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Hoje é sábado, 5 de outubro de 2024

As lições de Machu Picchu

“Repaginar o passado, refletir sobre o presente e projetar o futuro: bases indispensáveis para a valorização dos nossos povos ancestrais e para a construção de uma cultura sólida e diversificada”. (Vasconcelos, 2023)

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Ruínas da cidade peruana de Machu Picchu

Recentemente tive a feliz oportunidade de fazer um passeio turístico a Machu Picchu, no Peru, considerada uma das 7 maravilhas do mundo, passando por Lima e Cusco. Realmente, uma experiência fantástica, digna de louvores!

Machu Picchu, um termo de origem Quichua que significa Velha Montanha, também chamada de “Cidade Perdida dos Incas”, é uma cidade pré-colombiana construída por volta de 1420 e localizada a cerca de 2.400 metros de altitude, no vale do Rio Urubamba. Foi totalmente abandonada por volta de 1532 pelos seus habitantes, convocados para combater os espanhóis que tinham invadido a região, comandados por Francisco Pizzaro, segundo consta uma das teorias. Foi redescoberta em 1911 pelo Antropólogo norte-americano Hiram Birmingham que promoveu toda a sua restauração. Em 1983 Machu Picchu foi declarado Patrimônio Mundial da Humanidade e, segundo estatísticas vigentes, hoje recebe cerca de 4 mil turistas por dia, 1,5 milhão por ano!

Residente em Mariana há muitos e muitos anos – apesar de ter me afastado por algum tempo – e cidadão de coração, como me considero, existem alguns aspectos relacionados ao sistema turístico e de infraestrutura que muito me chamaram a atenção no meu passeio e, creio, merecem ser compartilhados, sem querer ser, evidentemente, o dono da razão.

O primeiro deles está relacionado com a forte valorização e destaque da cultura inca em todos os aspectos. Apesar do genocídio e da destruição pelos espanhóis de praticamente todos os templos e construções incas existentes à época, a cultura prevalece de forma marcante no modo de vestir, na culinária, na música, na arte, na literatura, na religião, nos nomes dos restaurantes, dos hotéis, das ruas, das praças e das cidades. Ollantaytambo, Tupana Wasi, Mapacho, Taywa, Calle Aymuraypata, Calle Yauar Husca são exemplos de alguns nomes que tive que me acostumar com a pronúncia mas, sinceramente, fiquei a me perguntar, explorando os aspectos toponímicos: quais os nomes de cidades predominam em nossa região e, mais particularmente, nas ruas de Mariana e por quê? Acho que se tirarmos daqui os nomes de padres, bispos, santos católicos e figurões portugueses das ruas, vai sobrar muito pouco! Absolutamente, nada contra as denominações existentes, mas será que não existiam outros povos por aqui quando os portugueses chegaram ou mesmo depois que chegaram? Onde está a cultura indígena? Será que, além dos nossos aclamados artistas da época colonial, os negros não deram a própria vida para a construção de todos esses magníficos templos que orgulhosamente ostentamos? Será que, a exemplo dos peruanos, não precisamos investir mais na valorização da cultura desses povos que viveram no chão dessa nossa terra e que tantos valores nos deixaram? …

O segundo aspecto está relacionado com a infraestrutura turística. Excelentes lojas e feiras de artesanatos, hotéis, restaurantes e pubs com um cardápio variado, preços accessíveis e atendimento de primeira qualidade. Um aspecto de extrema importância: abertos todos os dias, independentemente do dia da semana! E ainda: guias turísticos muito bem-preparados, com cortesia e um elevado nível de conhecimento, a exemplo da profissional que acompanhou o grupo que eu fazia parte, com graduação em história e especialização em cultura inca! E nós, como estamos nesse aspecto?

Vale ressaltar ainda a enorme quantidade de opções de passeios turísticos bem estruturados, não só para Machu Picchu, mas para diversos outros parques arqueológicos. Inacreditável o número de vans e tuk-tuks circulando pela região, todos lotados de turistas, além do magnífico trajeto até Águas Calientes, próxima à Machu Picchu, através da linha férrea!

Fui para conhecer Machu Picchu e acabei sendo brindado com uma série de outras oportunidades de peso! Creio que, se olharmos ao nosso redor por aqui, com certeza, vamos encontrar uma quantidade enorme de atrações que poderiam ser bem mais exploradas, não só no nosso circuito urbano, mas também na grande quantidade de distritos e atrações que fazem parte do nosso município, com destaque, evidentemente, dos nossos magníficos Picos da Cartuxa e do Itacolomi. A propósito, vale ressaltar que o acesso à portaria de Machu Picchu, a 2.400 metros de altitude, pode ser feito de ônibus através de uma estrada estreita, mas muito bem cuidada, com um belíssimo exemplo de criatividade em termos de logística e engenharia!

Meu sentimento é que temos por aqui um potencial turístico inexplorado muito, mas muito maior do que imaginamos! O que falta é investir de maneira estratégica, sistêmica e integrada fortemente nas nossas heranças históricas e culturais, utilizando de forma adequada os milhões de dólares que – além do que já foi repassado pela linha do tempo – ainda serão repassados pelas nossas grandes mineradoras! Não podemos esquecer que minério de ferro é um recurso não renovável! O turismo de qualidade, com certeza, é uma das grandes soluções, não só por aqui, mas por toda nossa “Terra Brasilis”!

Quem tem ouvidos, que ouça!

Cesarius Gestão de Pessoas, investimento permanente no desenvolvimento do ser humano!

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Júlio César Vasconcelos, Mestre em Ciências da Educação, Professor Universitário, Coach, Escritor e Sócio-Proprietário da Cesarius Gestão de Pessoas
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