Reflexões sobre o nosso contexto atual: entre o dualismo exacerbado e os debates destemperados
“Ouvistes o que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo. Eu vos digo, porém: Amai vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem” (Mateus 5:43–44).
Os textos publicados na seção “Colunistas” não refletem as posições da Agência Primaz de Comunicação, exceto quando indicados como “Editoriais”
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Independentemente de qualquer partidarismo, radicalismo ou ideologia fundamentalista e com todo o respeito que merecem todos os nossos eleitores, confesso que torci para que não caíssemos nesse dualismo exacerbado que estamos vivenciando em termos de eleições presidenciais nestes últimos dias. Acredito realmente que tínhamos melhores opções além dos dois candidatos que vem se apresentando com ataques pessoais, acusando-se mutuamente e declaradamente de mentirosos um ao outro, deixando em segundo plano propostas que poderiam trazer o progresso para o nosso País. Fico me perguntado qual dos dois falou mais ou menos mentiras! Entre as acusações de nazistas e comunistas, fica muito difícil escolher de que lado ficar. Creio que a democracia deva ser algo mais madura e respeitosa do que estamos vivenciando.
O diálogo, o respeito e o amor fraterno são premissas fundamentais para que se chegue a um bom termo em casos de ocorrências de conflitos entre litigantes, principalmente entre lideranças que deveriam nos trazer bons exemplos. Infelizmente, os fatos demonstram que não é isso o que estamos vivenciando. Os ataques pessoais e as fake-news que presenciamos na TV e nas redes sociais reverberam pelos outros meios, trazendo discórdia, desunião, perdas de amizades e assassinatos.
Desde que me entendo como gente, nunca vi tanto ódio espalhado pelo nosso País. As manchetes de agressões verbais, físicas e perdas de vidas humanas por causa de politicagem pipocam pelas mídias. Em julho de 2022, o bolsonarista Jorge Guaranho invadiu uma festa em Foz do Iguaçu e matou a facadas o petista Marcelo Arruda. Recentemente, em outubro deste ano, na cidade de Itanhaém, como em um filme de terror repetindo a cena e mudando os personagens, o petista Luiz Antônio Ferreira da Silva confessou ter matado também a facadas o amigo boslsonarista José Roberto Gomes, dentro de sua casa, após ele ter afirmado que todo petista era ladrão.
Em uma busca rápida pelo Google identifiquei 6.420 resultados relacionados ao título “Bolsonarista agride Lulista”. Da mesma forma, pesquisando “Lulista agride Bolsonarista” encontrei 7.840 resultados! Pode-se observar que a disputa está ferrenha para ver quem agride ou mata mais que o outro.
Em outubro de 2021, em plena Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, o Deputado Frederico D’Àvila do PSL, partido que apoia o Presidente Bolsonaro, chamou publicamente e declaradamente o Arcebispo de Aparecida Dom Orlando Brandes, o Papa Francisco e a CNBB de vagabundos, safados, canalhas e pedófilos. Se continuarmos desse jeito, apesar do pouco tempo que temos para a eleição final, tenho até medo de pensar onde vamos parar!
Como se não bastasse as ocorrências na mídia, os ânimos estão também muito exaltados bem próximos de nós! Já vi festas familiares onde deveria prevalecer um clima de confraternização, de alegria e harmonia acabarem abruptamente por causa de manifestações destemperadas proferidas por expoentes radicais de ambos os lados. Só não houve porrada porque os patriarcas e a turma do “deixa-disso” entraram para separar. Já vi irmãos cortarem o relacionamento um com o outro por que um é petista e o outro bolsonarista, aliás petralhas e bolsomínios, como pejorativamente eles se apelidam para acirrar ainda mais os ânimos! Já vi grupos de whatsapp com foco em oportunidades de emprego, estudos, trocas de experiência, filantropia e ajuda mútua perderem membros extremados porque pervertem o uso do espaço e se julgam os donos da verdade, querendo convencer uns aos outros a abraçarem cegamente a sua ideologia partidária.
É triste e assustador ver isto tudo acontecendo dentro de um País que se diz majoritariamente católico e onde o número de evangélicos vem crescendo significativamente. Fico me perguntado que deus é este que uma grande maioria tanto afirma acreditar nos púlpitos, nas praças e nos lares! Com certeza, não é o Deus dos Evangelhos de Jesus Cristo que ensina declaradamente a prática da paz, da harmonia e do amor não só entre os amigos, mas também com os inimigos! Como dizia Madre Tereza de Calcutá, o mais difícil não é amar o próximo, mas amar o “distante”.
Quem tem ouvidos que ouça!
Cesarius Gestão de Pessoas, investimento permanente no desenvolvimento do ser humano.