As fake news e os três filtros de Sócrates

Nos últimos tempos, o debate sobre as Fake News tem tomado conta da mídia de forma exaustiva e, às vezes, radicalizada. O famoso Projeto de Lei PL nº 2.630/2020 está gerando fortes polêmicas, trazendo em pauta uma profunda reflexão sobre quais são os limites da liberdade de expressão nesse nosso mundo midiático. Sinceramente, do jeito que as coisas estão acontecendo, às vezes chego a temer os riscos da ditadura do Judiciário. A onda de ódio deflagrada parece que ainda não acabou na cabeça dos poderes vigentes e da população em geral!

Fake News ou notícias falsas são informações enganosas, descontextualizadas ou completamente inventadas, que são divulgadas na internet e em outras mídias, com o objetivo de manipular a opinião pública ou causar danos a pessoas ou instituições. Essas notícias são criadas e espalhadas de forma intencional, muitas vezes por meio de redes sociais, aplicativos de mensagens ou sites duvidosos, com o objetivo de atingir um grande número de pessoas em pouco tempo. Na verdade, para mim, Fake News são uma espécie de versão tecnológica e acelerada da antiga e malévola fofoca. Trocaram os meios e potencializaram a disseminação!

Diante de tanto lixo circulando pelas mídias, acho que vale a pena trazer em pauta e colocar em prática o famoso conto “Os Três Filtros de Sócrates”, que muitos pensam que foi escrito pelo filósofo grego Sócrates, mas na verdade, segundo consta, foi criado pelo poeta e tradutor brasileiro José Paulo Paes, em 1974. Então, vejamos.

“Certa feita, um homem esbaforido chegou-se a Sócrates e sussurrou-lhe aos ouvidos:

— Escuta, na condição de teu amigo, tenho alguma coisa muito grave para dizer-te…

— Espera!… ajuntou o sábio prudente. Já passaste o que me vais dizer pelos três filtros?

—Três filtros?! – perguntou o visitante, espantado.

— Sim, meu caro amigo, três filtros. Observemos se tua confidência passou por eles. O primeiro, é o filtro da verdade. Guardas absoluta certeza, quanto àquilo que pretendes me comunicar?

— Bem, pensou o interlocutor, assegurar mesmo, não posso… mas ouvi dizer e… então…

—Exato. Decerto peneiraste o assunto pelo segundo filtro, o da bondade. Ainda que não seja real o que julgas saber, será pelo menos é bom o que queres me contar?

Hesitando, o homem replicou:

— Isso não!… Muito pelo contrário…

— Ah! – tornou o sábio – então recorramos ao terceiro filtro: o da utilidade, e notemos o proveito do que tanto te aflige.

– Útil?!… – questionou o visitante ainda agitado.

– Útil não é…

— Bem – rematou o filósofo – se o que tens a falar não é verdadeiro, nem bom e nem útil, esqueçamos o problema e não te preocupes com ele, já que nada valem casos que não são benéficos ou proveitosos para nós”.     

Simples assim, mas com um poder de transformação incomensurável se devidamente colocado em prática! Com certeza, não haverá Fake News que resista!

Quem tem ouvidos, que ouça!

Cesarius Gestão de Pessoas, investimento permanente no desenvolvimento do ser humano.