Uma chance à Paz
Os textos publicados na seção “Colunistas” não refletem as posições da Agência Primaz de Comunicação, exceto quando indicados como “Editoriais”
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Sangue, suor, morte, guerra cibernética, fria,
sanguinolenta. Não vejo flores nem folhas verdes no vaso. Grama esturricada,
sol esmaecido, ora quente, ora morno, ora nublado, ora esfumaçado. Bombardearam
hospital e prédios escolares na Ucrânia. Crianças debilitadas se escondem no
porão do hospital, em camas improvisadas em um corredor. O foco é a
sobrevivência. Rússia bombardeia Ucrânia. Hackers ucranianos contra-atacam.
Civis e presidiários se preparam para a guerra. Quinhentas mil pessoas fugiram
da Ucrânia. COVID-19 não trouxe paz ao mundo nem tocou a sensibilidade do
homem. Não nos livramos do pior vírus da humanidade: o ódio. Não há força
virótica mais agressiva e mortal do que o ódio! Mães carregam seus filhos no
meio do caos, da fumaça, da morte, do sangue, dos projéteis e das bombas de
fragmentação. O mundo precisa ser governado pelo homem do campo; aquele que
ara, planta, colhe e cuida da terra. O homem-intelectual vai extinguir a raça
humana, a flora e a fauna, com seu desejo doentio de posse e poder. A guerra é
indefensável; quem dissemina morte e destruição deve perpetuar-se na prisão ou
ser expulso da vida. Amanhã será mais um dia de milhares de mortes e notícias
ruins. Hoje caminha para o fim, sem riso, graça e alegria. Carnaval adiado,
ruas lotadas (apesar dos decretos de não festejos), festas particulares varam a
noite. Não dancei nem pulei. Meu bloco foi gelo no copo com água ou vinho. Não
há riso, não há quanta alegria, são mais de milhares de mortes! Observo as ruas
do meu bairro. Um vizinho olha o movimento. Semblante contemplativo e sisudo.
Está chocado com a guerra promovida pela Rússia. Desligo a televisão. Doem-me
as notícias. Dói-me assistir o caos e a violência em tempo real. Não tenho
motivos para pular carnaval dentro de casa, nem comemorar os dias atuais. Rezo.
Solidarizo-me com as vítimas, com o sofrimento e as lágrimas de crianças,
jovens e idosos. As lágrimas da jornalista me comovem. Choro. São milhares de
mortos. Mortos pela guerra, mortos pela COVID, mortos por acidentes, mortos por
doenças graves… Rotina de medo. Uma mulher pede para o soldado: deixem seus
equipamentos e saiam daqui, vão embora”. O soldado mantém-se em silêncio
com a arma abaixada. Não sei o que se passa na cabeça dele. Bombas matam civis
e crianças. Pouco importa para Putin se crianças e civis morrem. Pouco importa
para quem arremessa bombas. Pouco importa o alvo. Harmonia, pouco importa! Uma
sombra cinzenta e sombria paira no ar. Viver nas chuvas destruidoras de
projéteis, não é viver. Redesenhei-me depois das perdas, das mortes inadiáveis
e previsíveis. Perdi um pouco de mim, mas ganhei novas matizes. Reencontrei-me
com outras necessidades: aprender a mudar planos, traçar novas rotas e me
adaptar a outras ‘molduras’ da vida. Crianças choram no porão do hospital.
Enfermeiras e mães embalam seus filhos e pacientes. Crianças protegidas do caos
da guerra em ambientes fechados, escuros e abafados. Choro é nossa primeira
manifestação de vida. Deixo a lágrima rolar. Liberto lágrimas, para desafogar
tristezas acumuladas. Ucrânia não está isolada nem sozinha nessa guerra espúria
de Putin. Há milhares de corações e povos do lado do país que sofre bombardeios
diários. A violência e as bombas são meios de alcançar o poder para os covardes
que usam armamento pesado. Custe o que custar, pois o que importa é o meio para
alcançar o poder, o caos, o sofrimento e a disseminação da morte. Que a Paz
seja pauta do diálogo antes que a guerra se dissemine pelo mundo. Finalizo este
texto com o adminículo poema do professor José Benedito Donadon Leal, que clama
uma chance à paz
Todas as vozes já me contaram
Todas as bocas já me calaram
Todas as vistas já me secaram
Todas as vestes já me despiram
Todos os focos me apagaram
Todas as loterias me perderam
Todos os juízes me condenaram
Todos os pastores me prenderam
Todos atiraram todas as pedras
Todos atearam todos os fogos
Todos hastearam todos os panos
Todos rastrearam todos os planos
Com modificação do texto original:
Acuados, imploramos aos RUSSOS:
Que tal permitir CESSAR DOS FOGOS?
Que tal permitir A PAZ?