Uma lição de integridade: A arte de ser pai
“Existem homens que colocam filhos no mundo, outros são Pais”. (Vasconcelos, 2023)
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O Dia dos Pais já se foi, mas, depois de ler um belo texto de minha querida colega acadêmica Andreia Donadon versando sobre o tema, relembrei-me de meu velho Pai que partiu para outra dimensão e, em meio às minhas reflexões sobre o assunto, veio-me à mente uma narrativa atribuída ao poeta e jornalista norte-americano James P. Lenfestey. Nela, ele descreve, de maneira emocionante, a história de um belíssimo acontecimento ocorrido entre um pai e um filho, versando sobre educação e integridade, valores que, infelizmente, nos dias de hoje estão desaparecendo em meio à falta de homens que sejam verdadeiros Pais. Se me permitem os caros leitores, compartilho aqui, na íntegra, o fato narrado. Creio que vale a pena refletir e ser comentado.
“Ele tinha onze anos e, cada oportunidade que surgia, ia pescar no cais, próximo ao chalé da família, numa ilha que ficava em meio a um lago. A temporada de pesca só começaria no dia seguinte, mas pai e filho saíram no fim da tarde para pegar apenas peixes cuja captura estava liberada. O menino amarrou uma isca e começou a praticar arremessos, provocando ondulações coloridas na água. Logo, elas se tornaram prateadas pelo efeito da lua nascendo sobre o lago. Quando o caniço vergou, ele soube que havia algo enorme do outro lado da linha. O pai olhava com admiração, enquanto o garoto habilmente, e com muito cuidado, erguia o peixe exausto da água. Era o maior que já tinha visto, porém sua pesca só era permitida na temporada. O garoto e o pai olharam para o peixe, tão bonito, as guelras para trás e para frente. O pai, então, acendeu um fósforo e olhou para o relógio. Eram dez da noite, faltavam apenas duas horas para a abertura da temporada. Em seguida, olhou para o peixe e depois para o menino, dizendo:
– Você tem que devolvê-lo, filho.
– Mas, papai, reclamou o menino.
– Vai aparecer outro, insistiu o pai.
– Não tão grande quanto este, choramingou a criança.
O garoto olhou à volta do lago. Não havia outros pescadores ou embarcações à vista. Voltou novamente o olhar para o pai. Mesmo sem ninguém por perto, sabia, pela firmeza em sua voz, que a decisão era inegociável. Devagar, tirou o anzol da boca do enorme peixe e o devolveu à água escura. O peixe movimentou rapidamente o corpo e desapareceu. E, naquele momento, o menino teve certeza de que jamais veria um peixe tão grande quanto aquele…
Isso aconteceu há trinta e quatro anos. Hoje, o garoto é um arquiteto bem-sucedido. O chalé continua lá, na ilha em meio ao lago, e ele leva seus filhos para pescar no mesmo cais. Sua intuição estava correta. Nunca mais conseguiu pescar um peixe tão maravilhoso como o daquela noite. Porém, sempre vê o mesmo peixe repetidamente todas as vezes que depara com uma questão ética. Porque, como o pai lhe ensinou, a ética é simplesmente uma questão de certo e errado. Agir corretamente, quando se está sendo observado, é uma coisa. A ética, porém, está em agir corretamente quando ninguém está nos vendo. Essa conduta reta só é possível quando, desde criança, aprendeu-se a devolver o peixe à água”.
Em meio a um mundo conturbado, cheio de pais ausentes e desequilibrados, onde os valores morais andam se perdendo, cada vez mais, precisamos de Pais que se façam presentes e realmente cumpram seu verdadeiro papel de construtores de um mundo melhor para as gerações futuras.
Que todos os dias sejam Dia dos Pais e que possamos honrar aqueles que nos ajudaram a crescer, prosperar e enfrentar o mundo com coragem. Que possamos refletir sobre o legado que eles nos deixaram, ajudando-nos a crescer e agradecer por serem ou terem sido os alicerces dos nossos passos na jornada da vida.
Quem tem ouvidos, que ouça!
(In memorian ao meu velho Pai, o Vô Ely, que partiu para outra dimensão).
Cesarius Gestão de Pessoas, investimento permanente no desenvolvimento do ser humano.
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