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Hoje é sexta-feira, 22 de novembro de 2024

No dia que Mariana completa 325 anos, a cidade ganha um marco de identificação

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Voltando um pouco na história, marcos de identificação, e de posse territorial nas entradas das cidades e povoações, remontam há muitos séculos e faziam parte da organização e da identificação das primeiras vilas e cidades desde do início da civilização. Ao longo dos tempos, as suas formas de construção e materiais foram variando, mas mantiveram o objetivo de permitir a orientação do viajante e a identificação das vilas e cidades. Muitas vezes lavrados em pedra, hoje são uma referência história da posse destes povoamentos e terras.

Um destes exemplos são as sesmarias lote de terras distribuído a um beneficiário, em nome do rei de Portugal, com o objetivo de cultivar terras virgens. Originada como medida administrativa nos períodos finais da Idade Média em Portugal, a concessão de sesmarias foi largamente utilizada no período colonial brasileiro. Para sua marcação, fincavam um marco de pedra com quatro cruzes (uma em cada face) na margem da estrada para delimitar a posse do proprietário.

A cidade de Mariana, ganha um monumento que reflete muito bem essa tradição de identificação urbana. O monumento artístico construído no canteiro central da rodovia MG 262, em frente ao terminal rodoviário de Mariana, obra do mestre Rinaldo Urzedo e sua equipe, remontando à arte colonial, foi feito para identificação da cidade e orientação do viajante.

Tecnicamente, são dois monumentos que se fundem em um. Construídos em cantaria de pedra e argamassa, e com inspiração nas construções do período colonial mineiro, os monumentos certamente serão mais um atrativo para a cidade.  

O primeiro monumento vertical foi desenhado e construído com inspiração nos chafarizes coloniais, possui quase 15 metros de altura em formato característicos das fontes coloniais, dois pináculos e uma coroa, cornija e um frontão detalhado no melhor estilo colonial. A identificação do nome MARIANA em sentido vertical embeleza o monumento.

Já o segundo, horizontal, é uma homenagem a um dos maiores mestres construtores do período colonial brasileiro, José Pereira da Arouca. Além de construir diversos prédios em Mariana e Vila Rica, o mestre Arouca, em 1782, foi contratado para construir uma nova estrada entre Mariana e Vila Rica. A nova estrada tinha o percurso da Igreja de São Pedro em Mariana, passando pela fazenda do Bucão, em Passagem de Mariana, até o Taquaral, em Vila Rica. O projeto previa a construção de pontes (Bucão e Passagem) e vários chafarizes (São Pedro, Bucão, Passagem e Taquaral). O marco horizontal, é uma homenagem à extinta ponte do Bucão, que foi construída em forma de três arcos. O nome da cidade em sentido horizontal dá amplitude ao monumento.

Os simbolismos são apresentados nos dois monumentos como no uso de esteatito (pedra-sabão) e quartzito na construção, identidade mineira na arte da cantaria. Os três arcos do monumento horizontal são a homenagem do artista à cidade tricentenária de Mariana, cada arco representado um século. O monumento vertical possui na parte superior, um detalhe emblemático, um coroa em metal, que remonta aos marcos coloniais e do Império Brasileiro.  Entre os dois monumentos há uma jardinagem, com plantas decorativas que fazem a ligação dos dois espaços, dando a impressão que são um só.

 

Parabéns ao poder público municipal pela iniciativa e a todos que participaram desta empreitada! Obras como esta nos remetem as pedras e argamassas utilizadas em edificações localizadas nos inúmeros sítios históricos de Minas Gerais, e dão sustentação a um importante patrimônio material, que são um marco da nossa identidade.

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Cristiano Casimiro dos Santos é editor da Revista Mariana Histórica e Cultural
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