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Hoje é sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Em época de Copa do Mundo, Netflix apela para nostalgia em documentário sobre os bastidores do Penta em 2002

“Brasil 2002 – Os Bastidores do Penta”, sobre a conquista do pentacampeonato em 2002 não tem nada do que os últimos 20 anos já mostraram. Mas, consegue aquecer para a Copa de 2022.

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A Copa do Mundo de 2022 está oficialmente iniciada. Aberto no domingo, 20 de novembro, no Catar, o torneio é o mais caro da história e faz com que a seleção brasileira vá em busca de sua sexta conquista no campeonato.

A última conquista brasileira foi na Coreia do Sul e no Japão, na edição de 2002, quando o time comandado por Luiz Felipe Scolari chegou desacreditado, mas com o brilhantismo de Ronaldo Fenômeno, trouxe a taça para solo tupiniquim.

Em época de Copa, o documentário Brasil 2002 – Os Bastidores do Penta é um prato cheio para torcedores matarem saudades da última grande conquista nacional, há exatos 20 anos.

O grande destaque desse filme, que tem produção de Roberto Carlos, lateral esquerdo titular da conquista, e de Juliano Belletti, então volante reserva do elenco, são as imagens inéditas dos bastidores feitas por uma câmera filmadora deste último.

Mas, se o espectador vai assistir a um documentário que mostra algo além do que se já sabe daquela conquista, ele toma um banho de água fria. O filme não revela nada do que os inúmeros especiais de programas esportivos já não contaram ao longo desses 20 anos.

As imagens trazidas por Belletti, até então inéditas, mostram os batuques dentro dos ônibus, o coro de pagode dos anos 90 dos jogadores e uma ou outra imagem do treinamento. O que pode ter algum valor de surpresa são as imagens da preleção antes da grande final.

A narrativa começa com o grande fracasso de 1998, em Paris, quando o Brasil perdeu a final para o time da casa, com uma exuberante — como sempre — apresentação de Zinedine Zidane e os 3×0 soberano para cima da seleção canarinho (até então, a pior derrota brasileira em Copas, só superada em 2014 com o histórico 7×1 para a Alemanha).

O filme se inicia com o problema de saúde do nosso principal jogador naquela copa, Ronaldo, que chegou a ser confirmado fora da partida decisiva por causa de uma convulsão (só vindo a público depois).

Segue com a repercussão da derrota e com as inúmeras teorias da conspiração que surgiu dali (que deu até em CPI no congresso nacional).

Mas, quando se chega à Copa de 2002, depois de passar rapidamente pela problemática eliminatória, com 4 técnicos diferentes, a narrativa perde a emoção e apela para a nostalgia.

As lembranças dos jogos são meras retrospectivas do que foi cada uma, intercaladas por uma história de bastidor que… todo mundo já deve saber. A amizade de Ronaldo e Roberto Carlos, a liderança do Cafú, as “resenhas” lideradas por Vampeta e Ronaldinho Gaúcho podem surpreender apenas quem nasceu depois de 2002 e que nunca viu um Esporte Espetacular na vida.

Sequer a emoção dos jogos, como a dramática partida da semifinal contra a Turquia, com um gol sofrido de Ronaldo, foi explorada verdadeiramente. Talvez a partida mais difícil daquela Copa, contra a Inglaterra, pareceu um passeio para os entrevistados.

Inclusive, os personagens dessa história vão além dos 23 convocados (nem todos aparecem no filme). Há bons relatos de jogadores que enfrentaram o Brasil naquela Copa, como David Beckham e Michael Owen, da Inglaterra, Hasan Şaş da Turquia e Oliver Kahn, o lendário goleiro alemão que falhou na final de 2002, dão algum brilhantismo à obra.

O documentário, é claro, não é completamente descartável, ele cumpre seu papel com o gênero, retratando bem sua época e o marco histórico da conquista do pentacampeonato. Mas quem procura além da nostalgia, e que fica empolgado pela notícia de imagens inéditas dos bastidores, se frustra bem.

Mas a nostalgia vale a pena, ao menos, para aquecer a emoção para mais uma Copa do Mundo e uma tentativa de hexa para não igualar o maior jejum brasileiro sem levantar a Taça, que é de 24 anos.

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Kael Ladislau é Jornalista graduado pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).
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