Ao meu saudoso pai
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Lembro-me como se fosse hoje. No ano de 2008, no Estádio Raimundo Edson da Costa, a Secretaria Municipal do Governo e Esporte do Município de Santa Bárbara outorgou Medalhas de Honra ao Mérito aos Grandes Esportistas dessa cidade mineira. Santa Bárbara também gerou grandes atletas que ao longo dos anos colocaram a cidade no cenário do futebol mineiro. Merecem destaque os futebolistas irmãos Baptista: Maurício, Gemada, Didi Jacaré. Didi Jacaré é Edson Batista da Silva, falecido em 22.12.2008, trabalhou na MIP nas décadas de 1960 a 1980 e depois foi Secretário de Gabinete e Financeiro da Prefeitura Municipal de Santa Bárbara até meados dos anos 90. Um dos contemplados com a Medalha de Honra ao Mérito aos Grandes Esportistas pela promoção do Futebol santa-barbarense nos anos de 1955 até 1980. Foi zagueiro e meio campo no Time União Esporte Clube. Pai de cinco filhos, pai dos irmãos, pai dos filhos dos filhos… Talvez seja fácil para uma filha elogiar ou poetar sobre o pai, simplesmente pelo sentimento paternal ou sanguíneo. Talvez e, quem sabe, seja suspeito mesmo dizer que ele foi o melhor pai do mundo e representação máxima de segurança. Eu chegava da universidade depois de meia-noite, 75 km de estrada de Mariana a Santa Bárbara, na poeira ou na lama, 4 anos consecutivos, e meu pai sempre na janela esperando a Kombi me deixar na porta de casa! Deixava as luzes das escadas acesas, porque sempre tive medo do escuro… Ao subir vagarosamente os topes, sua figura aparecia abrindo a porta de casa para mim. Esse ato é a representação de segurança que um pai passa ao filho: duas trancas na porta depois que eu retornava ao lar, em segurança, escutando a porta se fechar para garantir silêncio e segurança para meu descanso. Mais um dia se encerrava. Mais um dia de trabalho, mais um dia de estudos. Muitas vezes meu pai me levou de carro para a escola. Não foram algumas, foi o tempo em que estudei e trabalhei. Lembrei-me também que meu pai me acordava todos as manhãs, depois que o café já estava pronto! Uma batidinha discreta na porta do quarto. Os filhos se formaram, se casaram e se foram, um a um… Eu também me formei e parti para Mariana e me tornei escritora e artista plástica. Mas não são só minhas mãos que pintam a tela, são as minhas e as do meu pai. Não é só minha inspiração que transcreve versos ou prosas, são sopros de falas de meu pai. Somos continuidade de nossos pais. Meu pai poderia ter sido um grande escritor, poderia ter sido um grande artista, mas escolheu ser um Grande Pai. Falar que amo meu pai seria repetir o que já se sabe. Nosso carinho, preocupação e amor são visíveis, escancarados. Não quero festejar o Dia dos Pais com luzes, enfeites e o glamour de farto banquete. Quero sentir o futebolista driblando as intempéries do presente, com o peito inclinado, pernas e braços fortalecidos, correndo pelos tapetes da vida. Que o Dia dos Pais possa ser comemorado como se cada pai tivesse feito Gol de Puskás! Encontro meu pai todos os dias nos campos da vida, pois ele está nas cores que jogo nas telas e nas líricas que embelezam meus textos!
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