O mal do século

As estatísticas sobre doenças mentais no mundo são assustadoras! Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), aproximadamente uma em cada quatro pessoas no mundo sofre de algum tipo de doença mental. Isso representa cerca de 25% da população global.

Estima-se que mais de 300 milhões de pessoas sofram com depressão, cerca de 275 milhões de transtornos de ansiedade, 60 milhões tenham transtorno bipolar, caracterizado por oscilações extremas de humor entre mania e depressão.

A esquizofrenia afeta cerca de 21 milhões de pessoas e cerca de 800.000 morrem por suicídio a cada ano, tornando-se uma das principais causas de morte no mundo.

A Síndrome de Burnout, um estado de exaustão física, mental e emocional causado pelo esgotamento prolongado em situações de estresse no trabalho afeta cerca de 25 a 30% dos trabalhadores em todo o mundo.

Um número incontável de doenças mentais, com os nomes mais esquisitos surgem a cada dia. Segundo a Classificação dos Transtornos Mentais da American Psychiatric Association existem mais de 140 tipos de transtornos, entre eles: Transtorno Border-Line, Transtorno Obsessivo Compulsivo – TOC, Transtorno Bipolar, Transtorno Ciclotímico, Transtorno de Ansiedade Generalizada, Transtorno Alimentar Pica, Déficit de Atenção e Hiperatividade -TDAH, Esquizofrenia, Síndrome do Pânico, Anorexia, Bulimia, entre outros. No Google existem 14.700.000 verbetes relacionados ao tema! A quantidade é tão grande que fico me perguntando se existe, nos dias de hoje, alguém que pode ser considerado normal!

Assusta ainda mais pensar que um enorme número de doenças de caráter biológico, na verdade, pode ser de origem psicossomática. A impressão é que estamos todos doentes!

O Brasil tem o maior número de psicólogos ativos no mundo: mais de 425 mil!

Diante desses números traumáticos, não é de se assustar que os profissionais da área de saúde e a indústria farmacêutica cresceram de forma inimaginável! Existem médicos com especialidade para tudo, até para cuidar do dedão do pé, o podiatra! Por sua vez, as hoje denominadas drogarias (que evidentemente vendem drogas e uma quantidade enorme de outros produtos mais), antigamente chamadas de farmácias, proliferaram de maneira vertiginosa. Lembro-me que quando cheguei para morar em Mariana na década de 70, se não me falha a memória, existiam somente 03 farmácias, hoje existem cerca de mais de 20, muitas das vezes de frente ou do lado uma da outra! Os hipocondríacos, viciados em remédios, nadam de braçada!

O mais interessante é que as doenças mentais não perdoam ninguém! Atacam todos, independentemente de profissão, vocação, classe social, cor, raça, credo ou opção sexual: atacam o grande executivo e o peão de obra, o bispo, o padre e o leigo, o morador do condomínio Classe A e o morador do Conglomerado, o negro e o branco, o católico, o evangélico e o crente de qualquer religião e também o ateu, o machista, o feminista e qualquer outro “ista”.

Uma pesquisa recente feita pela revista estadunidense Health, apontou as 10 principais profissões e carreiras com os mais altos níveis de profissionais diagnosticados com doenças mentais no mundo: policiais e profissionais de segurança, garçons, assistentes sociais, profissionais de telemarketing, profissionais de saúde, professores, artistas e escritores, consultores financeiros e profissionais de apoio administrativo. Isso sem contar que ultimamente um grande número de padres católicos, inclusive alguns famosos, vem apresentando fortes sintomas dessa doença.

Então, surge no ar uma pergunta que não quer se calar: o que fazer diante de tão assustadores resultados?

Uma primeira resposta pode estar relacionada aos estudos desenvolvidos por Sigmund Freud, considerado o Pai da Psicanálise. Freud concluiu que as maiores causas de traumas psíquicos dos adultos estão relacionadas a problemas vivenciados na infância, até os 12 anos de idade. É lá, no recôndito do nosso inconsciente, que não conseguimos acessar naturalmente, onde se encontra a causa-raiz desses problemas e a psicanálise pode encontrá-los e desenvolver o tratamento adequado. Evidentemente que, se tivermos pais mais maduros e conscientes de seus deveres e responsabilidades, o que infelizmente está se tornando coisa rara, grande parte dos problemas já começarão a serem resolvidos!

A segunda resposta pode estar relacionada aos vícios, à agitação e ao ritmo intenso e acelerado desse nosso mudo moderno capitalista selvagem e tecnologizado. Metas abusivas e imersão virtual e descontrolada no mundo do trabalho, pais ausentes, consumismo e utilitarismo exacerbado, excesso e uso abusivo de regras e de judicialização, onde tudo começa a ser imposto, monitorado e criminalizado, invasão da tecnologia de forma doentia dos nossos lares e, finalmente, com certeza, falta de fé, harmonia, respeito e amor ao próximo, segundo os preceitos evangélicos preconizados há mais de dois mil anos e que infelizmente são muito divulgados e pouco praticados!

Quem tem ouvidos, que ouça!

Cesarius Gestão de Pessoas, investimento permanente no desenvolvimento do ser humano!