentes ou à legislação em função da pressão sofrida através de superiores: 54,03%, portanto, quase 12 mil Servidores testemunharam o uso dessa prática. O uso abusivo do poder com o velho jargão “manda quem pode, obedece quem tem juízo” associado à falta de firmeza de propósitos em termos de crenças e valores e o medo de perder o emprego, com certeza, contribuem para essas ocorrências. “Normalmente eu não agiria assim, mas o chefe mandou eu tenho que cumprir”, infelizmente essa é uma frase muito comum nos meios públicos. Vale lembrar que os oficiais nazistas no famoso Julgamento de Nuremberg, de crimes cometidos contra a humanidade, usaram o argumento de que não podiam ser culpados por mandar judeus para a morte nas câmaras de gases por que eles tinham que obedecer ordens de seus superiores! …

O terceiro aspecto mais observado está relacionado à obtenção de privilégios em função de vínculos com políticos ou autoridades, da mesma forma que acontece com os amigos e familiares. A pessoalidade bate com força na porta de novo! Ter um padrinho forte é um enorme alavancador para o alcance de objetivos particulares e ilícitos. Os casos envolvendo representantes do Legislativo e do Judiciário pipocam na mídia com frequência. Recentemente, o Presidente da Câmara Arthur Lira foi acusado de usar o primo na Presidência da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Paranaíba – CODEFASV para beneficiar prefeitos aliados com verbas oriundas do chamado orçamento secreto.

Os demais aspectos mais observados na Pesquisa estão relacionados a priorizar interesses não legítimos nas estratégia e projetos públicos (39,16%), aceitar dinheiro e presentes de particulares (19,94%), contratar uma empresa por que mantem vínculo remunerado ou de amizade com alguém dessa empresa (19,76%), ceder a pressões de lobby (19,65%), favorecer particulares em compras ou contratações públicas (17,99%) e solicitar ou pedir presente para cumprir as funções públicas (8,1%).

Conforme comentei acima, inúmeras outras informações importantes foram divulgadas e disponibilizadas publicamente nesse relatório, é só pesquisar neste link. Bom seria que ele servisse de base para a implantação de um plano de ação que coibisse de forma preventiva, objetiva e severa toda e qualquer forma de desvio citado. Que os gestores públicos estejam atentos!

Quem tem ouvidos que ouça!

Cesarius Gestão de Pessoas, investimento permanente no desenvolvimento do ser humano!

Picture of Júlio Vasconcelos
Júlio César Vasconcelos, Mestre em Ciências da Educação, Professor Universitário, Coach, Escritor e Sócio-Proprietário da Cesarius Gestão de Pessoas
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