“Tudo é veneno, nada é veneno, depende da dose” (Paracelso)
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Recentemente, recebi de uma amiga um vídeo de um Padre Católico falando, em sua homilia, sobre o uso do aparelho celular. O Padre enumerou de forma elucidativa as diversas funções desse aparelho e a forma preocupante que está sendo usado, invadindo os nossos relacionamentos, os nossos lares e as nossas vidas, inúmeras vezes de forma maléfica e danosa. Ele termina sua reflexão demonizando o aparelho e afirmando que seus danos são muito piores do que a bomba atômica e, ainda, que vai matar a próxima geração e a nossa própria alma!
Achei muito interessante a abordagem do Padre e, nas minhas reflexões sobre o tema, senti-me motivado a complementar, tecendo algumas observações. Será que, realmente, esse pequeno aparelho é tão terrível assim?
De fato e indiscutivelmente o celular reuniu em um só minúsculo equipamento uma quantidade enorme de outros equipamentos e utensílios que sempre nos foram muito úteis: telefone, computador, calculadora, rádio, gravador, televisão, filmadora, videocassete, vídeo-games, GPS, relógio, cronômetro, aparelho de som, discos de vinil, CD’s, DVD’s, máquina fotográfica, máquina de datilografia, lanterna, espelho, jornal, revistas, atlas, álbum de fotografias, dicionário, enciclopédia, carteira de dinheiro, cartão de crédito (ufa!) e outros que talvez eu desconheça.
É um fato também que o uso do celular vem aumentando aceleradamente nos últimos tempos. Segundo o Jornal o Tempo, o Brasil está em segundo lugar no ranking dos países que mais usam o celular em termos de carga horária no mundo: o brasileiro gasta, em média, 9hs32mins por dia a frente de uma tela de celular.
No entanto, creio que existe um aspecto quer não podemos desconsiderar! A tecnologia utilizada por esse pequeno e mágico aparelho facilitou e muito nossas vidas.
Sou do tempo que, para falar com um familiar à longa distância, era necessário se deslocar até um estabelecimento denominado telefônica, aguardar uma fila enorme, entrar em uma cabine e falar aos gritos rapidamente através de um aparelho hoje considerado estranho, com risco frequente de quedas de ligação e pagando um valor elevado pelos poucos minutos utilizados. Hoje basta ligar o celular, se conectar, entrar em um aplicativo e apertar um botãozinho simples com o ícone de uma câmara filmadora e eis que o rosto sorridente da pessoa querida aparece límpido e a cores do outro lado, não importa a distância.
Sou do tempo em que ter um aparelho de rádio era um privilégio para poucas pessoas, e, mesmo assim, normalmente se ouvia à noite, quando o som aparecia com um enorme nível de chiados. Hoje qualquer um acessa qualquer Rádio a qualquer hora facilmente e com alta definição sonora.
Sou do tempo que era necessário carregar uma filmadora enorme nos ombros para fazer uma filmagem de uma festa de aniversário, casamento ou evento similar e depois, bem mais tarde, retirar uma fita do seu interior e colocá-la em um outro equipamento acoplado ao aparelho de TV para ter o prazer de assistir a filmagem.
Sou do tempo em que ter um aparelho de TV em casa era para pessoas ricas e mesmo assim, com uma imagem em preto e branco, cheia de chuviscos. Frequentemente, era necessário subir no telhado para girar uma antena enorme na tentativa de obter uma imagem menos ruim! Hoje a telinha do celular traz qualquer canal a qualquer hora e em qualquer lugar com enorme facilidade e nitidez de imagem.
Meu aparelho de som que era o top do top na época e que ainda guardo saudosamente com carinho no rack da sala de visitas da minha casa ao lado dos meus discos de vinil e CD’s, ficou totalmente obsoleto. Para ouvir minhas músicas preferidas a qualquer hora, basta fazer uma play-list e a mágica acontece! As inúmeras músicas saem suaves do aparelhinho sem precisar ficar se levantando de tempos em tempos para trocar os bolachões ou os CD’s.
Enfim, com muita facilidade, podemos substituir todos os outros recursos, com um simples toque na telinha e, temos que admitir, apesar de todas as resistências, facilitou e muito as nossas vidas. Então, surge a pergunta que não quer se calar: qual o problema?
Arrisco-me a afirmar que o problema de fato não está no aparelho em si, que com certeza traz enormes benefícios, mas no ser humano que está por trás desse aparelho. Com certeza, se um dedo não o ligar, ele não causará nenhum dano! Como dizia o grande Aristóteles, a sabedoria e a solução estão no equilíbrio. Com todo o respeito pelo Padre, mas entendo que o que precisamos mesmo é urgentemente aprender a usá-lo sabiamente e exclusivamente para o nosso conforto, o nosso bem-estar e o das pessoas que convivem conosco, transformando-o de senhor absoluto em um escravo fiel e servidor.
Quem tem ouvidos, que ouça!
Cesarius Gestão de Pessoas, investimento permanente no desenvolvimento do ser humano!
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