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Hoje é sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Ainda refletindo sobre o desarmamento

“Embainha a tua espada; pois todos os que lançam mão da espada, pela espada morrerão! (Mt, 25-52)

Os textos publicados na seção “Colunistas” não refletem as posições da Agência Primaz de Comunicação, exceto quando indicados como “Editoriais”

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Recebi vários comentários no meu Whatsapp e no Facebook sobre o meu último Artigo versando sobre desarmamento, publicado aqui nessa página da Agência Primaz de Comunicação. Para minha surpresa, a grande maioria se posicionou frontalmente contra o desarmamento e alguns até, em um dualismo exacerbado, misturando política com a questão. Se me permitem meus caros leitores, gostaria de tecer aqui algumas novas reflexões a respeito do assunto.

Já disse outras vezes e repito: não sou dono da verdade absoluta e nem quero ser. Evidentemente que também não sou a favor da bandidagem e nem de deixar a população à mercê dos bandidos, isso é estupidez! Aqueles que entenderam dessa forma, estão totalmente equivocados. Sou sim a favor da paz! Minha tentativa foi e é de trazer algumas reflexões em pauta, explorando o espírito evangélico, democrático e respeitoso que deve existir entre todos nós brasileiros, independentemente de qualquer partidarismo ou divergência de opiniões.

Entendo que a proposta de acabar ou restringir o problema da criminalidade flexibilizando de maneira extremada a distribuição de armas para a população civil não resolve o problema, não ataca a causa fundamental e sim a sua consequência, gerando ainda mais violência. Antes de flexibilizarmos o armamento dos cidadãos despreparados em nome da manutenção da segurança pública, deveríamos nos perguntar o porquê da existência da criminalidade e agir de forma estratégica, preventiva e efetiva na raiz do problema e a raiz do problema está na enorme desigualdade social que impera e sempre imperou no nosso País.

Segundo o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas – IPEA, o Brasil está enquadrado entre os dez países mais desiguais do mundo, os 1% mais rico detém mais do que o dobro da renda dos 40% mais pobres. Com toda certeza, essa desigualdade traz fortes consequências maléficas relacionadas à educação, à saúde, à alimentação, ao trabalho, à moradia, ao transporte, ao lazer, à segurança, à previdência social, à proteção à maternidade e à infância e à assistência aos desamparados, aliás direitos esses assegurados no Artigo 6º da Constituição Federal. Quem duvidar, é só ir lá para ver.

É um fato comprovado que a criminalidade tende a desaparecer onde impera a justiça social! Em um mundo utópico onde todos tivessem direitos iguais, com certeza a criminalidade estaria enquadrada em níveis excepcionalmente muito mais baixos do que estamos vivenciando. Infelizmente, ainda vivemos na contramão da história, em um País onde imperam pensamentos absurdos que pregam abertamente que bandido bom é bandido morto, que violência se combate com violência e que a polícia precisa matar mais para conseguirmos a paz!

Por mais que nos incomode, não podemos esquecer que vivemos no maior país católico do mundo e nossos posicionamentos não podem deixar de levar em consideração alguns ensinamentos evangélicos e o Evangelho de Mateus, Capítulo 25, Versículo 52 pode nos ajudar muito a refletir sobre o tema. Quando os soldados chegaram para prender Jesus no Jardim do Getsêmani, Pedro imediatamente sacou de uma espada e cortou a orelha do soldado Malco, que abruptamente levava o Nazareno amarrado para o julgamento e posterior crucificação. Nesse exato momento, sem titubear, Cristo ordenou severamente a Pedro:

“Embainha a tua espada; pois todos os que lançam mão da espada, pela espada morrerão! (Mt, 25-52).

E, como se não bastasse, Jesus ainda disse “Basta” e tocando na orelha do homem, o curou. (Lc, 22-51).

Por mais que contestem alguns incautos ou incréus, essa lição não pode se negligenciada! É importante observar que Jesus, em uma condição terrivelmente extrema, mesmo sabendo que iria ser injustamente flagelado, macerado e crucificado, não recorreu às armas e muito menos permitiu que seus discípulos recorressem à elas para defendê-lo! Levou Seus ensinamentos até as últimas consequências, em nome do amor e da paz! Não é à toa que ao longo da história seus ensinamentos ganharam raízes: Gandhi, Tereza de Calcutá, Luther King, Francisco de Assis, o nosso atual Francisco e outros mais!

Utopia, dirão uns! Forma de interpretação equivocada, dirão outros mais e eu prefiro reforçar os ensinamentos evangélicos:  “pois todos os que lançam mão da espada, pela espada morrerão! ”…

Quem tem ouvidos que ouça!

Cesarius Gestão de Pessoas, investimento permanente no desenvolvimento do ser humano!

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Júlio César Vasconcelos, Mestre em Ciências da Educação, Professor Universitário, Coach, Escritor e Sócio-Proprietário da Cesarius Gestão de Pessoas
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