Resgate 2: o lado bom e o lado mau de um clichê
Sequência do filme que foi sucesso durante o começo da pandemia, garante à Netflix mais um “prende-a-atenção” em seu catálogo. Não é algo ruim, mas também não é bom.
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Quando “Resgate” chegou ao catálogo da Netflix no longínquo começo da pandemia, muito se elogiou o esforço de mais um passatempo para as pessoas que estavam isoladas em suas casas por conta da Covid-19.
É claro que o sucesso do primeiro garantiria mais uma sequência e tudo leva a crer em uma franquia de algo não exatamente novo: filmes de ação de um herói solitário e másculo em busca de uma redenção.
Em “Resgate 2”, Chris Hemsworth repete o papel de Tyler Rake, um mercenário capaz de abandonar o filho no leito de morte para ir atrás de tiro, porrada e bomba para resgatar o filho dos outros.
Por mais que pareça uma ironia enfadonha, é exatamente essa premissa de vida de Tyler, e justamente ela que o faz viver constantemente em suas culpas do passado e parecer sempre ir atrás de uma redenção.
Nessa nova saga, o personagem precisa resgatar a família de sua ex-esposa de uma prisão, um cárcere que nada mais é do que um privilégio concedido ao irmão de um mafioso bósnio, que aparentemente comanda todo um país.
No entanto, Tyler está em aposentadoria involuntária depois de sofrer as consequências do primeiro filme e não parece muito disposto nem a seguir essa nova realidade, tampouco se aventurar em mais um resgate que parece suicida.
Mas é justamente o passado culposo e a busca por redenção que Tyler vai até a prisão para tirar dos perigos a irmã de sua ex-esposa e os dois filhos dela da garra do mafioso.
É a partir daí que Tyler começa a se enveredar por cenas de ação, muito tiro, muita bomba e muita porrada — inclusive flamejante — em sequências verdadeiramente boas. E está aí algo bom no clichê.
O filme não é nada de novo do que você possa ter já visto em sua vida em filme de ação, mas há de se dizer que as cenas da obra são, de fato, bem-feitas. E pode até compensar todo o resto.
Porque o mal de todo clichê é dizer sempre a mesma coisa. E no caso de uma obra hollywoodiana, parece ser que todo lugar no planeta parece ser vulnerável — e só há um no mundo capaz de ser seguro e o mediador de todo o problema global: os EUA.
É claro que essa não é uma mensagem exatamente clara em Resgate 2, até porque os “americanos” sequer pintam em tela.
Mas as menções e a facilidade que o roteiro induz que os perigos possam acontecer de uma hora para outra em qualquer parte do mundo é cansativo.
Por mais que seja a justificativa de todas as belas cenas de ação — com direito a um plano sequência de quase 20 minutos — esse discurso parece ser algo realmente colonialista, sobretudo quando percebemos eventos como o Tudum, da Netflix, trazendo seus heróis-másculos-e-imortais a países como o Brasil.
“Resgate 2” tira o fôlego em suas cenas, mas cansa no discurso. Velho, cheio de más intenções e totalmente descartado. Como todo clichê.
Mas, ao mesmo tempo, entretém sem fazer muito esforço, com cenas de ação boas e bem construídas, como todo bom clichê.
No fim das contas, cada espectador tem o direito do que pensar sobre cada uma das abordagens. Seria feliz, ao menos, reconhecer o que filmes com esse querem passar a cada um de nós.
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