O perigo das falácias

Recentemente recebi um vídeo, entre os muitos que recebo, de um professor, que me recuso a citar o nome para não dar ainda mais ibope, defendendo abertamente e de forma radical a extinção do Supremo Tribunal Federal, a exoneração de seus membros e a criação de um novo Tribunal com uma denominação diferente da atual, que ele julga mais adequada. Na sua fala ferina, chama o Supremo de “cancro” e os seus magistrados de covardes, mentirosos e sem critérios morais. Além disso, o professor, julgando-se o dono da verdade absoluta, defende ainda o Deputado Roberto Jefferson, condenado por crimes de calúnia, difamação, injúria, incitação ao crime, apologia de crime, associação criminosa, denunciação caluniosa, cujas penas poderiam superar os 60 anos de prisão e as fake news, em nome de uma suposta liberdade de expressão, onde o cidadão teria o direito de dizer indiscriminadamente, maquiavelicamente e inescrupulosamente, sem qualquer tipo de censura, o que lhe viesse na cabeça, destruindo a vida das pessoas.

Preocupado com os rumos que as declarações do professor podem tomar na cabeça de alguns cidadãos menos esclarecidos ou incautos, vejo me impulsionado a fazer algumas considerações a respeito do assunto.

Nos últimos tempos temos observado que estão aparecendo muitos falsos sábios por aí, subindo nos palcos, se travestindo de “doutores” e pregando coisas absurdas como se fossem donos das verdades absolutas, confundindo a cabeça das pessoas e, infelizmente, levando-as a acreditar que o que eles dizem está perfeitamente correto. E olhem que temos muita gente boa deixando-se levar por aí! Precisamos estar muito atentos!

Evidentemente que não existem instituições perfeitas! Os órgãos institucionais, quer seja do Executivo, do Legislativo ou do Judiciário, são compostos por seres humanos e, portanto, sujeitos a erros, por mais que se cuidem, como qualquer outro. É muito simplório e inconsequente advogar que simplesmente extinguindo esses órgãos, exonerando seus membros e criando outros com nomes supostamente diferenciados, iremos resolver os problemas do nosso País. Mudam-se os nomes, mas a matéria-prima continua a mesma: o ser humano! Se essa fosse a solução, por tabela, os desafetos extremados do atual Presidente da República, iriam extinguir a República Federativa, criar um outro nome que mais lhe conviessem e colocar outro presidente no lugar! Da mesma forma, iriam também fazer com o Senado e com a Câmara de Deputados! Aliás, é o que mais desejam os defensores do retorno do regime militar e da ditadura!

O Supremo Tribunal Federal é composto por 11 membros, de notável saber jurídico e reputação ilibada, escolhidos pelo Presidente da República entre os cidadãos com mais de 35 e menos de 65 anos de idade e aprovados na Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal. Importante também se considerar que, entre os membros atuais, 01 foi indicado por Fernando Henrique Cardoso, 03 por Lula, 04 por Dilma, 01 por Temer e 02 por Bolsonaro! Se formos admitir que todos os membros atuais são as figuras deploráveis que o professor cita, o que é um absurdo, então teremos que admitir que todos os demais atores citados também estão no mesmo barco, inclusive o atual Presidente da República, que foram os responsáveis por colocá-los lá! Portanto, se isso for realmente verdade, teremos que admitir que o nosso sistema democrático está completamente e perdidamente falido!  Um “belo prato” para os amantes dos tempos de chumbo da ditadura militar!

A evolução tecnológica dos tempos contemporâneos possibilitou a circulação da comunicação de forma nunca antes imaginável, trazendo uma série de benefícios, mas ao mesmo tempo, de malefícios, dependendo de como e por quem esses recursos são utilizados. Precisamos ter muito cuidado com o que os nossos ouvidos ouvem e os nossos olhos veem, por que a realidade pode estar sendo sub-repticiamente manipulada e as consequências podem ser muito graves e desastrosas.

Cesarius Gestão de pessoas: investimento permanente no desenvolvimento do ser humano.