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Hoje é sábado, 5 de outubro de 2024

Trabalho remoto, workaholic e Burnout

“O trabalho é o elo entre a espiritualidade e nossa condição terrena” (“Ora e Labora” - São Bento)

Os textos publicados na seção “Colunistas” não refletem as posições da Agência Primaz de Comunicação, exceto quando indicados como “Editoriais”

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Workaholic” é um termo utilizado para caracterizar os profissionais que são viciados em trabalho. Para eles não existe tempo para mais nada, a não ser trabalhar. Família, contatos sociais, lazer, religião e tudo mais não tem nenhuma importância. O problema tem se agravado mais ainda nos últimos tempos com a chegada do trabalho remoto, com o Sistema de Home-Office. O computador permanece ligado vinte e quatro horas por dia e o profissional não se desliga. Se ele sai de casa, continua trabalhando através do celular, quer seja através de aplicativos, quer seja através de contatos telefônicos.

Uma pesquisa realizada pela Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP) e pela Fundação Instituto de Administração (FIA) demonstrou que a jornada de trabalho ficou muito maior durante e após a pandemia. Dos entrevistados pelas instituições de ensino, 45% estão trabalhando acima de 45 horas. Desse número, 23% afirmaram que trabalham entre 49 e 70 horas por semana, enquanto 6% falaram em volume acima de 70 horas semanais. A legislação trabalhista estabelece, salvo casos especiais, que a jornada convencional de trabalho seja de 44 horas semanais.

Dados do Ministério do Trabalho e Previdência mostram que o número de afastamentos por transtornos mentais e comportamentais cresceu durante a pandemia. A concessão de benefícios para problemas psicológicos chegou a 291 mil em 2020, um número 20% maior do que o registrado no ano anterior. O excesso de trabalho, segundo especialistas, foi o grande vilão que colaborou para a piora. O agravamento da questão pode gerar uma doença grave denominada Síndrome de Burnout.

A Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional é um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante, que demandam muita competitividade ou responsabilidade. A principal causa da doença é justamente o excesso de trabalho. O Burnout foi reconhecido formalmente na Classificação Internacional de Doenças como uma doença ocupacional e enquadrado no código CID10.

A doença passa por vários estágios e começa com uma necessidade excessiva de se autoafirmar e provar que é capaz. Isso leva a uma dedicação intensificada, com predominância da necessidade de fazer tudo sozinho e a qualquer hora do dia, gerando um descaso com as necessidades pessoais. Comer, dormir e sair com os amigos começam a perder o sentido. Nesse estágio, o portador percebe que algo não vai bem, mas não enfrenta o problema e começam a ocorrer as manifestações físicas. O que antes tinha valor sofre desvalorização: lazer, casa, amigos e etc. A única medida da autoestima é o trabalho. Os outros são completamente desvalorizados, tidos como incapazes ou com desempenho abaixo do seu. Os contatos sociais são repelidos, cinismo e agressão são os sinais mais evidentes. Com a evolução, a recusa à socialização torna-se uma constante. Surgem mudanças evidentes de comportamento, com fortes dificuldades de aceitar certas brincadeiras com bom senso e bom humor. O profissional passa a evitar o os contatos pessoais e a dar prioridade aos contatos através de aplicativos de mensagens nos meios eletrônicos. Nos últimos estágios, o vazio interior e a depressão tomam conta do profissional; a vida perde o sentido. No auge, acontece o colapso físico e mental, considerado de emergência e é necessário recorrer a ajuda médica e psicológica com urgência, com o risco de consequências traumáticas e até fatais para o profissional.

Sem dúvida, o trabalho enobrece o homem e é uma forma de contribuir para o bem da humanidade, cada qual com a sua linha de especialização. O “Worklover” é um apaixonado pelo que faz e faz do seu trabalho uma fonte de realização pessoal e profissional de forma equilibrada e consciente, diferentemente do “Workaholic” que, cegamente, se autodestrói, transformando o que seria uma fonte de prazer, solidariedade e auto-realização, em destruição.

Pare, faça uma análise de como anda a sua rotina de trabalho e reflita: será que você está se transformando ou já se transformou em um “Workaholic”? Muito cuidado, pois sua integridade física e mental pode estar sendo gravemente afetada!

Quem tem ouvidos, que ouça!

Cesarius Gestão de Pessoas, investimento permanente no desenvolvimento do ser humano!

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Júlio César Vasconcelos, Mestre em Ciências da Educação, Professor Universitário, Coach, Escritor e Sócio-Proprietário da Cesarius Gestão de Pessoas
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