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Hoje é sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Arremessando Alto e a facilidade de Adam Sandler em mostrar que é bom

Novo filme do ator de comédias já faz sucesso e coloca o astro na rota das grandes atuações do ano. Mas é para isso mesmo?

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Há um evento cíclico no cinema que ocorre já tem um tempo. A cada dois anos, aproximadamente, Adam Sandler lança um filme em que as pessoas o colocam em um patamar de atuação que nem sempre o vemos.

Os Meyerowitz, de 2017, Joias Brutas, de 2019, e agora Arremessando Alto são exemplos recentes. Acostumado a estrelar filmes como Click, Gente Grande, Esposa de Mentirinha e O Paizão, Adam tem, de fato, uma fama não muito grata: a de interpretar sempre o mesmo personagem em filmes que parecem iguais.

Arremessando Alto foge desse padrão. Vivendo um olheiro da NBA, Adam é Stanley e tem o desafio de achar um novo astro do basquete em alguma parte do mundo para conseguir o cargo de técnico em seu time.

Acaba achando Bo Cruz, um homem operário da Espanha que impressiona nos desafios das quadras de rua em sua cidade.

Contra a sua diretoria, ele leva Bo para os testes, a fim de ser o cara por trás de uma nova estrela da NBA.

A premissa simples, na verdade, é familiar em outros filmes esportivos: você tem uma descoberta de alguém completamente desacreditado, apresenta ao mundo, cria desconfiança, há uma passagem de tempo ilustrado por treinos e então ele tem um grande desafio contra alguém mais poderoso.

É fácil lembrar, por exemplo, em Rocky, um Lutador, clássico de Sylvester Stallone, que segue esse mesmo modelo.

Mas, convenhamos: filmes assim encantam, entretêm e entregam exatamente o que alguém fã de esporte espera.

O grande destaque aqui, no entanto, não é só a história. É também a atuação de Adam Sandler. Posso afirmar sem muito medo de que ele é um dos atores que menos precisam se esforçar para mostrar que é bom. E não é uma questão de talento. É que, de maneira geral, a imagem que o ele criou não é das melhores.

Adam, em Arremessando Alto, não tem uma atuação monumental. Ele faz um básico sem nem precisar apelar para a carisma ou piada forçosas de um adulto de 50 e poucos anos, que ainda acha que tem 17.

Ele é exatamente um homem com um problema que precisa solucionar e ele faz isso com uma atuação segura que não impressionaria se fosse alguém conhecido por bons papeis.

Não é menosprezando o trabalho do ator. Ele está bem, não lembra muito os seus antigos filmes e seu personagem é complexo. É sim uma atuação acima da média — ainda que eu ache Joias Brutas seu melhor papel (e vale a pena, está na Netflix).

A percepção nesse tipo de trabalho como é a atuação, muitas vezes passa por julgamentos subjetivos, bem como tudo envolvido em alguma expressão de arte.

Dizer que Adam Sandler é um bom ator pode passar por isso, mas não é muito pretensioso de que ele já mostrou isso para filmes além dos citados. Talvez o que lhe falte é mesmo filmes menos… como posso dizer… menos iguais (?).

As comédias de Sandler podem ter fãs e depreciadores, mas algo que todos os públicos podem concordar é sobre o que ele entrega quando parte para o drama, que é bom, e deixar de se impressionar com isso.

Quer apostar uma coisa? Espere uns dois anos e Adam Sandler voltará a ser ovacionado por uma boa atuação no drama.

É batata.

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Kael Ladislau é Jornalista graduado pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).
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