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Hoje é sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Por quem eu choro

“Ser ator ou atriz principal no teatro da vida não significa não falhar ou não chorar, mas ter habilidade para refazer caminhos, coragem para reconhecer erros, humildade para enxergar nossas limitações e força para deixar de ser aprisionado pelos pensamentos pessimistas e emoções doentias”. (Augusto Cury)

Os textos publicados na seção “Colunistas” não refletem as posições da Agência Primaz de Comunicação, exceto quando indicados como “Editoriais”

Olho para esse mundão de meu Deus ao meu redor e confesso que às vezes choro! Choro um choro calado, solitário, doído que nasce dentro do peito e ecoa pelos ares!

Choro pela minha esposa que se foi precocemente há cerca de 03 anos, provavelmente vítima dos efeitos colaterais maléficos de um medicamento que seria para curá-la, produzido por um grande laboratório multinacional.

Choro pelo jovem Gabriel Mongenot de 25 anos que recentemente foi assistir um show da cantora Taylor Smith no Rio de Janeiro e foi brutalmente e covardemente assassinado na Praia de Copacabana com 23 facadas, vítima indefesa de um assalto.

Choro pela jovem Ana Benevides, de 23 anos, que morreu por uma parada cardiorrespiratória, provavelmente causada pela elevada onda de calor, durante o mesmo show no Rio de Janeiro.

Choro pelos pais de ambos esses jovens que vão ter que conviver com uma dor dilacerante, lamentando os filhos que partiram!

Choro pela criancinha de 02 anos que, há poucos dias, foi esquecida o dia inteiro dentro de uma Van fechada em um estacionamento, em São Paulo. Choro pelos pais dessa criança que correm o risco de ficarem se martirizando, imaginando o quanto ela sofreu antes de partir.

Choro pelos mais de 9 mil civis mortos na guerra da Ucrânia, entre eles mais de 500 crianças inocentes.

Choro pela morte dos mais de 6 mil civis mortos na guerra de Israel, entre eles quase 3 mil crianças inocentes.

Choro pelo negro Genivaldo de Jesus (!), morto por policiais, asfixiado com gás lacrimogênio dentro de uma viatura policial, em Embaúba, no Estado de Sergipe.

Choro pela ativista iraniana, Narges Mohammadi, condecorada com o Prêmio Nobel da Paz (!) pela sua luta contra a opressão das mulheres no Irã e pela promoção da liberdade e direitos humanos, condenada a 10 anos de prisão e a 154 chibatadas, aplicadas de forma cruel e humilhante em praça pública.

Enfim, choro pela dor de “um mundo de guerras sem fim, que tem medo da bomba que fez e da fé que desfez, mas aponta ‘pra’ mim, como diz o nosso querido Padre Zezinho na sua belíssima canção “Nova Geração”!

Mas meu choro não é um choro pessimista que acha que tudo já está perdido! Meu choro não é um choro de ódio pelos responsáveis por tanta desgraça assim! Meu choro não é um choro melancólico e depressivo, como alguém perdido, sentado à beira do caminho derramando lágrimas que não tem mais fim!

Meu choro é um choro de alguém que segue tocando em frente e que, como dizia o nosso saudoso Gonzaguinha, acredita que a vida deveria ser bem melhor e será e que isso tudo que acontece por aí não pode impedir que a gente repita e insista que ela é bonita, é bonita e é bonita!

Meu choro é o choro de alguém que enxuga as lágrimas, segue tocando em frente e que acredita que nós não viemos a esse mundo para ser meros espectadores, simplesmente lamentando inerte as desgraças que vão acontecendo, mas sim que viemos para sermos protagonistas na construção de um outro mundo, muito melhor, dando o melhor de si mesmo principalmente nas pequenas coisas do dia a dia!

Meu choro é o choro de alguém que acende velas porque acredita que um monte de pequenas velas acesas forma uma grande fogueira!

Meu choro é um choro que acredita que nossa grandeza como seres humanos não está tanto em sermos capazes de mudar o mundo vencendo grandes batalhas ou desafios astronômicos, mas em sermos corajosamente e humildemente capazes de enfrentar nossas fraquezas, transformando a nós mesmos em seres humanos cada dia maiores e melhores.

Enfim, meu choro é um choro cujo eco gostaria que chegasse até você para sensibilizá-lo e transformá-lo verdadeiramente em um arauto da paz, contribuindo efetivamente, de forma concreta, para a construção de um mundo mais justo, mais humano e mais espiritualizado.

Quem tem ouvidos, que ouça!

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Júlio César Vasconcelos, Mestre em Ciências da Educação, Professor Universitário, Coach, Escritor e Sócio-Proprietário da Cesarius Gestão de Pessoas
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