Todo mundo tem uma tristeza na Alma
Os textos publicados na seção “Colunistas” não refletem as posições da Agência Primaz de Comunicação, exceto quando indicados como “Editoriais”
Compartilhe:
Missão impossível ter saúde mental neste século de múltiplas tarefas, noites mal dormidas, desavenças, brigas nas redes sociais, morte batendo à porta, violência nas vielas, competições entre desiguais, cizânias, justiça patinando em análises processuais, pessoas em processos de autoafirmação ou loucura. Precisamos puxar nossos freios, nossas rédeas, para não enlouquecer de estresse; morrer de enfarto, pânico, revolta ou depressão. Que nossa mente possa equilibrar-se em rodopio veloz e preciso de bailarina dependente de ribalta em noite de lua minguante. Trajo luto no peito dorido em tardes vazias na varanda de casa. Que mistério e força inominável trazem as brumas que engolem as nuvens algodoadas? Minha infância esvai-se na última batida do coração de mãe: cardiopatia! Sufoco meu egoísmo para vislumbrar mãe bater suas asas para o infinito, livre, solta, liberta. Que céu borrado recebe meus sonhos? O inconsciente emerge em pesadelos consecutivos, insônias e tristezas fartas. Minhas sessões de psicanálise e psiquiatria fazem-se necessárias. Limpo o cavalete jogado no terraço. Abro os potes de tintas ressecadas. Tela branca, vazia, imaculada sob mãos que espalham gotas vermelhas, laranjas e verdes. Poucos compreendem o sentido de minhas pinturas de traços soltos e cores vibrantes. Canto músicas da adolescência em sessões de musicoterapia. Freud sabia da imensidão da dor espiritual. Van Gogh desafogou suas tristezas em girassóis impressionistas. Os depressivos nunca foram loucos, só doentes, doentes e engravidados pelas noites insones, vendo o sol nascer, brotar, se esparramar pelo céu. Guardo no rosto expressões de tristeza, mas não sou profundamente triste. Há alegrias escondidas em mim, prestes a explodirem. Meu olhar traz profundezas oblíquas, desconfianças naturais, sombras e luzes. Possuo porte de amor à disposição para quem quiser. Disparo vocábulos, letras e orações, gotas suadas em liberdades de expressão. Faz bem à alma escrever o que o coração sente. Rezem, pelo amor à vida, para espantar a tristeza da mente! Façam terapia. Exercitem o corpo para potencializar a saúde física. Armem-se de livros; de livros de literatura, de autoajuda, de contos de fadas, de aventuras do mundo encantado. Leiam, pelo amor à vida mental e física, todos os dias. Tratem-se, pelo amor de Deus, para abrandar os males do corpo e os arroubos da alma. Cadê a esperança do nosso coração? A poesia. Poesia é oração dos que amam. Poesia salva, aprumando filmes linguísticos para cantar versos de AMOR PULSANTE vinicianos: “amo-te tanto, meu amor… Amo-te como amigo e como amante / numa sempre diversa realidade… / Dentro da eternidade e a cada instante / Amo-te afim, de um canto amor prestante / E te amo além, presente na saudade. / Amo-te enfim, com grande liberdade / Dentro da eternidade e a cada instante…”
Som de sirene de ambulância se silencia nas brumas. Janeiro branco libertou tanta gente. Janeiro branco vai colher outras rosas, outras rosas vão brotar novas esperanças. “Não se curem além da conta, gente curada demais é gente chata!” (Nise da Silveira). Não olhem demais para trás, “quem olha para trás, fica”. Janeiro branco: oração em dobro, cuidado redobrado com a saúde mental. Janeiro branco: livrai-nos das doenças mentais, da depressão, dos arroubos de tristezas e da ira, das crises de pânico e da ansiedade. Todo mundo tem uma tristeza latente na alma. Por isso, vou lhes sugerir: vivam o amor de forma plena. Libertem a imaginação e os sonhos de vocês. A imaginação e o sonho são nossos pontos de equilíbrio, nossa pausa para a fadiga e horrores do cotidiano. Amem-se tanto, amem sua alma, amem-se, enfim, além, na eternidade de cada batida do ponteiro do relógio do tempo presente. Só assim é possível ter saúde mental nesta vida.