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Hoje é sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Uma chance à Paz

Os textos publicados na seção “Colunistas” não refletem as posições da Agência Primaz de Comunicação, exceto quando indicados como “Editoriais”

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Sangue, suor, morte, guerra cibernética, fria, sanguinolenta. Não vejo flores nem folhas verdes no vaso. Grama esturricada, sol esmaecido, ora quente, ora morno, ora nublado, ora esfumaçado. Bombardearam hospital e prédios escolares na Ucrânia. Crianças debilitadas se escondem no porão do hospital, em camas improvisadas em um corredor. O foco é a sobrevivência. Rússia bombardeia Ucrânia. Hackers ucranianos contra-atacam. Civis e presidiários se preparam para a guerra. Quinhentas mil pessoas fugiram da Ucrânia. COVID-19 não trouxe paz ao mundo nem tocou a sensibilidade do homem. Não nos livramos do pior vírus da humanidade: o ódio. Não há força virótica mais agressiva e mortal do que o ódio! Mães carregam seus filhos no meio do caos, da fumaça, da morte, do sangue, dos projéteis e das bombas de fragmentação. O mundo precisa ser governado pelo homem do campo; aquele que ara, planta, colhe e cuida da terra. O homem-intelectual vai extinguir a raça humana, a flora e a fauna, com seu desejo doentio de posse e poder. A guerra é indefensável; quem dissemina morte e destruição deve perpetuar-se na prisão ou ser expulso da vida. Amanhã será mais um dia de milhares de mortes e notícias ruins. Hoje caminha para o fim, sem riso, graça e alegria. Carnaval adiado, ruas lotadas (apesar dos decretos de não festejos), festas particulares varam a noite. Não dancei nem pulei. Meu bloco foi gelo no copo com água ou vinho. Não há riso, não há quanta alegria, são mais de milhares de mortes! Observo as ruas do meu bairro. Um vizinho olha o movimento. Semblante contemplativo e sisudo. Está chocado com a guerra promovida pela Rússia. Desligo a televisão. Doem-me as notícias. Dói-me assistir o caos e a violência em tempo real. Não tenho motivos para pular carnaval dentro de casa, nem comemorar os dias atuais. Rezo. Solidarizo-me com as vítimas, com o sofrimento e as lágrimas de crianças, jovens e idosos. As lágrimas da jornalista me comovem. Choro. São milhares de mortos. Mortos pela guerra, mortos pela COVID, mortos por acidentes, mortos por doenças graves… Rotina de medo. Uma mulher pede para o soldado: deixem seus equipamentos e saiam daqui, vão embora”. O soldado mantém-se em silêncio com a arma abaixada. Não sei o que se passa na cabeça dele. Bombas matam civis e crianças. Pouco importa para Putin se crianças e civis morrem. Pouco importa para quem arremessa bombas. Pouco importa o alvo. Harmonia, pouco importa! Uma sombra cinzenta e sombria paira no ar. Viver nas chuvas destruidoras de projéteis, não é viver. Redesenhei-me depois das perdas, das mortes inadiáveis e previsíveis. Perdi um pouco de mim, mas ganhei novas matizes. Reencontrei-me com outras necessidades: aprender a mudar planos, traçar novas rotas e me adaptar a outras ‘molduras’ da vida. Crianças choram no porão do hospital. Enfermeiras e mães embalam seus filhos e pacientes. Crianças protegidas do caos da guerra em ambientes fechados, escuros e abafados. Choro é nossa primeira manifestação de vida. Deixo a lágrima rolar. Liberto lágrimas, para desafogar tristezas acumuladas. Ucrânia não está isolada nem sozinha nessa guerra espúria de Putin. Há milhares de corações e povos do lado do país que sofre bombardeios diários. A violência e as bombas são meios de alcançar o poder para os covardes que usam armamento pesado. Custe o que custar, pois o que importa é o meio para alcançar o poder, o caos, o sofrimento e a disseminação da morte. Que a Paz seja pauta do diálogo antes que a guerra se dissemine pelo mundo. Finalizo este texto com o adminículo poema do professor José Benedito Donadon Leal, que clama uma chance à paz

 

Todas as vozes já me contaram

Todas as bocas já me calaram

Todas as vistas já me secaram

Todas as vestes já me despiram

 

Todos os focos me apagaram

Todas as loterias me perderam

Todos os juízes me condenaram

Todos os pastores me prenderam

 

Todos atiraram todas as pedras

Todos atearam todos os fogos

Todos hastearam todos os panos

Todos rastrearam todos os planos

 

Com modificação do texto original:

Acuados, imploramos aos RUSSOS:

Que tal permitir CESSAR DOS FOGOS?

Que tal permitir A PAZ?

Picture of Andreia Donadon Leal
Andreia Donadon Leal é Mestre em Literatura, Especialista em Arteterapia, Artes Visuais e Doutoranda em Educação. Membro da Casa de Cultura- Academia Marianense de Letras, da AMULMIG e da ALACIB-MARIANA. Autora de 18 livros
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