Encontros e despedidas
“O trem que chega é o mesmo trem da partida, a hora do encontro é também despedida. A plataforma dessa estação é a vida desse meu lugar, é a vida desse meu lugar, é a vida”... (Milton Nascimento)
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Há cerca de mais de um ano atrás, depois de mais de 40 anos de convivência simbiótica em um clima de profundo amor e muita harmonia, aos 59 anos de idade, minha esposa partiu para os Braços do Pai. Terça-feira passada, depois de 63 anos de convivência em um clima de admiração, respeito e aprendizagem, aos 97 anos de idade, foi a vez de meu pai.
O primeiro Grande Encontro com meu pai, quando cheguei nesse mundo, se deu no dia 28 de fevereiro de 1959, dia de seu aniversário. Ele dizia que eu era um presente de Deus para ele. Sempre tentei ser esse presente procurando estar presente, principalmente nos últimos tempos; às vezes penso que poderia ter sido mais! … No dia 01 de março de 2022, um dia depois do nosso aniversário, foi nossa Despedida. Ficou o “presente de Deus”, foi-se o “presenteado”!
O magnífico e celestial Grande Encontro com a minha esposa se deu no dia 19 de dezembro de 1981, aos 22 anos de idade, quando recebemos o Sagrado Sacramento do Matrimônio. Foi o mais belo e o maior de todos os presentes que recebi de Deus na minha vida! Guardei com um profundo amor e carinho esse presente por quase quarenta anos; queria ter guardado mais!… No dia 26 de outubro de 2020, menos de um mês antes de comemorarmos nossas Bodas de Mármore, foi nossa Despedida. O magnífico brilho do mármore não pode ser celebrado juntos! Foi-se o “presente de Deus”, ficou o “presenteado”.
Entre dores e reflexões, pensei que ela tinha partido muito cedo e ele mais tarde, mas depois passei a me perguntar o que é o “cedo” e o que é o “tarde” nessa vida que é um verdadeiro trem-bala, visto que o tempo passa como um sopro e aperta no peito, da mesma forma, a dor e a saudade.
Em busca de algum conforto, ouvi alguém dizer que o contrário de vida não é morte! O contrário de morte é nascimento. Todos nós nascemos e morremos, mas nós somos seres eternos! Para nós, crentes que somos, essa vida que vivemos por aqui continua em outra dimensão de uma forma inimaginavelmente e incomensuravelmente plena de amor e felicidade, para aqueles que cumpriram sua missão com maestria, plantando boas sementes.
Em busca ainda de mais conforto, nas minhas reflexões, fico imaginando como será o dia do Reencontro, quando teremos oportunidade de rever todos os nossos entes queridos, sem mais Despedidas! Nessas reflexões rogo a Deus para que ilumine sempre o meu caminho, para que eu procure com retidão plantar também boas sementes, tocando em frente à luz dos belos exemplos de vida que eles nos deixaram.
Como dizia o grande poeta Quintana: “A morte, que venha a morte! Eu não tenho medo da morte! Eu tenho medo é de perder a vida”.
Que nossos Encontros e Despedidas sirvam para que nunca percamos nossa vida!
Quem tem ouvidos que ouça!
Cesarius Gestão de Pessoas, investimento permanente no desenvolvimento do ser humano.