Agente Oculto: até quando uma fórmula se sustenta?
Falar que clichê é algo que aparece apenas em filmes de ação seria injusto, mas Agente Oculto se apega forte a várias fórmulas prontas do gênero que, ao que parece, ainda rende o apreço do público
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Espionagem, homens treinados para virarem verdadeiras máquinas de guerra, segredos de alta patente do governo, tiro, muito tiro, e cidades ao redor do mundo quase completamente destruídas sem qualquer consequência.
Essas e mais um tanto de outras fórmulas são vistas em Agente Oculto, o mais novo blockbuster da Netflix com Ryan Gosling e Chris Evans, o Capitão América, que conta ainda com um elenco de peso, como Ana de Armas e Wagner Moura.
O elenco é verdadeiramente algo a se exaltar nesse novo filme dos Irmãos Russo, famosos pelos filmes dos Vingadores, da Marvel: uma série de obras que a gente acompanha as mesmas fórmulas citadas ainda há pouco.
Trata-se de uma história em que um prisioneiro é escolhido para virar um agente secreto (ou seria oculto?) em um programa também secreto da CIA para viver as mais perigosas missões. Seis, Gosling, é o agente do momento que precisa acabar com um bandido e na missão, descobre mais coisas do que deveria e se torna inimigo de poderosos do governo.
Esse tipo de história é repetido inúmeras vezes no cinema. Só a Netflix possui alguns, como o recente Alerta Vermelho, que também usa artifícios narrativos parecidíssimos — como as letras gigantes para dizer ao espectador em qual cidade a cena se passa, além de outros recursos que, esmiuçados, revelam um roteiro muito semelhante.
A pergunta do título é: essa fórmula não cansa? Aparentemente, não. E não há mal nisso. Ainda mais quando a obra abraça deliberadamente isso.
Prova são as inúmeras referências que o filme faz com alguns desses clichês. Por exemplo, o espectador mais atento e que já acompanha outras franquias deve se lembrar de um agente secreto que dá a volta ao mundo combatendo as mais perigosas missões com um número como nome?
Lembrou do espião 007? Pois bem, o filme também lembra e se dispôs a fazer piada disso em certo momento da história. Outra brincadeira feita pelos roteiristas é o fato de missões secretas causarem grandes estragos e não passarem despercebidas no local.
Em Agente Oculto, uma certa personagem reclama que uma perseguição causou um grande estrago em uma capital europeia e reconheceu que isso não seria o ideal. Isso pouco se fala por filmes como este.
Não que seja o suficiente, no entanto, para ressignificar toda essa fórmula, mas é um esforço considerável se ainda levarmos em conta as autorreferências que dão certo humor às cenas. Até há um espaço para uma brincadeira de uma obra que nem lançada foi ainda: Barbie, na qual Ryan Gosling interpretará o “boneco” Ken.
Se obras assim estão saturadas ou não, pouco importa. Ao que tudo indica elas ainda valem a pena para os estúdios e o público se sacia com ação para dar e vender sem se preocupar em descobrir uma grande lição de moral.
Não importa se a gente já viu as mesmas coisas em filmes como Missão Impossível, 007, qualquer um do Liam Neeson…