A mensagem e o mensageiro: Diálogo em crise

Nos últimos tempos, os numerosos debates envolvendo governantes, líderes políticos e de diversas outras esferas sociais e cidadãos em geral, com temas relacionados à moral e à ética, às eleições, à economia, à saúde, ao meio ambiente, aos sistemas capitalista e comunista e a diversos outros assuntos similares tem aquecido o cenário nacional e mundial, principalmente com o crescimento incomensurável do poder da mídia.

O centro das discussões, numa dualidade radical, extremada, absurda e com fortes tendências ao crescimento com a chegada das eleições no Brasil, está focado no nosso atual Presidente da República, Jair Bolsonaro, com o seu maior adversário e desafeto, o Ex-Presidente da República, Luiz Inácio da Silva, o Lula. Desde que me entendo como gente, não me lembro de ter visto tanto ódio e radicalismo estampado através de pensamentos, palavras, mensagens, vídeos, fotos, atos e atitudes, beirando ao fundamentalismo xiita.  No rol das discussões, vem em pauta a ditadura que assolou traumaticamente o nosso País durante 20 anos, com alguns negando cegamente a existência histórica do regime ditatorial militar e defendendo a sua volta, o ódio ao comunismo, mesmo sem nem saber do que estão falando (alguns nem sabem quem foi Karl Marx e nunca ouviram falar do Manifesto Comunista ou do clássico “O Capital”), a eficácia ou não do sistema de vacinação (a maioria sem entender absolutamente nada de medicina ou infectologia), o uso de máscaras, o isolamento social, Deus, Política e Gestão (“Brasil acima de tudo, Deus acima de todos” é o lema do atual Presidente) e outros temas similares.

O maior problema não está na discussão desses temas em si, que sempre existiram e vão continuar existindo, mas da forma como são tratados. O problema surge quando os atores envolvidos “embolam o meio de campo” e confundem a mensagem com o mensageiro, passando escancaradamente para acusações mútuas, ataques pessoais, às vezes de baixo calão e até rompimento de relacionamentos, às vezes familiares ou de grandes amizades.

A mensagem é uma forma de expressar aquilo que uma pessoa pensa e acredita, de acordo com o seu nível de conhecimento, baseado em seus princípios, crenças e valores. O mensageiro é a pessoa que emite essa mensagem! Num sistema democrático como o nosso, o livre debate de ideias com as manifestações públicas ou privadas através de qualquer meio de comunicação é necessário, recomendável e positivo, pois promove o crescimento, desde que haja respeito e não se confunda um com o outro, ou seja, a mensagem com o mensageiro e essa confusão vem acontecendo com frequência nos últimos tempos. Quanto menor o nível de maturidade e amor ao próximo, maior os ataques aos mensageiros e menor atenção às suas mensagens! Então, vejamos.

Um grande número de bolsonaristas fanáticos acusam literalmente de forma personalizada o Lula (mensageiro) de ladrão, corrupto, recebedor de propina e comunista, apelidando seus seguidores pejorativamente de “petralhas”! Por outro lado, um grande número de Lulistas também fanáticos acusam literalmente e também de forma personalizada o Bolsonaro (outro mensageiro) de charlatão, prevaricador, ditador, nazista e homofóbico, apelidando pejorativamente seus seguidores de “bolsomínios”! Nessa confusão, em uma mesma família, irmãos rompem radicalmente relacionamentos entre si acusando-se mutuamente de “bolsomínios” e “petralhas”! Políticos acusam-se de dedo em riste e de forma violenta de traidores da Pátria ao vivo e a cores! Líderes católicos e leigos defensores de ambas os partidos digladiam entre si, ameaçando-se com o fogo do inferno e acusando-se de forma desrespeitosa. Evangélicos discordam radicalmente entre si acusando o Presidente de utilizar indevidamente a religião para respaldar seu governo e por aí vai, só Deus sabe até onde! Tratar as pessoas que pensam diferentes de nós de forma desrespeitosa e destemperada como inimigos é uma verdadeira atitude de ignorância, além do mais, acusações extremadas e sem fundamento podem caracterizar crimes de calúnia, injúria e difamação, portanto, devemos ter foco na mensagem e não no mensageiro!

Uma pesquisa eleitoral divulgada pelo DataFolha em dezembro de 2021 atingindo 3.666 eleitores em 199 cidades indicou que Lula tem 59% de votos contra 30% de Bolsonaro. Se fizermos uma análise rápida, considerando que o Brasil tem cerca de 147 milhões de eleitores e levando em conta as acusações aos mensageiros citadas acima, podemos concluir que cerca de 86 milhões de brasileiros lulistas apoiam ladrões, recebedores de propina, corruptos e comunistas e 44 milhões bolsonaristas apoiam charlatães, prevaricadores ditadores, nazistas e homofóbicos! É realmente um quadro muito assustador! É como perguntar ao réu se ele prefere morrer na guilhotina ou na forca! Sinceramente, não dá para acreditar: com certeza, tem muita gente boa dos dois lados e estão confundindo os mensageiros com as mensagens. Se não houver uma mudança de rumos, corremos fortes riscos de estarmos caminhando para a autodestruição!

Que as Palavras dos Santos Evangelhos iluminem nossos caminhos para que consigamos sair livres, em paz e ilesos desse debate infernal!

Quem tem ouvidos que ouça!

Cesarius Gestão de Pessoas: investimento permanente no desenvolvimento do ser humano!