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Hoje é sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Por que você passa tanto tempo escolhendo filme na Netflix?

A falta de uma curadoria humana e personalizada nos streamings de filme tem solução que parece fácil de ser dada, mas muito difícil de ser aplicada.

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Final de semana, frio e filme. Essa combinação vem a calhar para muita gente. Você pega o seu cobertor, uma pipoca e abre o seu aplicativo de filme favorito. Tudo até aqui é perfeito. Mas, vem o próximo passo: a que assistir no catálogo do seu streaming?

Dentre as inúmeras possibilidades de cada site, o usuário passa minutos, se não horas, até escolher aquele que mais lhe convém. Isso já com uma certa “seleção” que os algoritmos, seja da Netflix, HBO Max, Disney + ou qualquer outro que você tenha, fez para você.

Há aqueles que preferem chamar um amigo no WhatsApp e pedir uma indicação. Outros, abrem sites de críticas para saber do que eles andam falando. Tudo isso porque os streamings ainda não conseguiram desenvolver algo que nas antigas locadoras já existia: a curadoria.

O curador é aquela pessoa responsável por selecionar ou organizar uma série de obras dentro de um certo “conceito”. Exposições de pinturas ou de obras de artes são assim. Em festivais de cinema, há um processo de adequação editorial do que será exibido dentro dessa mostra, feito pela curadoria.

Nos sites de filmes, como a Netflix, existe isso, mas nem sempre funciona perfeitamente e nem é exatamente humano. Os algoritmos dos streamings se mostram ineficazes — e até mesmo problemáticos — quando fazem essa curadoria dentro das plataformas.

Não é raro que alguém entre nesses sites e passe minutos até escolher a que assistir. Memes pela internet se espalham por aí.

Toda essa demora por achar um filme teria uma solução, mas não fácil de ser alcançada: a curadoria humana.

Há algumas plataformas que se esforçam para reduzir a falta de humanização em seu catálogo. A HBO Max já tentou desenvolver uma espécie de indicações de especialistas nos títulos que oferece.

A Netflix já tentou algo parecido, criando para alguns usuários de iOS o Collection, mas que ficou muito próximo das categorias, que sempre existiram no site. Outra tentativa foi o modo “aleatório” que recomendava uma série ou filme qualquer em seu catálogo: você que sempre assistiu a filmes de suspense tinha uma indicação aleatória que poderia ser… Chiquititas, por exemplo. Risos.

A Mubi, um streaming muito celebrado pelos amantes do cinema, sempre tem um filme do dia indicando em seu site. A Telecine, já exibiu alguns filmes de festivais, como o do Rio.

Mas, ao que tudo indica, nada tem acabado necessariamente com o drama em se escolher filmes nessas plataformas.

Há muito tempo, quando você podia alugar filmes em uma locadora, essa curadoria era feita pelo próprio atendente do local, que indicava alguns filmes depois de uma breve conversa com o cliente.

Hoje, essa tarefa é um pouco mais árdua, ainda que seja feita por amigos e páginas de internet sobre filmes. Fica a eles o cargo de indicar o que há de “bom” para se ver nesses sites, ainda que sejam indicações que nem sempre é personalizada, como seria na locadora.

Mas, a solução, passa por aí, até que os streamings entendam que a curadoria humana importa.

Há um problema também com os algoritmos desses sites: a sensação de que não há nada de novo nem de bom nos catálogos.

Quando você assiste a tudo o que poderia te agradar nos streamings, há uma sensação de escassez que contradiz o inacreditável número de obras disponíveis por lá.

Outro problema: você fica sem chance de conhecer algo incrível que está fora da sua bolha de preferências que o algoritmo identifica.

Por exemplo, se você gosta de filmes de ação e aventura, como um blockbuster atual, pode deixar de ver uma obra mais clássica, mas ainda assim boa, para poder conhecer algo que pudesse lhe agradar.

Enquanto os sites ainda não conseguem solucionar esses problemas, cabe ao usuário correr atrás de produtores de conteúdo em indicar — muito genericamente — bons filmes que estão “escondidos” em cada catálogo.

E a filtragem fica mesmo a cargo do usuário.

Algumas dicas podem ajudar a fugir dos algoritmos dos sites:

      • Varie de gêneros que você assiste;
      • Faça uma maratona de filmes de outras nacionalidades;
      • Apanhe filmes de um certo diretor ou de um ator e atriz para assistir;
      • Veja filmes de épocas variadas;
      • Dê uma chance àquele gênero que sempre torceu o nariz.

Não são dicas completamente eficazes, mas que certamente ajudarão a furar a bolha que o algoritmo cria e te fará perder menos tempo para escolher um filme.

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Kael Ladislau é Jornalista graduado pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).
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