Os arautos da Região da Primaz

Em abril desse ano, tive a grata oportunidade de participar do Festival de História fHist, em Mariana, no ICHS. Evento de altíssimo nível que merece ser destacado. Na ocasião fui brindado com um exemplar do livro “Histórias para não esquecer”, uma coletânea biográfica de mineiros que se destacaram durante os 200 anos da independência do Brasil, organizada pelo Jornalista e Historiador mineiro Américo Antunes. O grande número de ouropretanos e marianenses presentes na coletânea me chamou tanto a atenção que resolvi destacá-los com um breve comentário, dando um enfoque valorizante às nossas “pratas da casa”, afinal precisamos investir de fato e de direito na valorização dos nossos tesouros culturais, aspecto que ainda temos muito a desenvolver.

Entre as grandes figuras naturais de Ouro Preto, o livro destaca o nosso exímio escultor Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738-1814), o Inconfidente Engenheiro Álvares Maciel (1760-1804), o Advogado, Jurista, Deputado, Senador e Ministro Bernardo Pereira de Vasconcelos (1795-1850), um dos mais influentes e controversos políticos do império, Bernardo Guimarães (1825-1884), escritor e autor de diversos clássicos como “A Escrava Isaura” e “O Seminarista”, Afonso Celso de Assis Figueiredo, o Visconde de Ouro Preto (1836-1912), o último Primeiro-Ministro do Império e o nosso grande poeta Alphonsus de Guimarães (1870-1921), que viveu boa parte de sua vida em Mariana, residindo na Rua Direita, onde hoje temos funcionando o Museu Casa Alphonsus de Guimaraens. Tivemos ainda proveniente de Ouro Preto, a Poetiza, Educadora e Musicista Beatriz Brandão (1872-1937), o Deputado Federal e primeiro presidente da Confederação Nacional da Indústria – CNI Euvaldo Lodi (1897-1956), Chiquinho Bomba Atômica (1906-1990), Engenheiro, pacifista ferrenho e fundador do Instituto de Ciências Exatas da UFMG, o professor, escritor e tradutor Arthur Versiani Vellôso (1906-1986), fundador da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Minas Gerais, hoje FAFICH, ligada à UFMG. Seguindo a linha, tivemos o Engenheiro desenvolvimentista Amaro Lanari (1913-1999), responsável pela criação da Usiminas e, finalmente, o Teólogo Henrique Cláudio de Lima Vaz, o Padre Vaz (1921-2002), escritor de vários livros e com forte influência na militância política cristã nos anos 60.

Depois de navegar por mares profundos conhecendo esse time de peso, meu radar pairou pelas terras marianenses e, da mesma forma, encontrei outras grandes figuras da nossa história.

Começamos com o grande poeta Inconfidente Cláudio Manoel da Cosa (1729-1789) e seguimos com Dona Joaquina de Pompéu (1752-1824), a Sinhá Braba”, influente matriarca do período colonial, detentora de grandes riquezas e dona de inúmeras fazendas, o Religioso, Poeta e Orador Frei José de Santa Rita Durão (1722-17894), autor do poema épico “Caramuru”, o Pintor Mestre Ataíde, (1762-1830), com suas belíssimas obras espalhadas pelas igrejas do circuito do ouro e cuja casa hoje belissimamente conservada é de propriedade do meu vizinho Dino Garu, o Jornalista e Historiador Diogo de Vasconcelos (1843-1927), fundador do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais – IHGMG. Evidentemente, não poderia deixar de ser citada Olympia Angélica de Almeida Cotta, (1889-1976), a nossa tão famosa e icônica Sinhá Olympia, que impressionava a todos com suas andanças, causos e poesias pelas ruas de Ouro Preto, chegando a tornar-se capa da Revista Time e, finalmente, com Pedro Aleixo (1901-1975), Vice-Presidente da República no Governo do Marechal Arthur da Costa e Silva. Vale ressaltar que, à época da decretação do Ato Institucional Número 5 – o AI 5, ele foi o único a se manifestar formalmente contra o Decreto.

É realmente confortante saber que uma lista tão extensa de grandes nomes que fizeram nossa história, viveu por aqui consolidando nosso protagonismo na primazia da construção do nosso País. Creio que muitos outros poderiam ainda serem citados, mas o mais importante é consideramos que a história continua.

A propósito, nos dias de hoje, podemos destacar o belíssimo trabalho que vem sendo conduzido à frente da Academia Marianense de Letras pelo casal de escritores José Benedito Donadon Leal e Andreia Donadon Leal, com o destaque para a criação do Movimento Aldravista de Literatura e Arte, já reconhecido internacionalmente. Na mesma linha, não podemos deixar de ressaltar o privilégio de convivermos com a nossa também icônica e querida Mestra Dona Hebe Rola, que tanto contribuiu para a formação de inúmeros e dignos representantes da nossa sociedade e para o desenvolvimento cultural do Município.

Com certeza, inspirados por tantos grandes feitos aqui por essas terras, muitos outros grandes nomes já surgiram, estão surgindo e ainda surgirão. E a história continua…

Que nossos talentos culturais sejam sempre lembrados, incentivados e reconhecidos tendo como diretriz o Artigo 215 da nossa Constituição Federal, independentemente dos políticos de plantão!

Quem tem ouvidos, que ouça!   

Cesarius Gestão de Pessoas, investimento permanente no desenvolvimento do ser humano!