Encontros e Despedidas – Novas reflexões

A nossa vida é um palco onde vivemos constantemente entre encontros e despedidas. Há cerca de dois anos atrás, depois de mais de 40 anos de uma convivência profundamente harmoniosa, minha esposa, aos 59 anos de idade, partiu para os Braços do Pai, vítima de uma doença cardíaca rara. Deu o último suspiro em meus braços! Em março desse ano, foi a vez do meu pai aos 98 anos de idade. Acompanhei também passo a passo sua partida até os últimos momentos. Agora, recentemente, foi a vez da minha mãe, portadora de Mal de Alhzeimer e vítima de um ataque cardíaco fulminante. Fui um dos primeiros a ver e tocar seu corpo inerte no leito de morte! Nesse mesmo período, além disso, infelizmente, vi vários amigos contemporâneos partirem e assim caminha a humanidade! Como se pode observar, nos últimos tempos meu palco foi cenário de grandes e dolorosas despedidas e a plataforma é a vida desse meu lugar, relembrando a tão famosa canção do mestre Milton Nascimento.

Tem horas que a saudade corta feito aço de navalha. De vez em quando, nós irmãos e amigos saudosos dos tempos de outrora trocamos algumas mensagens e abraços buscando um pouco de conforto uns nos outros. Entre soluços e lágrimas um dia desses, durante minhas reflexões, “by myself”, como dizem os ingleses, veio-me à mente um belíssimo e marcante pensamento atribuído ao grande Fernando Pessoa: “De tudo ficaram três coisas: a certeza de que estamos começando, a certeza de que é preciso continuar e a certeza de que podemos ser interrompidos antes de terminar”.

Refletindo sobre esse belo enunciado e me aprofundando na sua mensagem, como um velho boiadeiro tocando sua boiada, me vejo seguindo em frente, fazendo da interrupção um novo caminho, da queda, um passo de dança, do medo, e confesso que são muitos os meus medos, uma escada e do sonho, uma ponte, ou melhor, dos meus sonhos, várias pontes. Aliás, vale lembrar aqui também o pensamento do famoso psiquiatra, professor e escritor Augusto Cury falando sobre os sonhos: “Sem sonhos a vida é uma manhã sem orvalhos, uma xícara sem café, um céu sem estrelas, um oceano sem ondas, uma vida sem aventuras, uma existência sem sentido.” E eu sigo em frente lutando para transformar meus novos sonhos em realidade. Nova vida, novos amigos, novos caminhos, novos amores… E é vida que segue…

Tenho plena consciência de que muitos outros encontros e despedidas irão acontecer e já estão acontecendo pelo meu caminho, até que um dia, só Deus sabe quando, chegue a minha vez e eu, nessa mesma plataforma ou em outra, também me despeça e possa reencontrar com os entes queridos em outra dimensão.

Sem dúvida, é muito confortante acreditar que o contrário de vida não é morte! Nós somos seres eternos! A vida que vivemos por aqui, se bem vivida plantando boas sementes que dão belos e bons frutos, irá continuar em outra dimensão de uma forma inimaginavelmente e incomensuravelmente plena de luz, paz, amor e felicidade.

Relembrando a religiosa Irmã Míria Kolling na sua bela canção: “Os olhos jamais contemplaram, ninguém sabe explicar o que Deus tem preparado para aquele que em vida o amar”. Sei que nesse mundo em que vivemos a tristeza e a solidão às vezes nos pegam pelo pé e parece que a vida não faz sentido, mas sei também que isso tem que ser passageiro como um relâmpago. A dor e o sofrimento são poderosos instrumentos para o nosso amadurecimento e que no mais profundo do nosso âmago reina um Ser Maior que chamamos de Pai que cuida de nós e nos traz sempre força, fé e esperança para seguirmos em frente pelas estradas da plataforma da estação desse nosso lugar!  O segredo é acreditar e seguir plantando amor, paz, harmonia e diálogo por onde quer que sigamos nessa nossa estrada, principalmente nesses momentos turbulentos que estamos vivendo!

Quem tem ouvidos que ouça!

Cesarius Gestão de Pessoas, investimento permanente no desenvolvimento do ser humano!